Capitulo 19

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Eu estava parado em frente à porta de seu apartamento.

"Mas que droga eu tô fazendo aqui?" Perguntei-me enquanto dava meias voltas no corredor.

Mas eu realmente não entendia porque estava ali e mais ainda porque eu ainda não tinha ido embora.

Eu não gosto dela. Definitivamente não.

Ela é chata, encrenqueira, respondona, mal-educada, arrogante, irritante... "linda, engraçada, maluca, bem-humorada, perfeita." meu subconsciente apontou e não pude deixar de concordar, menos com a parte de perfeita.

Ela é engraçada, eu admito; aquele dia em seu apartamento foi uma loucura, sorri ao me lembrar disso. Mas a gente brigou naquele dia também.

A gente sempre briga na verdade, e eu nem sei porque, mas eu acho que gosto de brigar com ela.

Ela é uma pessoa impossível de lidar.

A questão é que, aconteceu algo com ela, eu sinto. Ela não agiria assim se não fosse verdade. Mas o quê? E porque droga eu tô me importando com isso?

No fim, não tive muito tempo pra pensar numa resposta para os porquês das minhas perguntas, por que meu corpo, minha mente e meu coração entraram em estado de paralisia total quando ouvi um click, e a porta se abriu, mostrando-a olhando para mim.

-Itan? -perguntou-me Lunna tão surpresa quanto eu. Como não falei nada, ela continuou - O que está fazendo aqui?

E agora?

Eu poderia fingir que estava bêbado e que não sabia como vim parar ali, mas acho que ela não iria gostar nem um pouco de saber que bebi. Hum..

Eu poderia dizer a verdade e perguntar de uma vez por todas qual o problema dela, mas não seria mais estranho do que está em frente à sua porta perguntando se ela estava bem.

Eu estava ferrado. Literalmente.

Em vez disso, perguntei a única coisa que me veio à cabeça:

-Porque você não foi à aula hoje?

Sério Itan? Não tinha nada melhor mesmo?! :_

Ela me encarou por uns instantes, como se eu fosse um louco.

Nesse momento, eu percebi que ela estava de camiseta e short, e tinha uma bolsa plastica nas mãos, acho que já estava se preparando pra dormir, mas ia jogar o lixo antes.

Ela estava linda, bem casual. Me fez lebrar do sonho. Notei que seus olhos estavam vermelhos, acho que estava chorando.

Observar isso me deixou inquieto.

- Você bebeu por acaso? - perguntou depois de um tempo em silêncio.

- Não. - respondi entalado. Droga, eu devia ter dito que sim.

- O.k. - falou devagar. - Então você veio aqui, de quase onze horas da noite, sóbrio - ênfase e levantada de sobrancelhas. Ferradinho! - Para me perguntar porque eu não fui à aula hoje?

Ela ainda me olhava como se eu fosse louco. E acho que estou mesmo.

- É.. foi isso mesmo. -respondi sem graça. Coloquei as mãos no bolso da calça. - Então, você ta bem?

- Você é bipolar ou algo do tipo? -perguntou de supetão!

-Porque ta perguntando isso?

-Itan, ontem mesmo você praticamente falou que não me quer na sua vida; e hoje já são quase onze horas, e você aparece na minha porta pra perguntar se eu tô bem? - perguntou com incredulidade.

-Eu não disse que não lhe queria na minha vida. Só que não era bom que você esteja... na minha vida. É complicada demais. - disse por fim.

-Ah e você acha que a minha não é? Droga! Eu só perguntei sobre a sua mãe! - suspirou - Vai embora. - e passou por mim pra jogar o lixo.

Fiquei olhando-a indo. Esse era o problema. Eu não queria que ela conhecesse minha mãe, era um assunto delicado demais.

Mas eu não havia ido ali para falar sobre mim. Era sobre ela. E eu não sairia dali até saber o que foi que aconteceu.

-Você ainda ta aqui? -perguntou ela parando na minha frente.

-Estou. Você ainda não respondeu minha pergunta. -respondi decidido.

- Sim, eu estou bem. Agora é sua vez. Por que está aqui? E não venha me dizer que veio saber porque eu não fui à aula hoje ok? Não finja que se importa. -falou essa última parte num sussurro.

Pensei sobre isso. Porque eu estava ali afinal?
Ainda estávamos em frente ao seu apartamento.
Decidi ser sincero.

-Eu queria saber se você estava bem. Aquilo que aconteceu na lanchonete hoje, eu.. você não apareceu mais e eu queria saber se estava bem. -respondi simplesmente.

Ela apenas me encarou. Por longos segundos.

-Porquê? -sussurrou. E meu coração se jogou de um trem em movimento.

-Eu não sei. -sussurrei de volta.

Mais segundos em total silêncio.

- Me fala o que aconteceu com você. - perguntei por fim. Nos encaramos.

-Quando você conhece alguém, você conta tudo sobre si pra essa pessoa? -perguntou baixinho.

Pensei sobre isso, eu também tinha muitos segredos e mesmo se quisesse, ainda não estava pronto para revelá-los a alguém. Nem para ela.

-Eu lhe contarei tudo quando for o momento certo. - continuou, virando-se para entrar no ap.

-Eu posso entrar? -perguntei inocente.

-Não. -respondeu de imediato.

-Porque não?

- É tarde. Sou uma moça. Não estou vestida decentemente para receber uma visita, principalmente de um rapaz.
Não me importo com o que as pessoas falam mas não quero dar-lhes motivos para falar. Vá embora. Nós conversamos outra hora. -falou bem depressa. - E eu nem conheço você direito. -brincou dando de ombros e com sorriso maroto.

Sorri de volta.

- Essa é a maneira mais educada de se expulsar alguém que já vi em minha vida.

Ela deu uma gargalhada.

Gostei disso.

-Boa noite Itan.

- Boa noite Katielly.

E eu fui embora.

"E eu nem sabia, mas minha mente e meu coração já lhe pertencia... Era inevitável, eu a Amava."

Beijos, lis ^^

O desejo do coração de DeusOnde histórias criam vida. Descubra agora