Evelyn retoma sua vida depois do coma de uma forma diferente, volta a estudar e finalmente começa a trabalhar, o que a faz sentir que sua vida entrou no eixo. O que não esperava é que sua história com Richard talvez ainda não tenha tido um ponto fin...
- Por que estava tão perto da minha casa? - eu o encarei - Sei que mora longe daqui.
- Pode parecer ridículo, mas eu estava indo te ver. Não sei se você abriria a porta, mas estava disposto a falar algumas coisas que tenho guardado comigo há um tempo - ele disse tentando sorrir.
- Eu quase te derrubei esbarrando com você, então… acho que tem esse direito - ri.
- Então Evelyn, sei que não fui o melhor namorado do mundo e não fui capaz de fazer você se apaixonar por completo por mim, nem mesmo desejar, não sei, se casar comigo, mas saiba que infelizmente eu fui capaz de te amar assim. Eu nunca senti por ninguém o que ainda sinto por você. Não é só pelo fato de que você lida incrivelmente bem com os problemas, mas pela pessoa doce e boa que você é. Perto de você eu me senti de uma maneira que há muito tempo não me sentia: real. Sei que isso não significa muito agora, mas eu precisava que soubesse. Eu te amo.
Fitei os olhos de Dylan por alguns minutos. Não sabia o que estava sentindo mas era algo bom, ouvir isso dele era importante, de alguma maneira.
- Talvez eu não tenha sido capaz de amar inteiramente você, mas não tenha dúvidas do que senti por você tenha sido um dos sentimentos mais lindos que já tive. Te encontrar naquele trem, naquele dia, foi umas das experiências mais significativas que já vivi. Nada vai mudar o que vivemos juntos, nada vai mudar o que sentimos um pelo outro naquela época. Mas eu não posso te dar mais que isso - falei segurando sua mão.
- Entendo, e não peço que me dê mais que isso. Sei que ama Richard e que vai se casar com ele. Espero muito que seja feliz, você merece alguém que seja capaz de expandir toda essa imensidão de coisas boas que vive em você. Obrigado por me ouvir, mas por quê estava chorando?
- Eu… - respirei fundo - Não estou certa de que vou me casar. Eu o amo, muito, mas não sei se seria o melhor para ele. Quando eu morrer ele vai ser um viúvo de 20 e poucos anos, isso não é justo.
- Evelyn existem pessoas que vivem uma vida longa mesmo com câncer. Será que você não está se matando antes da hora? Quero dizer… Você tem o direito de se permitir viver, não se casar com ele vai fazê-lo sofrer muito mais porque isso sim vai ser sua culpa e sua escolha.
- Pensando assim, você tem razão. Mas ainda assim, queria que as coisas fossem diferentes. Só queria ter tempo.
- Você tem tempo - ele sorriu - vi num livro uma vez que “alguns infinitos são maiores que outros”. Talvez seu infinito não seja o maior de todos, mas não deixa de ser infinito, certo?
- Você leu a Culpa é das Estrelas - segurei os ombros dele rindo - gosto um pouco mais de você agora.
- Sim, eu li - ele riu e me olhou de uma maneira apaixonante.
Ficar num café com Dylan me fez relembrar de coisas que eu acreditava ter perdido ao longo do tempo. Voltei até a época em que minhas preocupações eram apenas relacionadas ao que eu sentia e como me saía em testes bobos da escola. Me lembrou do tempo em que minha mente se ocupava com livros que lia e com casais que queria imitar quando amasse alguém. De alguma forma ele fez me sentir criança novamente. Não sabia a razão pela qual consegui sentir isso, mas era bom.
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