Fui pra casa fingindo não ter acontecido nada, sei que se a Laura souber ela vai brigar comigo e eu não quero ouvir o que eu sei de forma mais dura.
...
Duas semanas se passaram, e hoje mais uma vez eu acordei com barulhos estrondosos de tiros. Coloquei um short moletom cinza e uma blusa também cinza da GAP. Então vi meu irmão entrar junto com a Lola.
KY: MADU CORRE QUE O ALEMÃO TÁ INVADINDO.- senti meu coração disparar, me vejo um gosto amargo na boca. - ANDA..- ele me puxou de lá me arrastando pela casa. Quando tinha invasão nós ficávamos na boca que era o local mais protegido que ficava muitos homens do meu pai.
O KY ficava nos cobrindo enquanto nós corríamos, até que paramos em uma das vilas para descansar. É nessas horas que me arrependo de ter pedido o papai para morar no alto.
KY: Anda Maria Eduarda..- ele disse impaciente. Botei a mão no coração e controlei a respiração. Estávamos passando pra outra rua quando senti empurrarem meu irmão contra a parede da frente da frente, a pessoa que estava com capuz deu um soco no estômago do meu irmão e apontou a arma na cabeça dele.
Madu: NÃO!- corri indo pra cima do meu irmão, o homem então virou pra mim e então ouvi um disparo. Fechei os olhos com força e paralisei, senti a Lola me empurrar, eu abri os olhos e vi meu irmão apontando pra outra pessoa encapuzado, o que morava nele antes estava desacordado no chão e só então eu percebi.. Era ele. Agora vejo os dois homens que eu não quero ver de forma alguma machucados apontando uma arma pro outro.
Madu: Kay.. Ele me
Salvou.. Deixa passar.- disse entro soluços.
KY: ninguém do alemão vai sair vivo hoje..
JV: isso se sobrar um de vocês pra acabar com a gente..- ele disse com deboche
KY: SABIA QUE ELA TU, SEU DESGRAÇADO..- ele se aproximou mais. O JV riu. Desagraçado.-
Madu: Parem.. Por favor. JV..- repreendi ele.-
KY: Maria Eduarda.. Eu só espero que não seja o que eu To pensando. - ele balançou a cabeça
JV: É exatamente isso..
Madu: JV! - gritei.- Ele tá te provocando KY.
Lola: Para.. Estamos expostos aqui.
KY: Cala a boca vocês duas.- o JV tirou o capuz e o coleto. Acho que Meus olhos já pularam pra fora.
JV: fica a vontade.. Se tu for capaz.- ele abriu os braços e eu me meti no meio dos dois.
KY: Ahhhh com certeza! Sai do meio Eduarda. - ele apertou meu braço. Claro que ele já sabia, e eu estou morta.-
Madu: Não..- Meus olhos estavam marejados.
KY: TRAIDORA, DESGRAÇADA.. DEPOIS QUE EU ACABAR COM ESSE AÍ TU VAI SE VER COMIGO.- o JV me puxou pra trás dele e avançou no meu irmão, os dois começaram a bolar pelo chão trocando murros e chutes. Olhei pra Lola que estava paralisada.
Não me saía voz pra nada, a Lola olhou pra mim e sorriu. Ela o que ? Ela sorriu?
Lola: ele atacou seu irmão? - ela piscou mais de uma vez..- Isso é.. É..- quando ela ia terminar a frase eu senti um impacto, senti minha barriga arder, fechei os olhos e senti o gosto de sangue na minha boca. Passei a mão na minha barriga e então senti Meus dedos ficarem melados, olhei para Meus dedos vendo o sangue e então senti faltar forças nas minhas pernas.
Eu só vi quando os dois se afastaram e vieram até mim. Eu sentia doer, senti a mesma queimação da última vez.. Dessa vez dói mais......
JV narrando
Eu matei um dos meus saldados.. Mas quem esse desgraçado pensa que é pra tentar matar minha loirinha?.. Só posso tá louco. Não me adiantou, não me segurei e tive que dar uma surra no irmão dela, e quando vimos ela tava no chão.
JV: Madu!- sai de cima dele e corri rps ela.
KY: Irmã.. Tem calma.. Vou descolar um carro.
JV: da onde esse tiro veio ?
KY: Não sei..- ele olhou ao redor.- Vamos tirar ela daqui.- eu peguei ela no colo e levei pra um beco.
KY: Lola.. Fica ai.- ele entrou uma arma pra ela.- Fica de olho.. Volto já.- eles se despediram lá e ele saiu.
Lola: pode ir.. É melhor você ir, ficar aqui pode te trazer problemas.
GD: Até que..- ele viu a MADU.- O que rolou?
JV: atiraram nela...
GD: JV vamo meter o pé.. Teu pai tá louco atrás de tu, Vamo e depois vamos ver ela.. JV vão vim com muitos.- eu assenti, levantei e a Lola sentou ao lado dela. Sai de lá com o GD bem rápido e fiz meu pai recuar....
Acordei em uma de hospital, era tudo branca e com a iluminação a iluminação forte.. Por que ? Eles não entendem que dói na vista da pessoa que acorda? Olhei pra lado e vi apenas uma intermediar, olhei pra minha mão e senti mais uma agulha.. Meus olhos pesavam, minha respiração estava lenta e eu ouvia os Meus batimentos.. Pisquei mais de uma vez até poder abrir o olho de vez..
Enfermeira: Olá, como se sente?- tentei levantar mas doeu minha barriga.
Madu: minha cabeça dói.. Eu.. Cadê minha família?
Enfermeira: Você ficou desacordada por 2 dias, devido os medicamente do cirurgia.
Madu: o que ?
Enfermeira: Fica tranquila.. Vou chamar o médico.- ela trocou meu soro e saiu, logo o medico voltou.
Dr: Olá Maria Eduarda.. Como tá ?
Madu: bem.. O que aconteceu?
Dr: você foi atingida por um tiro, por sorte a bala não perfurou nenhum órgão.. Mas infelizmente não conseguimos salvar a criança que você esperava.- Minha boca formou um "o", eu coloquei a mão na minha boca, senti Meus olhos marejados, uma angustia me percorreu por inteira.
Madu: eu.. Eu estava grávida?
Dr: de nove semanas e meia..- engoli seco.- imaginei que não soubesse..
Madu: você contou pra minha família?
Dr: apenas pro seu irmão e sua cunhada, eles pediram sigilo. - assenti. Queria chorar, queria chorar muito.- Quer que eu chame eles?- neguei.
Madu: quero ficar um pouco só..- ele assentou.- Obrigado.- ele saiu, quando a porta fechou eu me desabei em choro..era doloroso saber que a dois dias atrás eu tinha um bebê dentro de mim, e agora ele morreu.. Um filho do JV.. Um fruto impossível.. Controlei o choro depois de algumas minutos, o Kayke entrou com a Lola e Laura. A Laura foi a primeira a me abraçar, a Lola me abraçou depois e o Kayke cruzou os braços
KY: enquanto sofríamos pensando em como salva tu, tu traia a gente.
Madu: não trai ninguém Kayke..- senti Meus olhos marejarem de novo./
KY: Vo nem dizer pro pai pra ele não sofrer.. Mas tu fica ciente que eu não sou mais teu irmão..- ele saiu e eu chorei mais ainda. Minha família vai toda me odiar, toda mesmo..
Lola: Ele tá com raiva. Já isso passa.
Laura: amiga.. Você estava grávida?- eu assenti e chorei mais ainda.- Ô amiga.- ela me abraçou, a Lola também e ficamos nos três chorando.
Madu: se meu pai souber..
Lola: ele tá falando em te mandar pra tua mãe.
Madu: não..- disse baixo
Lola: calma, quando você voltar vocês conversam..
Madu: E o JV?
Lola: ele avançou no seu irmão .. Eu acho que ele gosta de você.- ela sorriu toda boba..
Madu: longe disso..
Laura: acho a mesma coisa.
Madu: parem.. - revirei os olhos...
Longe disso, ele não gosta de mim.
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No Morro Rival
RomansaMaria Eduarda, filha de uns dos maiores traficares do Rio de Janeiro. Apesar de ter o pai que tem, de conviver no tráfico ela é uma menina doce, meiga e que nunca arranjou problema algum pro seu pai. É amada, respeitada e admirada por toda a favela...