Estava chovendo dentro da redoma! Uma espécie de tampa havia sido aberta, como um campo de forças se desfazendo, e uma fina chuva começou a cair sobre nós.As flores pareceram ficar ainda mais bonitas. Itan me viu observando tudo e sorriu. Ele ja vira aquilo muitas vezes, e óbvio, não lhe era nada estranho. Mas pra mim, era perfeito.
Voltamos a andar pelo meio das flores, e encontramos umas rosas brancas que tingidas pela noite, ficaram com tons de preto; simplesmente lindas.
Eu não fazia ideia de que hora era, mas em algum momento a chuva engrossou, e caiu sobre nós como uma luva, nos ensopando.
Começamos a correr, e Itan teve a brilhante ideia de brincar.
Ele corria atrás de mim, eu corria pra longe dele e me escondia; quando ele me achava, me agarrava e consequentemente, nos derrubava no chão, fazendo com que nossas roupas já ensopadas da chuva ficassem cheias de lama.
Eu dava uns gritinhos toda vez que isso acontecia, ao passo de que ele gargalhava cada vez mais alto. Nós corriamos o risco de sermos pegos, mas não nos importávamos, aquela era nossa noite.
A chuva diminuiu até uma fina garoa, mas continuamos nessa brincadeira por um bom tempo até eu chegar ao limite da redoma. Sim, eu corri exatamente na direção de um penhasco!
Tinha uma porta que dizia: "Este é o limite"; então, quando quase sem fôlego paramos em frente a essa porta eu olhei pro horizonte, e perdi o pouquinho do fôlego que me restava.
- Meu. Deus. - Foi tudo o que eu consegui balbuciar enquanto fitava o enorme sol nascendo bem na minha frente!
- Eu sei - disse Itan abrindo a porta e me puxando pra uma espécie de varanda. - Esse é o sol-da-meia-noite!
A lua estava no seu ponto mais alto, brilhando altiva, com bilhões e bilhões de estrelas ao seu redor, e ainda assim, o sol brilhava mais em baixo, junto ao oceano, com todo o seu explendor.
Era... Surreal!
E foi bem ali, onde a noite se chocava com o dia; onde a terra parecia tocar o céu; com Itan ao meu lado; que eu senti a presença de
Deus.- Como pode ver coisas assim, ter momentos assim, e não ter fé? - perguntei-lhe lembrando de um filme* que assisti, o qual gostava muito.
Ele demorou pra responder. Estávamos sentados na "varanda", encostados na grade de segurança, as pernas entre os ferros, com um abismo abaixo de nós, e o céu beirando o mar, ambos infinitos e inexplicavelmente lindos.
- É fácil ter fé em momentos assim - falou depois de um tempo. - Mas é dificil mantê-la quando se está perdendo tudo. Eu... não sei como é isso.
- Deus? - Perguntei e ele assentiu.
- Não sei como Ele é. Como posso acreditar em alguém assim?
Ponderei minha resposta. Acabei fazendo uma pergunta.
- Você sabe o que significa ter fé?
- Acreditar em Deus? - perguntou-me inseguro.
- Também. Mas na bíblia, a fé é a certeza das coisas que não se esperam, é a convicção de fatos que não se vêem. Isso está em Hebreus 11. Ter fé não é apenas acreditar que Deus existe, mas acreditar que Ele é Deus e tudo pode fazer. - comecei a lhe explicar. - Deus é como o vento Itan, sem distinção. Você não O vê, você só sente.
- O que você sente?
- Sinto o cuidado, o carinho, a repreensão muitas vezes, mas acima de tudo, o Amor. Ele é o centro de tudo. Veja, estamos aqui agora, e eu sinto como se pudéssemos voar entende? Sinto Ele olhando por nós. Esses arrepios em minha pele não é pela beleza posta diante de nós, mas pela convicção de saber que Quem fez tudo isso foi Ele, e que Ele é grandioso demais para nossa capacidade de raciocínio.
- Se Ele é tão grandioso assim, porque permite que tanta coisa ruim aconteça? É isso que eu não entendo Lunna, um Deus que é tão poderoso e tão bom como dizem não deveria deixar isso acontecer. Quer dizer, como Ele consegue ficar parado e deixar as pessoas morrer?
- Isso é por causa do livre arbítrio Itan. Deus deu o livre arbítrio para que as pessoas fizessem suas escolhas, e o que lhe acontecem são consequências de seus atos.
- Ah! Vai dizer que a minha mãe fez algo tão ruim que mereceu aquele acidente? Vai me dizer que ela ou eu fiz algo para que o meu pai fosse embora nos deixando sós meses depois de eu nascer? - Ele estava irritado, irritado eu diria. Eu não sabia da história com seus pais, e ele pareceu querer pegar todas as palavras de volta. - Por favor Lunna, não me diga que é consequências de nossos atos. E quanto às crianças que padecem de fome em paises de guerra, elas também fizeram algo?
- Eu não sei... Às vezes Ele permite que certas coisas aconteçam para que Seu poder seja mostrado através das pessoas. Sua mãe tá melhor, sim? E o aconteceu com ela foi um milagre, todos disseram isso. Foi Deus Itan, Ele a curou porque Ele tem algo a mais com ela. E talvez ela precisasse desse tempo com Ele, para ter mais fé. E quanto ao seu pai, eu sinto muito, mas não pode culpar Deus pelas escolhas que ele fez. Talvez ele nem tenha tido escolha, não sinta raiva dele, acredito que haja um motivo pra tudo.
Ele bufou e revirou os olhos.
- Hamram, claro que há - disse irônico.
- Pare já com isso - falei brava. - Não pode tirar suas próprias conclusões sem saber o que realmente aconteceu. E quanto às crianças que sofrem, eu realmente não tenho explicação. Algumas pessoas infelizmente sofrem pelos erros dos outros, e não estou dizendo que isso é justo, mas que não devemos questionar. São coisas além de mais da nossa capacidade de entender.
- Ata. Porque Deus sabe de tudo, e nos Ama. E tudo que Ele faz é perfeito do jeito que está e não devemos questionar porque somos inferiores. E Ele nos "Ama". Tá - falou com sarcasmo fazendo aspas com as mãos.
Suspirei.
Deus, ele é mais dificil do que pensei! - Respirei fundo.
Eu precisava de outra forma para tentar convencê-lo. Ele estava magoado, não queria acreditar e duvidava do Amor de Deus. Mas eu ia lhe mostrar que Deus o Ama. Mesmo que isso demorasse um bom tempo.
"Aprendi que não devemos questionar. Deus é soberano, Ele sabe o que é melhor pra nós. O que não entendemos hoje, entenderemos amanhã. Viva o hoje de Deus. E Ele te dará o amanhã que você merece. Tenha fé."
lis ^^
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O desejo do coração de Deus
RomanceSabe aquele momento da vida em que você não espera mais nada, desiste de tudo e passa apenas a existir? É, minha vida estava assim. Meu nome é Lunna Katiely, tenho 17 anos, pele clara, cabelos ruivos ate a cintura, olhos azuis-prateados.. Estou c...