10 - Que tal um beijo?

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— O que você quer? — Repeti a pergunta, ansiosa.

Ele sorriu com os olhos, depois passou as mãos pela calça. Parecia nervoso, estava hesitando falar.

— Passe o dia comigo. — Pediu.

Sério?

— Sério?

— Sim, você estava mal ontem, então, quem sabe não consiga... sei lá, esfriar a cabeça?

Hesitei. O que ele poderia estar querendo?

— Está bem! — Respondi, na esperança de que, com um dia todo, ele finalmente me beijasse alguma vez.

Luca deu um sorriso largo e lindo, em seguida, encarou-me com as sobrancelhas franzidas.

— Você tem um senso de moda bem diferente. — Comentou.

No mesmo instante, entendi o porquê dele dizer aquilo. Tirei a toalha que estava enrolada em meu cabelo, deixando meus cachos caírem por sobre os ombros e costas.

— Melhor? — Encarei-o com uma das sobrancelhas erguidas, observando-o engolir em seco.

— Você é muito bonita.

Tive certeza de que corei na mesma hora, mas não desviei o olhar do seu.

— Hum... então, o que vamos fazer?

— Almoçaremos, depois... podemos dar um passeio, se quiser, claro.

— Quero, sim.

Luca assentiu. Coloquei Scarlett dentro da caixa novamente, ela logo se encolheu num canto e adormeceu. Fui até o banheiro para pendurar sua toalha à parede, e olhei-me no espelho, meu cabelo não estava tão ruim quanto eu imaginava, então, eu apenas o modelei com os dedos. Quando retornei à sala, Luca não estava mais lá, fui até a cozinha e o encontrei cortando tomates.

— O que você quer comer? — Perguntou.

— O quê? Não... faça o que quiser...

— Certo...

— O que posso fazer? — Indaguei, prestativa.

— Sentar e olhar.

Ergui as mãos em redenção.

— Nossa, tá legal...

Puxei uma cadeira e sentei-me. Fiquei observando Luca preparar nosso almoço. Ele terminou de cortar os tomates e os deixou sobre a tábua, buscou uma panela e um pacote de macarrão nos armários. Não me olhou nem sequer uma vez, o que me deixou um pouco chateada. Talvez fosse pura imaginação minha, mas eu estava começando a achar que ele gostava de mim.

— Como está o corte? — Perguntou, tirando-me do transe.

— Corte? — Franzi o cenho, então me lembrei. — Ah, sim, está... — Curado. — Está melhor... melhor, tipo... curado.

Eu realmente não sei o motivo pelo qual contei a verdade a ele. Luca parou o que fazia e encarou-me.

— Mesmo? — Indagou quase num sussurro.

Confie nele, Su, confie nele...

Levantei-me e ergui um pouco a camiseta, revelando uma cintura livre de qualquer corte que pudesse tê-la deixado dolorida na noite anterior. Luca observou com atenção a clara cicatriz que havia ali.

— Sei que parece estranho, mas... isso sempre acontece comigo. — Acabei dizendo, sem saber o porquê. — Bem, e com Juliana também. É como se fôssemos... imortais.

Abra os olhos, Anjo (livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora