Capitulo 14

67 4 4
                                    

Finalmente a quinta-feira chegou! Itan e eu ensaiamos todas as manhãs sem falta! E naquele dia não foi diferente..

Estava chegando na sua casa quando avistei um carro preto em frente a mesma.
Ele tem visita?
Segui em frente mesmo assim. Dei de cara com a porta meio aberta, foi quando o vi descutindo com um homem.

-Você não é meu pai! Não me venha com desculpas... -uma pausa, o homem disse algo que não compreendi - VOCÊ É O QUÊ?! - Itan gritou dessa vez para em seguida desabar na cadeira com as mãos na cabeça.

Eu sabia que devia sair dali. Não cabia a mim aquele assunto; mas eu simplesmente não podia deixá-lo daquele jeito, e sem falar que eu não conseguia me mexer, estava atônita demais.

-Saia da minha casa, por favor. Eu não quero ouvir mais nada do que você tem a dizer. -ouvi ele falando e em seguida o homem se dirigiu à porta. Sai de seu campo de visão indo um pouquinho pro lado mas tenho certeza que me viu. "Sinto muito..." foi apenas o que disse antes de sair porta a fora, não sem antes - é claro - parar bem na minha frente.

Que droga!

Senti meu corpo gelar, ele se aproximou e... Sorriu. Espera, ele ta sorrindo? An?

-Olá, sou Pitan Clarck. O... pai do Itan. -disse estendendo a mão para me cumprimentar.

- Oi. -balbuciei, apertando sua mão ainda atônita. -Sou Lunna... A.. eu sou colega dele.

-Eu sei. -disse com um sorriso gentil. -Você estava aqui há muito tempo? -falou parecendo um pouco nervoso.

-Não, eu acabei de chegar.

-Ok. Bom, ele está lá dentro. Você poderia ir ver se ele está bem? Sei que esta ciente que  nossa relaçao entre pai e filho não é nem de perto amigável, e que ele pode ser bem ignorante e burro quando quer... -Isso eu sabia bem. -mas você tem feito um ótimo trabalho com ele. - terminou. Não entendi muito bem a que se referia essa última parte.

-Sim. Eu... acho que posso ajudá-lo.

-Obrigado! -disse parecendo realmente agradecido.

-Só não entendi bem... Sei que não é da minha conta, mas parece que o senhor o Ama tanto,  então porque o abandonou?

-Temo que isso vá além do que você possa saber. -disse com uma expressão triste mas logo se recompôs -Tenho que ir. Foi um prazer conhecê-la senhorita. Peço-lhe que por favor não desista dele. Meu filho é uma pessoa boa. E ele precisa de você muito mais do que possa imaginar.

E simplesmente foi embora.

Fiquei um tempo remoendo aquelas palavras, ainda parada no mesmo lugar. Sai do transe quando meu celular vibrou, era uma mensagem.

"Cade você?"
_Itan

Era do Itan. (Ninguém percebeu! .-.) Resolvi entrar logo antes que ele começasse a me ligar ou decidisse ir me buscar.. Ele era só um pouco avexadinho!!

Apertei a campainha.

-Até que enfim hein? Entra. -falou.

Fiquei um tempo observando suas feições. Ele parecia normal; bem eu diria, nem parecia o cara que a poucos estava discutindo, me perguntava se não tivesse chegado e visto a discussão teria percebido algo? Há quanto ele fingia estar bem? Porque é óbvio que não estava. Ele suspirou.

-Você vai mesmo continuar me olhando com essa cara de paisagem ou vai entrar? -disse mal humorado parecendo entendiado. E lá estava o Itan Clarck ignorante e idiota que conhecia! Mas foi bem ali que eu entendi o porquê dele ser assim. Ele usa o ódio para esconder a dor.

Bufei.

-Sempre tão mal humorado. -disse entrando.

Ele deu um sorrisinho.

-Sempre tão atrasada. -rebateu fechando a porta.

Começamos a ensaiar logo em seguida. Quando achamos que finalmente estava bom, paramos um pouco pra fazer um lanche.

-Você ta bem? -perguntei do nada, o que o fez me olhar espantado.

-Estou. -respondeu depois de um tempo.

Não acreditei. Terminamos o lanche em silêncio.

-Eu.. poderia ir com você visitar sua mãe no hospital? -perguntei hesitante quando estava de saida. Nem sabia ao certo porque queria vê-la, eu apenas queria.

Ele ergueu as sombrancelhas, demonstrando que estava tão  surpreso quanto eu com a pergunta. Continuou me fitando e demorou uma eternidade pra me responder.

-Acho melhor não. -disse por fim.

-Por que?

Ele hesitou. Parecia estar procurando as palavras certas para responder.

-Não quero que se aproxime tanto de mim Katielly. Estar em minha casa pra fazer um trabalho é uma coisa e garanto que já é um passo enorme que você deu; mas visitar a minha mãe seria um muito além do que está permitida a dar. Não quero que tenha contato com a minha vida. É complicada demais pra você.

-Eu entendo. -respondi e fui embora ainda tentando digerir suas palavras.

Ele não me queria por perto deixara bem claro. Aquilo era apenas um trabalho. E nossa... afinidade ou amizade ou convivência ou seja lá o que era aquilo que eu achava que tinhamos, limitava-se apenas a uma coisa: erámos colegas de trabalho.

...

"Somos universos totalmente intocáveis."

^^

O desejo do coração de DeusOnde histórias criam vida. Descubra agora