28 - Disputa acirrada

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Narrado por Luca



Perdido.

Era assim que eu me sentia enquanto encarava o teto de madeira do meu quarto. O que eu estava fazendo? Eu estava sendo um grande idiota! Como pude ficar sem tocá-la por uma semana por causa de um ciúme imbecil? Como pude me afastar assim? Susana devia estar chateada comigo, e por quê? Porque eu era um grande babaca. Ciúmes? Para quê? Susana me amava, Hector não era nada. Ela só o protegeu para que eu não me tornasse o que eu era antigamente. Decidi consertar as coisas o mais rápido possível, mas não deveria começar por ela, mas sim, por aquele demônio maldito. Levantei-me, e como eu estava apenas com um jeans escuro, tratei logo de vestir uma blusa de manga comprida qualquer e um tênis. Lembrei-me de que Enrique e Hector eram bons colegas -o que não me agradava nem um pouco-, então pensei que ele poderia estar hospedado em sua casa, ou melhor, na casa que alugara. Por sorte, eu sabia o endereço.

— Vamos lá, Luca. Vamos consertar o que você aprontou...

Era uma noite fria de domingo, e por volta das 21h eu já havia chegado à casa de Enrique. O irmão de Susana era um bom amigo, mas eu não era capaz de confiar completamente nele, sabendo que o mesmo nutria um certo receio com relação a mim, seus olhos eram sempre gentis, mas nada me tirava a sensação de que ele nunca gostara em mim realmente, talvez devido à morte de Susana ter sido por minha causa, eu não podia esperar que ele me perdoasse, eu mesmo levei um tempo muito longo para enfim aceitar o que aconteceu. Toquei a campainha e esperei. Nada. Toquei outra vez, e dessa vez, alguém atendeu. Mas não era Enrique.

— Enrique não está. — Hector me informou, com humor nos olhos azuis.

— É com você que vim falar.

— Espero que tenha vindo para se desculpar.

— Não me faça rir, Hector.

Hector sorriu.

— Gostaria de agradecer por emprestar sua namorada, ela me deu um ótimo banho naquela noite.

Foi impensado, no instante em que o demônio terminou de falar, ele já havia voado para o outro lado da sala, e bateu fortemente contra a parede, o que o fez derrubar alguns quadros, e depois foi ao chão. Então, ele começou a rir.

— Não faça eu me arrepender por não ter acabado com você na arena. — Ameacei-o, embora estivesse louco para terminar o que havia começado.

— O que veio fazer aqui? — Indagou, levantando-se.

— Vim lhe fazer uma proposta. — Respondi, sem rodeios.

Ele tombou levemente a cabeça para o lado e franziu o cenho.

— Interessante... está disposto a dividir meu Leãozinho? — Sorriu outra vez. — Desculpe, mas não gosto de dividir.

— É melhor você calar essa boca.

Hector ergueu as mãos, em sinal de redenção.

— Continue...

Respirei fundo, estava quase chegando ao meu limite, se aquele cretino dissesse mais alguma coisa sobre ela, eu o mataria na mesma hora.

— Quero que você se afaste de Susana, caso isso não aconteça, não medirei esforços para acabar com você. — Afirmei, fuzilando-o com o olhar. — E dessa vez, ela não estará por perto para salvá-lo, Hector.

— Por que não me quer por perto, Luca? Acha que ela o deixaria por mim? — Seus olhos sorriam, irônicos.

Hector estava me testando, queria saber o quanto eu confiava no amor de Susana, mas eu não cairia em seu jogo.

Abra os olhos, Anjo (livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora