31 - Ele voltou

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Renascidos, vim avisar que estamos em reta final! :(

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Depois de nosso maravilhoso café da manhã, eu já não fazia questão de combater contra Jacó. Sua loucura era perceptível até mesmo para um cego, mas o que me fazia questionar sua maldade, era o fato de eu conseguir ver o mesmo garoto de antes em seus olhos. Às vezes, eu podia jurar que ele não se agradava por estar fazendo tudo aquilo. Estávamos no quarto outra vez, eu penteava meu cabelo com um pente de madeira e ele lia um livro, alegou que passaria aquele dia comigo e que tudo seria do jeito que eu sempre havia sonhado. Virei-me para ele.

— Jacó?

— Sim, minha querida? — Disse-me, sem tirar os olhos do livro.

— Você está bem?

— Agora que está aqui, sim.

Respirei fundo, sem saber realmente como prosseguir.

— Internamente? Quer dizer, é que... — hesitei — não parece você.

Ele ergueu o rosto e seus olhos me encararam, e havia algo neles. Não era bom, mas também não era ruim, como se buscasse alguma coisa... como se pedisse ajuda.

— É ele, Susana.

Subitamente, ele começou a chorar e aproximou-me de mim. Afastei-me mais que depressa, e levantei-me da cama.

— Quem? Quem está fazendo isso com você? — Encarei-o, confusa, até que um pensamento terrível passou pela minha mente. — Devon... — O som desse nome praticamente nem saiu da minha boca, como se o fato de pronunciá-lo em voz alta pudesse levá-lo até ali.

Jacó abaixou a cabeça e fechou os olhos, assim permaneceu por algum tempo, e então tornou a encarar-me, seus olhos estavam completamente escuros novamente.

— Como é esperta, Srta. Bontempo. — Era a voz de Jacó, mas naquele momento eu percebi, não era ele quem falava.

Era Devon.

— Eu não tenho medo de você. — Afirmei, porém, minha voz soou mais trêmula do que eu pretendia, denunciando a mentira.

Jacó -Devon- se levantou e caminhou calmamente até mim, como um verdadeiro felino, com extrema precisão e elegância, parou à minha frente e tocou meu rosto com delicadeza, o que me causou calafrios.

— Por que teria? Você me derrotou...

— Achei que estivesse morto, por que não está morto?! — Meu coração estava disparado.

— Sabia que sempre admirei seu atrevimento? Mas às vezes, ele é realmente capaz de me aborrecer. Escute seu coração, ouça seu medo... — Fechou os olhos, e tocou meu pescoço, então o arranhou até o meio dos meus seios, fazendo minha pele arder levemente. — Eu não posso ir para o Paraíso, porque sou... mau. — Sorriu. — Tampouco posso retornar ao Inferno, eles não me querem lá. — Arqueou uma das sobrancelhas escuras. — Entretanto, minha alma não foi destruída, vocês não pensaram nisso, não é mesmo? Pois bem, estou preso no mundo que criei para seu pai.

— Onde Lúcifer ficou trancafiado até eu matá-lo...

— Exatamente. E só poderei ser libertado quando minha querida assassina for destruída...

— Se conseguir sair, não terá para onde ir. — Lembrei-o, uma vez que não o queriam em nenhum dos dois reinos.

— Ingenuidade não combina com você, Srta. Bontempo. — Respirou fundo. — Vamos, seja a garota esperta que eu sei que é, e raciocine mais um pouco.

Abra os olhos, Anjo (livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora