9 - Presente

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Abri os olhos e deparei-me com o teto de madeira do quarto de Luca. Sentei-me na cama e olhei ao meu lado, Luca dormia tranquilamente.

Meu... Deus. Não acredito nisso.

Meu celular estava ao meu lado e eu o peguei para ver que horas eram, 10h46. Havia perdido a aula daquele dia. Levantei-me com cuidado e desci da cama, caminhei até a porta do quarto nas pontas dos pés para não acordar aquele que havia dormido comigo. Na verdade, eu não conseguia me lembrar muito bem do que acontecera na noite anterior, apenas que fiquei por um longo tempo segurando sua mão.

Mas ele não devia ter dormido comigo!

Nessa hora, pensei em apenas pegar minha mochila e ir embora dali sem que ele me ouvisse, mas é claro que mudei de ideia. Fui até ele com calma e respirei fundo.

— Ei! — Chamei-o, dando tapas em seu braço para acordá-lo.

Quando Luca se levantou, notei que seus olhos escuros estavam um pouco inchados, e o cabelo extremamente bagunçado.

— O que foi? Ficou louca?

Ele ficou de pé à minha frente.

— Droga! Você dormiu na cama comigo!

— Eu... — começou Luca.

Eu apertava as unhas em minhas mãos para conter a raiva. Luca tentou reprimir um riso, mas foi inútil.

— Por que está rindo? — Exigi saber.

— Seu cabelo está engraçado.

Fechei os olhos e respirei fundo. Eu havia me esquecido completamente de como minha juba ficava quando acordava. Realmente, devia estar muito engraçado aos olhos dele. Tentei arrumar meus cachos, mas não consegui, o que me deixou ainda mais irritada.

— Isso não tira o fato de você ser um... um cachorro! Droga, Luca, você disse que dormiria no sofá!

Luca se aproximou e abaixou um pouco a cabeça para que seu rosto ficasse de frente para o meu.

— Você ficou o tempo todo segurando minha mão, tive certeza de que não queria que eu saísse daqui.

E mais uma vez ele estava certo. Eu não queria. Afastei-me dele de forma brusca e olhei para o chão.

— Não devia estar trabalhando? — Perguntei, rispidamente.

— Não devia estar na escola? — Rebateu.

Ai.

— Esqueci de ligar o despertador do celular. — Dei de ombros.

— Bem, vou ter que sair, ir até a escola e justificar minha ausência...

— Vou com você. Tenho que ir para a casa, ou... para qualquer outro lugar.

— Não! — Ele disse, quase desesperado. — Estou com pressa... você pode me atrasar. Depois a levo até sua casa.

Decidi não respondê-lo, pois eu poderia ir embora assim que ele saísse. Peguei minha mochila, fomos até a sala no andar de baixo e Luca entrou no banheiro. Respirei fundo e apenas me sentei no sofá pequeno que havia no cômodo. Ele saiu de lá alguns minutos depois e encarou-me. Seu cabelo estava penteado para trás e usava a mesma camiseta, colocara apenas jeans escuros e um tênis.

— Posso tomar um banho agora? — Perguntei.

— Claro... Depois tome um café, se quiser. — Sugeriu-me. — Não demoro.

— Tudo bem...

Luca caminhou até a porta e saiu, deixando-me completamente sozinha em sua casa. Peguei minha calça jeans na mochila e fui para o banheiro, este estava impecavelmente limpo e era todo revestido por ladrilhos brancos, havia um armarinho embaixo da pia, e um espelho quadrado pendurado à parede acima dela. Despi-me e entrei debaixo do chuveiro. A água estava quente e pareceu renovar minhas forças ao cair sobre minha pele. Retirei o curativo em minha barriga, e tudo o que vi ali foi apenas uma pequena cicatriz clarinha. Decidi lavar meu cabelo, e sobre o parapeito da janela ao meu lado, encontrei dois frascos, um de xampu e outro de condicionador. Depois do banho, abri as postas do armarinho e encontrei toalhas limpas, apanhei uma e enxuguei-me, em seguida, vesti minha calça jeans e a camiseta que havia dormido, enrolei a toalha no cabelo e saí do banheiro, colocando minha calça de moletom dentro da mochila.

Abra os olhos, Anjo (livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora