12 - Existem outras lagartixas

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Luca desceu do carro antes de mim, depois me alcançou do outro lado assim que pus meus pés no chão, passamos lado a lado pelo portão. Eu já podia ouvir o som de risadas, fiquei nervosa, então o deixei entrar primeiro. Assim que entrei em sua sala, deparei-me com um casal de namorados que mais pareciam irmãos, pois ambos eram bem branquinhos e possuíam cabelos escuros e lisos, a moça -que estava sentada no colo do rapaz- era pequena e estava com os pés descalços, ele, era alto e dono de belos olhos cor de mel. Em seguida, avistei Max e uma garota ao seu lado, no mesmo instante me surpreendi com esta, pois seu cabelo cacheado era repleto de mechas brancas e rosas, as quais destacavam-se por sua pele ser escura, seus olhos eram pequenos e âmbar, muito bonitos, diga-se de passagem. Eles pareceram surpresos com minha presença. Ou devo dizer... Espantados? Pois me olhavam como se eu não estivesse realmente ali.

— Esses são Jack e Ana. — Luca apontou o casal. — Jack é o meu irmão.

— Oi, é um prazer conhecê-los...

— Olá... — Jack me cumprimentou, ainda me encarando de uma forma... estranha.

Ana se levantou, os babados de seu vestido preto estavam um pouco amassado, e seu cabelo era longo e brilhante.

— Será que... eu posso te dar um abraço?

Fiquei surpresa com a pergunta, mas não poderia negar, claro. Estendi os braços, e apesar da pequena estatura, Ana me abraçou fortemente, e por alguma razão, foi impossível não retribuir o aperto acolhedor de seus braços. Depois do gesto terno, virei-me para Max e a garota morena.

— Oi, Max... e você deve ser a Luma.

— E aí, Ruivinha... — Max me cumprimentou, acompanhado por um aceno de cabeça.

— Olá, querida... ganho um abraço também? — Luma arqueou uma das sobrancelhas, sorrindo.

— Claro...

Abracei-a do mesmo modo. Mas então, ouvi um soluço, e quando me virei, notei que era Ana quem chorava. Jack a abraçou e beijou-lhe a testa.

— O que aconteceu? — Não consegui conter as palavras.

— Ela perdeu uma amiga há alguns dias... — Respondeu-me Luca.

— Ah... meus pêsames.

— Obrigada — Ana sorriu para mim de forma tímida, seus olhos brilhavam.

— Onde está... como é mesmo o nome dele? — Indaguei, procurando pelo amigo de Luca que estava numa cidade próxima a São Gabriel.

— Enrique. — Soou uma voz atrás de mim.

Mas não era a voz de Luca, Max ou Jack. Era uma voz calma, porém, firme... Aliás, notei que houve um leve tremor em seu timbre quando ele pronunciou seu próprio nome. Virei-me sem pressa e o vi. O rapaz era alto, sua pele era um pêssego rosado, como a minha, o cabelo castanho ondulado dava-lhe um ar juvenil, e o brilho dos olhos verdes foi o mais luminoso que eu havia visto naquela semana.

— Oi... Enrique.

— Oi. — Disse ele, apenas.

Estranhamente, notei lágrimas paralisadas em seus olhos.

— A amiga de Ana era irmã de Enrique... — Luca me explicou, provavelmente notando que Enrique estava prestes a chorar também.

— Sinto muito. — Disse eu enquanto tocava o antebraço de Enrique, pois senti um desejo quase incontrolável de lhe transmitir algum conforto.

— Tudo bem... ela não pode estar tão longe de mim assim.

— Não, aposto que ela sempre estará com você. — Sorri.

Abra os olhos, Anjo (livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora