Capítulo Único.
Leitora/Castiel***
- Não, Lara - Digo, abaixando a revista que estou lendo e saindo de trás do caixa.- Pela ultima vez, eu não vou à festa alguma.
- Mas S/n, você precisa sair. Precisa se distrair. Só trabalha e estuda. Sério, parece uma velha.
Reviro os olhos e vou até uma mesa tirando os copos e pondo na bandeja.
- Eu não tenho culpa por andar ocupada - Dou de ombros ao passar por ela e atravessar a porta para a cozinha.
- Se tiver um derrame por acumulo de estresse - Ouço-a resmungar atrás de mim.- Não me ligue para leva-lá para o hospital.
Solto um suspiro alto e nem me preocupo em lhe responder.
***- Tem certeza de que não quer ir, S/n?- Lara pergunta mais uma vez enquanto me observa pegar o grande tubo com meus trabalhos e por sobre o ombro.
- Tenho - Afirmo pela milésima vez.- Preciso terminar alguns trabalhos. Divirta-se.
Ela me um ultimo olhar da porta, ainda esperando que eu mudasse repentinamente de ideia, mas quando vê que não tem jeito, desiste e vai de uma vez.
Quando termino de guardar todas as minhas coisas, saio pela porta dos fundos do restaurante no qual trabalho.
Ainda são seis horas da tarde, mas as ruas de Chicago já estão desertas. Talvez pela previsão de que ira cair uma forte tempestade ao cair da noite. As pessoas tenham se adiantado para estarem em suas casas cedo.
Como moro a três quadras do restaurante, não tenho tanta pressa. Caminho calmamente até a minha rua, mas quando estou a menos de um quarteirão a chuva começa a cair.
- Droga! - Resmunguei atravessando a rua as pressas para escapar da chuva.
A chuva engrossa cada vez mais, e já estou completamente ensopada quando chego em meu prédio.
Vou para debaixo da cobertura e sacudo meu casaco na vã tentativa de tirar um pouco da água. No momento que estou pronta para entrar no edifício, um movimento na chuva a alguns metros de distância.
Aperto os olhos para enxergar através da cortina de grossas gotas de chuva e consigo ver outra vez o vulto.
Me aproximo mais, ainda sem sair do coberto e consigo identificar um homem. Ele estava encolhido na calçada próximo a parede, com os braços envolta das pernas.
Seu casaco azul estava tão exarcado quanto o meu e ele estava ficando cada vez mais molhado, pois ainda estava embaixo da chuva.
Perco alguns segundos medindo as consequências de ajudar esse estranho. Ele não aparenta ser uma pessoa ruim, e eu estou com pena dele. Também não irei morrer ao ajudar alguém.
Mas ele também pode ser um psicopata pronto para me esfaquear assim que entrarmos no apartamento.
Ele se mexe mais a vez, acho que não percebeu que eu estou observando-o. Daqui posso ver um filete de sangue escorrer por seu braço e misturar-se com a agua. Ele esta ferido.
Olho de um lado a outro na rua e ela esta deserta, se ele for um maluco eu não terei a quem recorrer. Ainda assim, me aproximo do estranho com cautela entrando mais uma vez em contato com a chuva gelada.
- Uhn... Oi? - Chamo, hesitante. - Você foi assaltado ou algo assim?
Chego a arfar quando vejo o rosto do homem. Ele é lindo. Ele me encara com os grandes olhos azuis e parece confuso.
- É que você esta sangrando e... não quer sair dessa chuva?- Pergunto um pouco incomodada por estar me molhando ainda mais.
Ele continua a me encarar, posso imaginar um grande ponto de interrogação no alto de sua cabeça.
- Eu me chamo S/n - Falo já um pouco impaciente. - Vem, eu não vou tentar mata-lo.
Eu deveria estar preocupada em ser morta.
Ele finalmente se levanta e me surpreendo, pois ele é bem alto.
Faço um sinal para que ele me siga até debaixo da cobertura onde não chove. E ele me acompanha em silêncio. Estou começando a achar que ele é mudo.
- Ahn... - Começo um pouco hesitante quando entramos na portaria do prédio.- Você esta perdido? Não é da cidade?
- Um pouco dos dois - Ele responde. Sua voz é baixa e rouca. Aquele tipo de voz que você quer que sussurre em seu ouvido a noite toda.
- Tudo bem - Sorrio solidária.- Eu também sei como é estar perdida.
Ele me acompanha com um sorriso tímido. Terminamos de subir as escadas até o primeiro andar. Tenho pavor de altura, e como não existem apartamentos no térreo, precisei alugar um no primeiro andar.
Ele me segue até a porta do meu apartamento e me atrapalho um pouco com o molho pesado de chaves e a bolsa molhada. Depois de uma breve luta com chaveiro, no qual ele venceu alguns rounds, eu consigo abrir a porta.
- É pequeno, mas pelo menos é seco - Sorrio fechando a porta depois que já estamos dentro.
- É adorável - Ele sorri olhando em volta.- Tão... acolhedor.
Percebi que no momento de pausa ele procurava a palavra exata para descrever o que via. E pareceu sincero.
- Obrigado - Agradeço pondo a bolsa sobre a mesa da cozinha.- Você... está com frio? Eu posso te emprestar uma roupa.
Ele me olha de cima a baixo e depois me encara com uma expressão confusa.
- Você vai me emprestar uma roupa?
- Vou - Respondo sem entender o porque de sua confusão. E me dou conta de que ele levou tão ao pé da letra, que acha que vou dar uma de minhas roupas para ele.- Oh, não. Não é o que esta pensando, não vou lhe emprestar uma de minhas roupas. Eu tenho algumas que meu ex-namorado esqueceu aqui. E já faz tanto tempo, acho que vão servir.
- Ah, claro - Ele murmura meio sem graça.- Eu não...
- Não se preocupe... Ahn... qual é o seu nome mesmo?- Pergunto me lembrando que ele não me disse.
Ele pondera por alguns instantes e quando responde parece hesitante:
- Clarence. Meu nome é Clarence.
- Certo. Clarence - Solto um pigarro.- Eu vou pegar as roupas e um toalha para você. O banheiro é a terceira porta do corredor.
Clarence não saiu do lugar, ele ficou ali parado me encarando, seu rosto pensativo.
- Por que esta me ajudando?- Perguntou.- Você não me conhece.
Eu não esperava que ele me perguntasse isso. Penso um pouco antes de responder e mordo a parte interna da bochecha.
- Na verdade eu não sei - Respondo com sinceridade.- Quando o vi ali, na chuva... senti um forte impulso de ajuda-lo. Já estive em uma situação parecida antes, gostaria que alguem tivesse feito por mim o que tive a oportunidade de fazer por você hoje.
Clarence assente e começa a andar em direção ao corredor.
- Eu admiro isso - Ele fala parando de repente e se voltando para mim.- E fico feliz, sabendo que tudo ainda não esta perdido.
- Tudo o que?- Pergunto franzino as sobrancelhas.
- A humanidade - Responde simplesmente, depois entrando no banheiro.
Permaneço parada no mesmo lugar por alguns segundos, ainda sem realmente entender o que ele quis dizer.
***
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✓ 𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄𝐒 | 𝐒𝐔𝐏𝐄𝐑𝐍𝐀𝐓𝐔𝐑𝐀𝐋 - || LIVRO ENCERRADO ||
FanficOne-shots que se passam no mundo da série Supernatural, com temas relacionados a romance, ação na maioria das vezes.