4 - Safiras familiares

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Despertei e sentei-me rapidamente, eu respirava ofegante. Passei a mão por entre meus cachos, e acendi a luz do abajur ao meu lado.

O que foi isso?!

Olhei para baixo e vi Juliana, ela dormia tranquilamente.

— Quem é você realmente, Luca? — Perguntei-me, encarando o nada.

Peguei meu celular que estava sobre o criado-mudo, meus olhos arderam um pouco por causa da luz, mas consegui ver que já passava um pouco das cinco. Levantei-me e fui até o banheiro, olhei-me no espelho, estava com olheiras horríveis. Decidi tomar um banho, despi-me de forma rápida e entrei debaixo do chuveiro, a água estava bem quente, o que era bom, já que o dia amanhecera frio, não que eu não gostasse do frio, eu o amava, na verdade. Enquanto a água caía suavemente sobre meu corpo, fechei os olhos e me permiti lembrar do sonho que acabara de ter...

"Porque... eu sempre estarei com você." Luca dissera.

O que ele quis dizer com isso?

Pus um pouco de sabonete líquido em minha mão e comecei a me ensaboar.

Aliás, aquilo foi um sonho. Você está pensando demais naquele cara, pare de ser louca, Susana! Ah... Preciso esfriar a cabeça...

Após o banho, voltei ao meu quarto e peguei uma lingerie confortável, um suéter preto e um jeans escuro em meu guarda-roupa, depois, procurei por algum tênis velho em minha sapateira, vesti-me rapidamente. Alguns minutos se passaram, e enquanto eu arrumava meu cabelo num rabo-de-cavalo, o alarme do meu celular começou a tocar. Juliana murmurou algo como "só mais um minuto" e eu comecei a rir baixinho. Desliguei o alarme rapidamente. Ela se sentou e estreitou os olhos para mim.

— Já está arrumada? Que horas são?

Encarei-a.

— Seis... acordei um pouco mais cedo.

— Cedo? Um minuto antes das seis ainda é madrugada, meu amor!

Sorri e Juliana me observou.

— Vai para aula assim? Quer dizer, não está feio, só está meio... dark. — Comentou ela, observando minhas vestimentas escuras.

— Não vou à escola.

— Seu pai sabe disso? — Perguntou enquanto se levantava.

— Não, e nem vai saber. — Respondi, firmemente.

— Posso saber o motivo dessa rebeldia? Onde vai? — Juliana colocou as mãos na cintura.

— Dar uma volta, ir à padaria, sei lá.

— Por que isso? Você está aprontando alguma coisa!

Olhei-a e respirei fundo.

— Não estou, sério... Só não quero ir à escola, simples assim.

Só não quero ver Luca. Ou quero... Ou os dois... Ah, droga!

— Okay, então mataremos aula juntas.

— Não precisa fazer isso, posso ficar bem sozinha o dia todo na rua.

— Quem disse que é por sua causa? — Fitou-me com descrença e sorriu. — Brincadeira, eu só não gosto de ficar sem você...

— Que meigo... — Comentei com certa ironia. — Certo, vista algo!

— Sim, senhora!

Estreitei os olhos para ela.

Abra os olhos, Anjo (livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora