5 - Descobertas

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Assim que perdi Hector de vista, Juliana tocou meu ombro.

— Tudo bem? — Perguntou ela.

Encarei-a.

—Não! — Exclamei. — Por que não me disse que ganhou um cachorro desses? Caramba!

— Anjo estava na chácara do papai, tenho-a desde que era filhote... Se você fosse passear comigo no lá quando peço, já a teria conhecido.

— Agora a culpa é minha?

— Sim, claro.

Juliana sorriu. Eu apenas revirei os olhos.

— Vamos embora. — Pedi.

— Por quê?

— Quero ir para casa, não estou muito bem...

— O que vamos dizer ao seu pai?

— A verdade... bem, pelo menos uma parte dela. Diga a ele que resolvemos ir à padaria antes da escola, então, fale que eu comi alguma coisa que não me fez muito bem... E que você — olhei para ela — você... — enfatizei — achou melhor eu não ir à aula hoje.

— Tá, faremos do seu jeito. Na verdade, acho bom irmos para sua casa.

— Por quê? — Indaguei. — Ah, pega minha mochila perto da sua cachorrinha, por favor. — Apontei minha bolsa do outro lado do portão.

Juliana entrou em seu quintal outra vez, pegou minha mochila e jogou a blusa que havia pego para mim por uma das janelas. Começamos a caminhar de volta para minha casa.

— Por que é bom voltarmos? — Questionei-a outra vez.

— Preciso contar uma coisa muito importante. Sei o quanto é curiosa, mas nem adianta pedir para eu contar agora! — Ela sorriu.

— Realmente, eu ia pedir... vamos logo.

Caminhamos, ou melhor, corremos até minha casa o mais rápido que conseguimos. Ao chegarmos, Juliana contou ao meu pai o que tinha acontecido, ele não acreditou a princípio, mas depois aceitou o que ela disse. Fui até meu quarto e coloquei outra camiseta, quando voltei, vi meu pai com sua mochila nas costas, pronto para mais um dia de trabalho.

— Bem, já que vai ficar aqui pela manhã, vou ligar para a babá e dizer que não precisa vir. — Informou-me, foi até mim e beijou minha testa. — Se começar a passar muito mal, ligue... está bem? — Seus olhos demonstravam preocupação.

— Pode deixar, pai. — Respondi e olhei para o chão, temendo que ele visse a mentira estampada em meus olhos.

Assim que Pedro saiu pela porta da sala, olhei para Juliana, ela conversava com Heloíse.

— Su, ela é muito esperta. — Comentou minha amiga.

— E eu não sei disso? — Brinquei. — Ise, por que não pega seus desenhos para Juliana dar uma olhada?

— Tá bom!

Heloíse correu até seu quarto, Juliana e eu nos sentamos no sofá.

— Então, o que você queria me dizer? — Exigi saber, fazendo-a respirar fundo e se ajeitar no sofá, a todo momento encarando o nada. — Okay, já vi que é algo muito sério...

— Sim, Susana, e realmente espero que me perdoe por não contar antes. Eu devia ter contado desde que começamos nossa amizade.

— Uau, então é tipo... algo de... anos?

Juliana assentiu com a cabeça. Com certeza eu não a culparia, pois também escondia coisas dela, coisas que eu simplesmente havia tentado ocultar durante toda a minha vida, e não somente dela, mas de todo mundo.

Abra os olhos, Anjo (livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora