Firewell

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Leitora/Chuck

***

- VOCÊ É QUEM??
Gritei esquecendo totalmente dos outros ao meu redor e encarando a expressão passiva de Chuck.
- É, essa era uma das reações esperadas - Ele murmurou para Dean.
- Oh, não - Murmurei, olhando para os lados totalmente desacreditada. - Não pode ser!
- S/n, calma - Sam pediu, pondo as mãos nos meus ombros. - É realmente um choque descobrir que ele é... bem que ele é Deus, mas se acalme.
- Sam, você não esta entendendo - Falei, tremendo um pouco. Levei as mãos a cabeça e pressionei os dedos indicadores em minhas têmporas.- Você não pode entender...
- Por que, S/n?- Dean apareceu ao meu lado e perguntou, seus olhos preocupados.
Olhei de Dean para Sam e depois meus olhos se focaram em algo atrás deles. Não algo, e sim alguém. Chuck ainda estava ali, observando toda a cena com a expressão mais calma do mundo. Senti vontade de esquarteja-lo nesse exato momento.
Como ele pode esconder isso? Ainda mais depois de... da gente ter feito... Ah não, eu não acredito nisso.
- Nada, não é nada - Falei, engolindo em seco.- Eu preciso de um pouco de ar, foram muitas coisa. Ainda não me recuperei da névoa.
Sam e Dean se afastaram hesitantes e permitiram minha passassem. Passe por Chuck sem encara-lo mais uma vez e sentindo num leve vertigem quando senti levemente seu cheiro enquanto me afastava.

Cruzei apressada os corredores do bunker até sair para o lado de fora, tentei respirar novamente, mas não conseguia. Era como se tivesse algo em minha garganta que se recusava a sair de lá.
Eu não consigo assimilar o que esta acontecendo. Chuck, é Deus! O Deus que desapareceu e recusou aparecer quando precisamos de ajuda e o procuramos. Ele estava aqui o tempo todo, vendo tudo o que estávamos passando e não fez nada!
Porem essa não é a pior parte, nem de longe. Eu fui apaixonada por ele. Antes que Chuck desaparecesse a cinco anos atrás, eu tive coragem e disse que tinha algum interesse nele. Ele pareceu retribuir e então...
Por que tenho a sensação de ser a pessoa mais suja do mundo? Eu transei com Deus? Isso deve ser um considerado uma das piores blasfêmias já feita.
Eu não sou religiosa, aliás, nunca fui. Mesmo assim qualquer pessoa sabe quando se esta passando dos limites.
Eu tentava me acalmar, mas então tudo voltava. Eu realmente gostava de Chuck, sofri tanto desde que ele sumiu que quando o vi parado naquela rua meu coração quase saiu pela boca. Então eu descubro isso? Só pode ser uma piada sádica de muito mal gosto.

Passaram-se cinco minutos e meus joelhos já haviam parado de tremer. Já me sentia um pouco mais calma, mas não menos indignada. Voltei ao bunker e lá estava Dean, Sam e... Deus? Como devo chama-lo agora?
- Esta melhor?- Chuck perguntou, fixando seus olhos azuis em meu rosto.
- Como se você já não soubesse a resposta - Resmungo, enquanto cruzo o salão e paro ao lado de Dean.
- S/n? - Sam chamou. - Quer nos contar o que aconteceu agora?
Pensei se diria ou não o motivo por ter tido aquele mini ataque de nervos e decidi que não falaria nada, era melhor que Sam e Dean não soubesse que tive qualquer envolvimento amoroso com Chuck. Nunca disse nada aos dois Winchester e não será agora que vou dizer.
- Esquece isso, Sam - Pedi, tentando manter minha voz calma.- Voltem a conversar, eu não tenho nada a dizer.
Dean se afastou e sentou em uma mesa, encostando a cabeça na parede. Ele parecia tão abalado quanto eu. Sam era o que aparentava melhor encarar tudo isso, ele parecia até empolgado.
Me larguei em uma cadeira e apenas me mantive em silêncio, não me meti em momento algum da conversa deles.
Quando tudo pareceu terminar, quer dizer não tudo, apenas alguns esclarecimentos. Me levantei pronta para deixar a sala.
- S/n - Ouvi a voz de Chuck, me chamar. - Gostaria de conversar com você, a sós.
Eu não sabia se poderia recusar, aquilo poderia ser uma exigência e não um pedido. Mas eu não queria falar com ele, não queria ficar sozinha com ele.
Dei a volta na mesa de modo que eu pudesse ficar o mais longe possível dele.
- Não me importo que Dean e Sam escutem - Falei. Era mentira, eu ficava apavorada com a ideia de que eles soubessem do que aconteceu entrem nós.
- eu acredito no contrario - Ele retrucou, com seus olhos fixos nos meus.
Sera que ele podia ler minha mente? Não seja idiota, é claro que pode. Ele é Deus!
- Certo... nós vamos... sair - Sam falou, estranhando tudo aquilo. Os dois saíram do comodo e ficamos apenas Chuck e eu.
- Eu sei que esta sendo um choque...
- Você não faz ideia de como está sendo para mim - Eu o interrompi, um pouco sem pensar. Quando me dei conta do que fiz, respirei fundo.- Desculpe, eu não deveria interrompe-lo.
- Não, tudo bem - Ele falou, com voz abrangente. - Eu prefiro essas reações espontâneas. Foi justamente por isso que me mantive a sombra por tanto tempo, quando as pessoas descobrem que você é Deus, os relacionamentos ficam bem mais chatos e formais.
Como ele levava tudo com tanta simplicidade?
- Como... sério eu não consigo entender. Como consegue levar tudo assim? Tao simples? Eu estou quase pirando aqui.
- S/n, eu sou eu a muito tempo - Chuck riu, calmo.- Tive bastante tempo para me acostumar com esse status. Já você só sabe a algumas horas.
- Vai ser meio difícil me acostumar com a ideia de ter... você sabe - Falei, desviando o olhar e corando um pouco.- Com você. Por que permitiu aquilo?
- Bem, eu era Chuck, não Deus. Para todos e inclusive para mim mesmo naquele momento esforcei-me ao maximo para ser apenas o homem que você merecia.
Cansada de fugir de seu olhar, tive coragem de encara-lo. Por um momento ao encarar seus olhos, vi o velho Chuck. Aquele escritor bêbado, fracassado e com diversas crises existências por quem suspirei por meses, e não Deus, o grande e poderoso criador.
- Eu senti sua falta - Murmurei.- Pensei que você estivesse morto.
- Eu sempre estive com você - Ele falou.
- E agora?- Perguntei.- O que vai acontecer? Quer dizer...
Eu queria dizer que ainda o amava, e que não aguentaria olhar todos os dias em seu rosto sabendo de tudo. Preferiria ter a memória apagada, preferiria nunca me lembrar de nós...
- É isso mesmo o que quer?- Meus pensamentos foram interrompidos pela voz suave de Chuck. Olhei para cima e me deparei com ele mais próximo do que me lembrava que ele estava.
- Pare de ler minha mente - Pedi, abaixando a cabeça, como se isso service de alguma proteção.
- É o que você quer, S/n?- Ele repetiu a pergunta, pousando uma mão em minha bochecha. O toque quente, igual ao que me lembrava. Obriguei a mim mesma a virar o rosto e me afastar.- Apagaria apenas o necessário.
Era exatamente isso o que eu estava desejando à segundos atrás. Poder esquecer e seguir em frente, não? Apagar essa parte para que eu não sofresse mais. Então por que estou tão hesitante em responder? Minhas memorias, foram a única coisa que sobraram e me desfazer delas... doía tanto quanto relembra-las. Mas eu não tinha escolha.
- É a única opção? - Perguntei, sabendo que ele saberia como me responder.
- Desculpe - Lamentou, já me dando uma resposta.
Senti que algo quente escorria por meu rosto e antes que eu a secasse, outra mão voltou a tocar minha pele, secando as lagrimas.
- Faça, rápido - Pedi.
Chuck levou outra mão, colocando-a do outro lado de meu rosto e me fez encara-lo. Seus olhos estavam preenchidos de carinho e me fizeram lembrar a maneira como ele me olhou na noite em que ficamos juntos. Fechei meus próprios olhos e esperei que todas as lembranças sumissem.
Delicadamente, senti algo roçar em meus lábios. Ele estava me beijando? Por que ele estava me beijando?
O movimento se intensificou, mas não durou muito e assim que ele se afastou, tudo o que via por trás de minhas pálpebras cerradas era o branco.

***

- Ela esta acordando - Ouvi uma voz dizer não muito distante.
- Finalmente - Ouvi outra bufar.
Abri os olhos e me deparei com Sam e Dean, um de cada lado da cama, me encarando fixamente.
- O que aconteceu? - Perguntei me sentando na cama e levando uma mão até a cabeça. Parecia que uma grande borracha havia sido passada em minha cabeça, eu não conseguia me lembrar de nada que não fosse... a névoa.
- Você apagou... ahn... por causa da névoa da Amará - Dean explicou, meio hesitante.
- Eu não consigo me lembrar de nada - Murmurei, confusa.
- De nada? Nada?- Sam perguntou, erguendo uma sobrancelha.
- Depois da névoa... absolutamente nada.
Os dois se entreolharam e Dean soltou um pigarro.
- Ótimo, bem... temos alguém para te apresentar - Dean falou ficando de pé. - Foi ele quem nos ajudou a escapar da névoa. E também vai nos ajudar a derrotar Amara, então vai passar um tempo com a gente.
- Quem?- Perguntei.
A porta de meu quarto foi aberta e então um homem entrou. Ele era um pouco mais baixo que Dean, tinha uma barba por fazer e seus cabelos eram bagunçados. Seus olhos eram de um azul incrivelmente intenso e ele sorria.
- S/n - Sam começou. - Esse é... Deus.
Meus olhos se arregalaram e eu encarei o homem a procura de algum traço que provasse o que Sam estava me falando. No entanto ele era um cara comum.
- Deus...?- Repeti.
- Por favor - Ele sorriu. Sua voz era rouca e baixa.- Me chame de Chuck...

✓ 𝐈𝐌𝐀𝐆𝐈𝐍𝐄𝐒 | 𝐒𝐔𝐏𝐄𝐑𝐍𝐀𝐓𝐔𝐑𝐀𝐋 - || LIVRO ENCERRADO ||Onde histórias criam vida. Descubra agora