8 - Sentimentos

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Enquanto Luca me carregava em direção a... bem, eu não sabia para onde estávamos indo, mas não parecia ser importante, na verdade, pois tudo o que eu queria era continuar sentindo seu perfume de hortelã. Alguns minutos depois, finalmente convencida de que eu não estaria ali se ele não tivesse aparecido, falei baixinho:

— Obrigada.

Notei que ele sorriu por um breve momento, então, respirou fundo e olhou para mim, mas não disse nada, apenas assentiu de leve com a cabeça. Ele me carregou por bastante tempo, tanto que eu podia jurar ser impossível para um rapaz do porte dele, mas decidi não dizer nada, afinal, ele havia me salvado, tudo o que eu podia fazer era agradecer-lhe ficando com a minha boca fechada. Quando chegamos em frente a uma casa branca, cujas janelas eram amplas e de madeira, ele me pôs no chão com muito cuidado, e segurou em meu braço.

— Consegue andar? — Perguntou-me.

Seus olhos me encaravam com preocupação.

— Sim... — Respondi.

Esperei que ele abrisse o portão de ferro enferrujado que guardava a casa e entrei no terreno logo depois dele.

— Por que não me levou para minha casa? — Indaguei, entrando em sua sala.

— Você não queria ficar lá.

— Como sabe? — Arqueei levemente as sobrancelhas.

— Deduzi. Afinal, você estava voltando para a festa.

— Que esperto... — Comentei, caminhando até o sofá.

— Você está mancando.

— Acha que eu não sei?

Luca me encarou com descrença.

— Vai mesmo falar o tempo todo assim comigo?

— Desculpa — Pedi, baixando o olhar.

— Vou levá-la lá para cima, para fazer um curativo em seu corte.

— Não podemos ficar aqui, no sofá?

— Minha cama é mais confortável... — Eu o encarei. — Para você. — Acrescentou, e tentou esconder um sorriso.

Assenti. Ele foi até mim e pegou-me no colo novamente, então começou a subir a escada estreita que nos levaria ao quarto dele. Quando Luca abriu a porta, estreitei os olhos, não acreditando no que via.

— É um sótão? — Indaguei.

— Sim.

Havia uma cama de casal com lençóis brancos e amarrotados, uma escrivaninha pequena e uma cômoda. Ele me colocou sobre a cama e foi até uma das paredes, tirou uma cartolina que estava colada a esta e a enrolou. O que poderia ser aquilo?

— Obrigada... de novo.

— Não precisa agradecer... Já volto.

Luca começou a descer a escada novamente. Deitei-me na cama, e notei que no teto do quarto havia algo parecido com um alçapão de madeira. Fiquei um tempo encarando aquilo.

— Será que dá para ver o céu?

— Pode erguer um pouco a camiseta?

Luca entrou no quarto carregando uma bacia branca nas mãos e uma toalha preta apoiada sobre seu braço, além de minha mochila nas costas. Ele se sentou na cama ao meu lado. Eu ergui a camiseta e vi o corte, como havia previsto, já não era muito mais do que um arranhão fundo.

— O que foi? — Perguntei ao ver Luca encarar o machucado.

— Ele cortou você, não devia parecer apenas um...

Abra os olhos, Anjo (livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora