20 - Família

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Despertei com a fragrância inconfundível de lírio. Quando abri os olhos, notei que havia uma flor branca pousada ao meu lado na cama. Sentei-me e a peguei, tinha pétalas largas repletas de pintinhas na cor vinho. Seu perfume era tão intenso que, só por um segundo, eu pude jurar que havia saído de algum sonho de Luca, não de alguma floricultura.

Floricultura...

Lembrei-me da Flores de Monteiro. O que será que havia sido feito do estabelecimento? Jack ainda o tinha?

Jack... meu melhor amigo.

Como eu queria abraçá-lo naquele momento. Então, o rosto de alguém ainda mais importante inundou minha mente: Enrique. Meus olhos encheram-se de lágrimas, estas de saudade e amor, eu precisava desesperadamente lhe dar um abraço.

E Lúcia...

— Que saudade... é como se eu não os visse há anos... — Murmurei para mim mesma.

— Quem? — Ouvi a voz de Luca.

Virei-me para a porta, ele estava encostado no batente de madeira, usava apenas uma calça preta de moletom.

— Todos... Enrique, Jack... todos eles.

— Eles também sentem sua falta.

— É estranho... — Enfiei meus dedos entre os cachos. — É como se eu tivesse duas infâncias... E elas ficam se chocando, misturando-se, fico tão confusa.

— Imagino que seja difícil. — Comentou ele, sentando-se na cama ao meu lado, então pegou minha mão. — Dormiu bem? — Indagou, com um sorriso maravilhosamente tentador preenchendo os lábios.

— Melhor impossível... Você é um ótimo travesseiro.

— Considerarei isso um elogio.

Então, aproximei-me dele e o beijei suavemente, depois recostei minha testa na sua, sentindo sua respiração misturar-se com a minha.

— Obrigada.

— Pelo quê?

— Por me esperar.

— Eu quem devo agradecer, Susana.

— Por...?

Afastei-me dele um pouco, buscando seus olhos, eles brilhavam lindamente.

— Por salvar minha vida.

— Eu não poderia matá-lo. Nunca.

— Não estou agradecendo por me salvar apenas no sentido literal da frase... — Fitou-me com intensidade. — A verdade é que você me tornou alguém melhor do que eu achei que poderia ser.

— Não fui eu, Luca, você sempre foi bom, apenas houve coisas em sua vida que o fizeram desacreditar de si mesmo.

Ele assentiu levemente.

— Su...

— O quê? — Indaguei enquanto me deitava de bruços na cama, com a cabeça apoiada nos braços.

Fechei os olhos, esperando Luca dizer que o café da manhã estava me esperando na cozinha.

— Quer se casar comigo?

Minha primeira reação foi abrir os olhos, a segunda foi ficar paralisada.

— O quê? — Sentei-me na cama novamente.

Ele sorriu, então, tirou uma pulseira fina e dourada do bolso da calça e pegou minha mão direita.

— Perguntei se quer se casar comigo.

Abra os olhos, Anjo (livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora