26 - Declaração

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Observei a silhueta de Luca ficar cada vez mais distante no céu. Eu estava arrasada, é verdade, mas deveria me manter firme, pois precisava cuidar de Hector. Virei-me para trás, ele estava caído no chão, agachei-me ao seu lado e toquei seu rosto com muito cuidado.

— Hector... pode me ouvir?

— Su... — Ele sussurrou. — Obrigado.

— Não me olhe assim, eu não fiz isso por você.

Então, ele desmaiou. Jack, Max, Luma e Ana vieram de encontro a mim na arena. Max pegou Hector e começou a levá-lo para fora do campo, deixamos todos completamente insatisfeitos ao sairmos dali sem maiores explicações.

— Foi muito corajosa, Susana, Luca estava... fora de si, ele poderia... — Luma começou.

— Luca nunca me machucaria. — Afirmei, apenas, odiando seu comentário.

Fomos até o carro de Max sem nos importarmos com os olhares de todos sobre nós, olhares de medo e curiosidade. Ana e Luma disseram que iriam embora com Jack, então o nefilim colocou Hector deitado no banco de trás, com a cabeça apoiada em meu colo. Despedi-me dos três e Max deu partida.

— Fez bem em interromper a luta, Ruivinha.

— Eu não podia permitir que Luca o matasse.

— Eu entendo... Vou levá-la até a casa que Enrique alugou, Hector e ele são bons amigos.

— Tudo bem... — Abaixei a cabeça e lágrimas caíram por meu rosto.

Max respirou fundo.

— Está com medo, não é?

Olhei seus olhos cinzas pelo retrovisor.

— Sim... Max, tenho medo de que estejam certos, de que ele seja...

— Como Devon? — Assenti com a cabeça. — Não, mas Devon o transformou num ser maligno, não há como negar que há algo ruim nele. Mas você pode curá-lo, Susana.

— Como, Max? Morrer por ele já não foi o bastante?

— Luca é meu melhor amigo, eu sei um pouco do que se passa naquela cabeça... No fundo, ele tem medo de perdê-la.

— Eu já disse a ele que nunca irei com Hector para o Inferno.

— Por livre e espontânea vontade, não. Mas Hector pode sequestrá-la, quem sabe? — Ele ergueu as sobrancelhas.

— Vocês não o conhecem... — Murmurei, encarando o rosto sujo do demônio em meu colo.

Max não respondeu, apenas continuou o trajeto. Permanecemos em silêncio o tempo todo. E então, chegamos a uma pequena casa no centro da cidade. Ela era simples, mas bonita. Pintada por uma tinta bem clara, cujas janelas e portas eram marrons. Eu desci e toquei a campainha. Enrique abriu a porta e abraçou-me.

— Ana me ligou e avisou que estavam vindo para cá.

Max já estava com Hector no colo e o levou para dentro da casa.

— Obrigada, Enrique.

Meu irmão fechou a porta e guiou Max até o banheiro, ajudando-o a colocar Hector na banheira simples do cômodo. Assim que o colocaram, suspirei, aliviada por ter a esperança de que ele ficaria bem. Max se despediu de nós e foi embora, dizendo que eu poderia ligar caso precisasse de algo. Enrique retornou ao banheiro.

— Bem, sei que você está compromissada, mas... eu não quero ter de dar um banho nele, sabe... — Deu de ombros. — Vou preparar uma sopa.

— Tudo bem, eu me viro.

Abra os olhos, Anjo (livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora