Após nosso pequeno agarramento na cozinha, Luca me levou até a sala outra vez. Já passava das 17h quando meu celular começou a tocar. Fitei a tela luminosa do aparelho e respirei fundo. Afastei-me um pouco de todos e atendi.
— Oi, Pai.
— Susana, onde você está?!
Hesitei, mas decidi não mentir para ele.
— Com Luca e uns amigos.
Ele limpou a garganta.
— Onde você passou a noite?
— Pai, eu não vou mentir, eu...
— Não precisa dizer mais nada... — Sr. Albuquerque bufou, furioso. — Venha para casa... agora.
— Mas...
— Susana Albuquerque, não me faça ir buscá-la.
Desligou. Olhei para Luca.
— Tenho que ir embora... — Avisei-o.
— Vou levá-la para casa.
— Tudo bem.
Despedi-me de todos com um abraço, mas demorei-me um pouco mais nos braços de Enrique. Na verdade, eu não queria me desgrudar dele, mas era preciso, ou Pedro Albuquerque daria um jeito de encontrar a casa de Luca e me tirar de lá aos gritos. Luca me levou para casa e quando toquei a campainha, meu pai apenas abriu a porta e encarou nossa mãos unidas.
— Entre.
— Pai...
— Nem uma palavra. Entre, agora!
— Susana, por favor, entre. — Luca me encarou e apontou minha casa com a cabeça.
Olhei feio para ele.
— E você, rapaz, quero que fique a um quilômetro de distância da minha filha. Você me entendeu?
— Sinto muito, Sr. Albuquerque, mas isso não será possível. — Luca afirmou, com a voz firme o bastante para meu pai nem sequer tentar se opor.
O anjo deu meia-volta e foi embora. Meu pai apenas encarou sua silhueta enquanto ele caminhava rumo à sua casa novamente, em seguida, fechou a porta e me encarou, irritado.
— Conversarei com você amanhã, agora vou arrumar minha mochila e sair.
— Sair?
— Carine está doente, tenho que cuidar dela, então, se puder faltar às aulas amanhã, eu agradeceria, senão terei que pedir à babá que cuide de Heloíse.
— Ah, coitada... está doente e o senhor vai lá ajudá-la. Que lindo.
— Susana, não estou com paciência no momento. — Seu olhar se dirigiu a mim com ferocidade. — E se Heloíse me disser que aquele rapaz veio aqui, juro que nos mudamos no próximo fim de semana. Não estou brincando, filha.
— Eu já tenho dezoito anos, não sou uma criança, pai!
Ele me fitou com descrença.
— Você mal o conhece e já... — Ergueu as mãos, impaciente. — Não quero pensar nisso agora.
— Se eu fosse um filho homem não era isso que eu estaria ouvindo agora, não é? — Acusei-o. — Seria algo como "Parabéns, filhão!". — Debochei. — Ou então, "Finalmente, não é?".
— Susana, quer parar? Você está errada e ponto final.
Assenti e respirei fundo, tentando me conter, afinal ele não sabia que eu conhecia Luca há muito mais tempo, e não entenderia se eu lhe contasse.
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Abra os olhos, Anjo (livro 2)
Fantasía***ATENÇÃO***: NÃO LEIA ESTA SINOPSE CASO AINDA NÃO TENHA LIDO O PRIMEIRO LIVRO, POIS ELA CONTÉM SPOILER DO MESMO. O TÍTULO DO PRIMEIRO LIVRO É "FECHE OS OLHOS, ANJO".............. Luca cessa sua caçada aos nefilins após a morte de Susana e tenta...