Grito

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         Deveria ter algum motivo para tudo aquilo estar acontecendo porque se não tivesse eu voltaria a odiar a vida com todas as minhas forças.

         - Como está Richard? - perguntou minha mãe no telefone, enquanto conversávamos às 5 horas da manhã.

         - Não sei dizer... Ele está em estado grave mãe, mas ontem eu jurava que ele tinha apertado minha mão. Eu estou tão mal...

        - Quando for umas 8 horas eu apareço aí. Vou com o Dylan. Enquanto isso eu quero que saiba que tudo vai dar certo. Ah, cuidado para não esquecer de tomar seus remédios.

         - Pode deixar mãe, obrigada pela preocupação. Eu vou desligar agora... Te espero - falei sonolenta.

        - Okay, fique bem. Te amo filha, tchau.

        Desliguei o telefone e fui até a lanchonete do Hospital. Comprei um salgado e um chocolate-quente e me sentei numa mesa. Me admirei de a lanchonete estar aberta tão cedo. Comi devagar em silêncio mas com a mente explodindo de tantos pensamentos, todos tão confusos que me deixavam com dor de cabeça. Não conseguia acreditar que Richard estava entre a vida e a morte, aquilo fazia meu coração arder. Talvez eu morresse de parada cardíaca e não de câncer, já que meu coração não suportava mais tantos problemas.

        O Hospital estava silencioso, o que me fez estranhar, já que deveria ter ter um monte de enfermeiros por todo canto, mesmo cedo. Então me veio uma estranha sensação e percebi o que realmente estava acontecendo: eu havia passado mal novamente. Olhei para o lado e vi meu corpo no chão, como se eu tivesse passado mal depois de comer. Foi quando de repente vi várias pessoas me ajudando e colocando meu corpo numa maca.

        - Isso já tinha acontecido com você antes não é? - perguntou Richard que apareceu do nada do meu lado.

        - Richard o que você..?

        - Estou vagando por aí já tem um tempo... Desde que eu sofri o acidente tenho visto você vir me ver e tudo mais. O problema é que você passou mal por conta do meu acidente e...

        - E agora eu estou aqui - falei o interrompendo.

       - Será que consigo te tocar? - ele perguntou me olhando com um leve sorriso.

        - Não sei - devolvi o sorriso, então ele veio até mim e me abraçou. Senti seu abraço da mesma maneira, não fazia diferença nós não estarmos com nossos corpos naquela hora. Ainda me sentia viva.

        - Não acredito que isso esteja acontecendo, - ele disse rindo um pouco - não sei se fico feliz. Queria que você estivesse bem, mas ao mesmo tempo também estou feliz de você estar me ouvindo, isso me faz me sentir melhor.

        - Eu sei - sorri -, era agoniante quando eu te via e tentava falar, mas você não me ouvia.

         - Evelyn você quer ir se ver? - ele olhou para baixo um segundo - Isso é tão estranho de se dizer.

        - É estranho sim - ri baixo -, quero sim, saber o porquê estou morrendo de novo.

         Procuramos por onde meu corpo poderia estar e descobri que era um ao lado do quarto de Richard, estaríamos de uma forma e de outra juntos, estava muito confusa.

         Depois algo ainda mais estranho aconteceu: um enfermeiro gritou dizendo que precisava de ajuda para socorrer um garotinho chamado Dylan Bennetti que passava mal no refeitório, então eu e Richard corremos até lá. Ele estava engasgado e tocia muito, ficando com o rostinho roxo. O prédio do Hospital começou a desmoronar, muito concreto caia e matava várias pessoas que não conseguiam fugir. Eu tentei proteger meu irmão mas acabei fracassando por eu ser apenas um espírito, foi quando ele morreu sem que eu pudesse ajudá-lo. Então acordei.

        - Filha você está bem? - disse minha mãe ao meu lado com Dylan me olhando assustado.

        - Filha você está bem? - disse minha mãe ao meu lado com Dylan me olhando assustado

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