23 - O passeio

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Senti algo gelado em meu nariz. Quando abri os olhos, dei de cara com Scarlett. Heloíse caiu na gargalhada e foi impossível não rir junto.

— Sua pestinha...

Notei que eu estava com shorts e camiseta novamente. Como Luca havia conseguido me vestir sem me acordar?!

ؙ— Ela lambeu você! — Disse Ise.

— Eu senti...

Agarrei-a e comecei a lhe fazer cócegas.

— Para, para! — Ela gritava em meio aos risos.

Scarlett começou a puxar seu cabelo. Tive de soltá-la.

— Scarlett... — Peguei-a no colo. — Já vou fazer nosso café, Ise. — Avisei, levantando-me, então coloquei Scarlett no chão.

— Hum... mas eu já tomei café.

Virei-me para ela, seus olhos grandes e verdes me encaravam, confusos.

— Como assim? Você mexeu no fogão, Heloíse?

— Não, Su... seu namorado. — Revirou os olhos.

— Essa não...

Fui rapidamente ao banheiro, e arrumei meu cabelo -mais ou menos. Encarei o espelho. Ise contaria ao meu pai e eu estaria ferrada, muito ferrada! Fui até a cozinha, onde encontrei Luca preparando um suco de laranja em dois copos.

— Bom dia. — Ele me saudou, encarando-me com um sorriso.

— Luca, você não tem ideia do que fez..

Heloíse entrou na cozinha, olhou para mim, em seguida para ele.

— Que foi, Suuu...? — Indagou ela. — Seu namorado é legal. Ele me deu chocolate...

Encarei-o, boquiaberta.

— Que é? — Luca deu de ombros. — Não posso dar chocolate a ela?

— E o que ele pediu em troca, Ise? — Sentei-me numa das cadeiras.

— Disse pra eu não contar pro papai que ele veio aqui.

— Luca, você sabe que chantagem com criança quase nunca dá certo. Uma hora ela vai dizer, mesmo que sem querer.

— Relaxa, Su, ela é uma garota esperta.

Os dois fizeram um toque de mãos, como se fossem amigos há anos.

Eu mereço.

Tomei meu café da manhã relutante quanto a ideia de Heloíse ter conhecimento da ida de Luca até minha casa. Se papai descobrisse, eu me mudaria em poucos dias, a não ser que Luca tivesse a brilhante ideia de me sequestrar. O que acarretaria em muitos outros problemas. Mas eu não duvidava de que ele fosse realmente capaz de cometer essa loucura.

— Vamos sair hoje à noite. — Sussurrou Luca em meu ouvido.

— Vamos?

— Sim.

Ise desenhava alegremente enquanto Luca e eu permanecíamos abraçados no sofá. Ela não falava nada, nem sequer olhava para nós, apenas se entretinha com alguns lápis e um pequeno caderno de desenho.

— Onde vamos?

— Surpresa.

— Meu pai não me deixará sair, esqueceu?

— À meia-noite seu pai já estará dormindo, não? — Piscou. — Tenho que ir agora, preciso resolver umas coisas.

Fiquei tentada a perguntar "Que coisas?". Mas desisti, afinal, Luca tinha seus próprios problemas, assim como eu tinha os meus.

Abra os olhos, Anjo (livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora