Prólogo

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Era um dia de sol.
E naquela manhã de dezembro mais um avião pousava no aeroporto internacional de Tromsø.

Os passageiros começaram a descer e por fim, na porta do avião surge um rapaz; altivo, esperançoso; parecia prestes a realizar seu maior sonho. Estava vestido com um uniforme, que tinha um broche onde estava escrito:

"Primeiro Sargento Músico da Aeronáutica / Itan Clarck" ele olhou pro céu, respirou fundo e sorriu. "Estou em casa", pensou. Mais algo lhe disse que ainda não. Então desceu as escadas e seguiu em direção às suas malas.

Nesse mesmo instante, em uma casa não muito distante dali, estava uma garota. Vestida com roupas simples, que não faziam jus à sua singela beleza e sentada à mesa tomando café-da-manhã, ela olhava pra uma janela onde o sol batia fraquinho, e de onde uma leve brisa soprava agitando-lhe alguns fios de cabelo soltos do coque...

Ela suspirava, e quase não comia, porque estava ansiosa e nem sabia o porquê, mas algo lhe dizia que aquele seria um bom dia.

Enquanto isso saindo do aeroporto, o rapaz segurava uma mala, e acenava bravamente para chamar a atenção de um Taxi. Após alguns minutos finalmente um ficou disponivel e ele correu ao encontro daquele veiculo que o levaria enfim para casa.

Ele indicou o endereço ao taxista com tamanha felicidade que fez o homem sorrir também. Esse, que já era um senhor de idade mas tinha um pique para a vida, começou a lhe perguntar tamanha era a curiosidade para saber por qual motivo o rapaz estava tão feliz:

- Está fora há muito tempo?

- Sim; 1 ano e meio pra ser exato. - respondeu eufórico. Ele riu.

- Estava servindo ao exercito? - perguntou o óbvio. - O que era lá?

- Músico. Sargento Músico. - o rapaz respondeu e ele assentiu.

- Eu também servi - começou e olhou pelo retrovisor,o rapaz prestava atenção. Continuou. - Era Tenente. Foram bons tempos - e sorriu, o rapaz também.

- Tenente hein? - perguntou o rapaz e se endireitou no banco do carro. Levou uma mão a testa e lhe fez uma continência - Senhor, permissão pra descançar... - brincou.

- Permissão concedida - brincou o senhor também.

Eles sorriram. E as perguntas pararam por um instante. O rapaz olhava pela janela e suspirava fundo. Fazia um ano e meio que não voltava àquele lugar. E deixá-la foi uma das coisas mais dificies que havia feito em toda sua vida.

O senhor olhava-o pelo retrovisor e não se aguentando perguntou:
- Deixaste alguém aqui?

O rapaz lhe olhou. Seus olhos brilhavam quando respondeu: - Sim.

O homem assentiu. - É dificil. Quando eu fui também deixei. Mas quando voltei ela não estava mais aqui. Bem, pelo menos não para mim. - O rapaz franziu o cenho não entendendo. O homem riu e explicou: A mulher pela qual voltou estava casada.

- Ah... Eu sinto muito - foram as palavras do rapaz. O senhor assentiu.

- Foram dias ruins filho. -falou carinhosamemte. - Mas eu a agradeço. - disse e o rapaz não mais entendia.

- Não entendo como pode ficar agradecido por ela não ter lhe esperado. Isso é ruim não? - perguntou encabulado. O senhor riu.

- Sim foi ruim. Mas deixe eu lhe dizer, eu passei dias chorando e perguntando a Deus o porquê de aquilo está acontecendo, eu a iria pedir em casamento! Mas enquanto eu estava definhando, ela estava vivendo e a vida estava passando. Então em um dia, assim como esse, eu decidi não chorar mais. Sai de casa e fui à praça. Estava de pé e felizmente não vi quando uma bicicleta veio em minha direção.

- Felizmente o senhor disse? - o rapaz estava surpreso.

- Sim. Uma garota estava sobre ela. E nós caimos. Crack! Eu não sabia se era o som da bicicleta se quebrando ou se era algo em mim, mas isso não importou por que quando eu abri os olhos eu a vi. Era um Anjo que estava sobre mim. Ah rapaz, meu coração acelerou! Ela então sussurrou um "Você está bem?"; nessa altura meu coração já havia parado de bater de vez e eu soube: ela me faria feliz pra sempre. E estamos juntos desde então.

Ambos sorriam dentro daquele carro, o senhor porque estava satisfeito com a sua vida, o rapaz porque conhecia bem aquela sensação... A sensação de saber que Deus o tinha preparado alguém, e que por mais que esse alguém venha da maneira mais absurda possivel, ainda assim, seria a única pessoa capaz de fazê-lo feliz.

Com esse sentimento eles se calaram. E deixaram que aquele carro os levassem ao destino proposto.

Enfim, ao chegarem em frente a uma casa toda branca, com uma varanda e um banquinho de balanço, o rapaz suspirou.

- O Amor pode surgir dos cantos mais remotos. Mais inesperados. E dos jeitos mais impossiveis... - o senhor falou, primeiro como se para si mesmo, depois pro rapaz: -Caso a sua dama não esteja lá meu rapaz, não se desanime. Vá a uma praça e deixe-se ser atropelado por um Anjo - ambos sorriram; - mas se ela estiver, não a deixe ir.

- Vou me lembrar disso. Obrigado - e sorriu para o senhor. Pegou as malas, acenou um "Tchau" e seguiu escadas acima em direção ao seu lar...

Lá dentro a garota ainda se encontrava sentada à mesa, pensativa. Ela pensava em seu Amor, aquele pelo qual ela esperou em Deus, aquele que a fazia sentir coisas inimaginaveis só de lhe olhar, o desejado do coraçao de Deus pra sua vida. Quando, a campainha tocou. E seu coração disparou.

Ela levantou-se lentamente e foi em direção à porta, seu coração descompassando em cada passo. Segurou a maçaneta, girou a chave.

Abriu a porta e...

- Olá Sra.Clarck... - ele sussurrou brincalhão.

- Itan! - saiu como um suspiro.

E fundiram-se um nos braços do outro.

O desejo do coração de DeusOnde histórias criam vida. Descubra agora