"Richard está se recuperando milagrosamente, como se de repente tivesse arranjado algo pelo que lutar", ouvi o doutor conversando com a Sra. Acker enquanto eu despertava de um "confortável" cochilo na poltrona. Me levantei e me aproximei dos dois devagar, então o doutor saiu e eu fui até a Sra. Acker.
- O que o doutor disse, Sra. Acker? - observei que ela estava muito abatida, com os cabelos bagunçados e olheiras.
- Disse que ele está se recuperando milagrosamente. Eu estou muito aliviada querida, você não imagina o quanto. Disse também que em breve ele vai poder conversar conosco normalmente.
Apenas sorri, então disse "que bom, fico muito feliz", então saí. A verdade é que meu coração estava muito acelerado e a felicidade que eu sentia fazia minha esperança aumentar. Preciso ter fé, às vezes é tudo que me resta.
Se passou um mês desde o acidente de Richard. Eu que tinha ficado muito tempo no hospital, acabei sendo demitida do meu trabalho e atrasei diversos trabalhos da aceleração. O interessante é que eu não me importava, e acredito que era porque eu dava muito mais valor aos que eu amo do que qualquer outra coisa. Só que amar Richard mesmo não sendo mais nada dele fazia parecer que aquilo era algo meio doentio, talvez fosse pelo mesmo motivo de sempre: não sei lidar com minhas emoções.
Peguei minha bolsa e fui para casa, pagando um táxi com o restinho do meu dinheiro. Ao chegar, fui direto para meu quarto, jogando a bolsa na cama e indo direto para o banho. Ao terminar, me encarei no espelho por alguns minutos, observando meu rosto. Eu não parecia tão triste quanto antes, isso me arrancou um leve riso. Fui para meu quarto de toalha, e dei de cara com Violet que me deu um susto.
- Fiquei sabendo que Richard está melhor, como a gatinha está se sentindo? - ela me olhou com um sorrisinho.
- Estou muito feliz, - falei rindo dela - mas ao mesmo tempo que estou feliz, acho que nada vai mudar, me sinto estranha.
- Como assim nada vai mudar? - ela me olhou curiosa.
- Entre eu e ele. Vamos continuar sendo ex-namorados. Nem amigos nós somos mais... Me sinto tão infantil, eu deveria superar essa paixãozinha adolescente.
- Você sabe que não foi só uma "paixãozinha adolescente" - ela fez aspas com a mão -, não é?
- Às vezes gostaria de parar de sentir. Seria tão mais fácil simplesmente não me preocupar com isso...
- O que importa agora é a saúde dele Evelyn. Pare de pensar no depois. Eu sempre vivo pensando no presente, não vou dizer que dá certo, mas pelo menos eu não fico me preocupando com problemas que ainda nem existem. Deveria pensar nisso.
- Acho que você tem razão. - ficamos em silêncio por uns segundos - Okay, agora eu tenho que me vestir, daqui a pouco falo mais com você.
Ela riu um pouco, então saiu do quarto. Fechei a porta e me vesti, colocando um vestido amarelo que eu tinha ganhado de Violet, então saí do quarto penteando os cabelos. Ela estava abrindo a porta quando cheguei na sala, e para minha surpresa, era Dylan.
- Bom dia Violet - ele disse para minha amiga que dava um sorriso suspeito -, ah, oi Evelyn, preciso falar com você.
- Bom dia Dylan, está tudo bem? - o observei confusa.
- Está sim - ele me olhou nos olhos - o que eu vim fazer aqui é muito simples.
- E é o que? - o encarei.
- Isso. - Ele disse me beijando.
Fiquei assustada, mas não o empurrei. Seus lábios tinham o sabor de biscoito de morango. Gosto de morango.
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Só Mais Um Dia - Parte II
RomansaEvelyn retoma sua vida depois do coma de uma forma diferente, volta a estudar e finalmente começa a trabalhar, o que a faz sentir que sua vida entrou no eixo. O que não esperava é que sua história com Richard talvez ainda não tenha tido um ponto fin...