Capítulo 7

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Corrir de volta até o 626 caído. Céus era tão triste ver um homem tão forte, largado naquele chão frio como uma massa sem vida. Mas no caso dele era pior. Ele tinha sangue por todo o lugar. Peguei minha maleta e me joguei de joelhos na sua frente.



- Esses idiotas machuram muito você. Só espero poder fazer alguma coisa, não feche os olhos...



Pedi virando seu corpo, muito pesado, o deixando de peito pra cima. Havia um corte perto das suas costelas, provavelmente foi as botas daqueles desgraçados. O ombro dele também, e estava inchando, um hematoma se formava abaixo do peitoral.



- Droga, droga...



Peguei meu material de limpeza, e fui para os cortes. Olhei para o rosto, ele continuava, com aquele olhar confuso. Havia um corte no supercílio, e na boca, talvez tivesse algum no maxilar. Mas a barba me impedia de ver.



- Fique acordado... Não durma, por favor. Não tenho fluídos pra te reanimar...



Terminei a limpeza, talvez devesse dar uns pontos, mas eu não tinha material. Então apenas fiz pressão com goses e esparadrapo. Por agora devia ser suficiente. Fui para o rosto machucado dele.



- Você vai ficar bem...



Falei enquanto limpava seu rosto, ele ia ficar com belos hematomas. Porém essa era minha última preocupação agora. 626 estava arquejando, que se estivesse sentindo dor, com certeza estava. Mas eu tinha que saber se havia quebrado algum osso.


Deixei seu rosto e fui para apalpar seu corpo. Era o único jeito de descobrir.



- 626 tente me ajudar a ajudar você. Fale comigo, eu não posso fazer nada sem saber o que está errado...



Ele mexeu sua cabeça, e os olhos fecharam, me desesperei na hora. Fui para cima dele ficando com minhas mãos emoldurando sua rosto.



- Não, não, não feche os olhos... Por favor... Abra...



De repente aquelas duas pedras azuis me encararam. Parecia menos confuso. Ele virou a cabeça lentamente, seu olhar desviou do meu. Procurei seguir para onde ele olhava e então vi a câmera bem no canto.



- Oh Deus... Você está me mostrando a câmera, é isso?!



Seus olhos se fecharam lentamente e ele sacudiu levemente a cabeça. Nossa eu mal podia acreditar que ele havia se comunicado comigo.



- Vou dá um jeito!



Levantei, olhei no quarto em busca de um banquinho, o peguei e fui até a câmera. Com um pedaço de esparadrapo cobrir a lente.


Voltei para a 626 me posicionando bem no campo de visão dele.



- Pronto... Agora por favor, tente falar comigo. Onde doi?



626 fechou os olhos, em seguida engoliu fortemente, e então me olhou.



- Em... Doi em todo...lugar...



Ele falou. Meu deus ele falou. E mesmo que um pouco baixo e cortado, pude ouvir que sua voz tinha um timbre forte. Eu sorrir, mas tentei me concentrar, era ótimo vê-lo se comunicar comigo. Porém eu tinha que cuidar dele.



- Tá tudo bem. Mas tente se mais específico. Tem tontura? Dor de cabeça? Náusea?



Puxando uma forte respiração vi ele abrir a boca para tentar articular palavras.



- Me... Me sinto queimando! Meus sentidos estão... Bagunçados...



Devia ser a droga. Só podia ser ela. E o pior é que não tinha como anular os efeitos. Mas talvez pudesse ajudar na dor. Peguei minha maleta.



- Eu tenho morfina aqui, ela vai agir rápido, mas pode te deixar muito parado então não estranhe...



- Não!



Sua voz saiu forte quando eu preparava para injetar nele a morfina.



- O que?

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