Quem Eu Sou

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          Encarei Richard por um momento. "Como ele pode dizer isso?", pensei. Ele estava com uma aparência terrível, o corpo coberto de hematomas, enfaixado em todos os cantos, um olho roxo, ou era olheira? Tudo se junto formava um Richard quebrado e aparentemente idiota.

         - Quer saber quem eu sou, não é? - o olhei com os olhos semicerrados – Eu sou a garota que você nunca conheceu porque a abandonou com apenas três anos e meio – Ele olhou para baixo – Sou a menina que chorou durante a adolescência inteira porque têm câncer! Sou a pessoa que se sente morta há anos, mas que não diz nada porque ama os pais. Sou a menina que não viu o irmão nascer mesmo acompanhando o desenvolvimento dele durante 4 meses. Sou a garota que se apaixonou estupidamente por um amigo de infância mimado que nunca soube o que era temer a morte durante longos seis anos... Essa sou eu, Richard. E é claro que você não sabia, porque você NUNCA me conheceu.

         - Se eu fosse você eu não diria nada. – Dylan disse me abraçando depois que fui até ele com lágrimas nos olhos – Só se você quiser perder mais uns dentes, é claro.

         Dylan tinha entrado no quarto depois que ouvira os meus gritos, alguns segundos antes de eu chorar, seu abraço fazia me sentir protegida de uma forma que nunca havia sentido antes. Ele lançou um olhar assassino à Richard, que simplesmente deixou algumas lágrimas caírem. Então saímos de lá, e eu ainda mantinha minha cabeça apoiada no ombro de Dylan.

         - Acho melhor você parar de chorar – Dylan falou com raiva – Antes que eu termine de matar o Richard.

          - Não faça nada com ele, Dylan. Ele acabou de acordar, nem deveria ter dito aquilo tudo... Foi inevitável...

          - Quero que entenda que vocês dois não são mais um casal – ele me deu um beijo na testa, um na bochecha e um na boca – Eu estou aqui agora.

         Comecei a rir de repente, então ele secou minhas lágrimas e me abraçou forte novamente. A ideia de ver Richard nunca tinha sido tão estúpida, ainda mais considerando que eu apresentei meu namorado a ele no mesmo dia que tudo havia acontecido. Eles jamais poderiam se tornam amigos um dia.

         - Filha, o que houve? - minha mãe apareceu do nada no corredor, apressada ao ver meus olhos vermelhos.

       - Nada, só uma conversa difícil mãe...

          No outro dia pela tarde, comecei a tomar um novo medicamento que não me agradava: um gosto horrível e me dava muito sono e falta de motivação. Era necessário, pois meu quadro estava estável, não perfeito. Tinha tanto medo de não ter tanto tempo assim para fazer as coias que imaginava, que tudo perdia o sentido por um instante. Sentia-me mal por não planejar um futuro, e medo de não ter um.

 Sentia-me mal por não planejar um futuro, e medo de não ter um

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Só Mais Um Dia - Parte II Onde histórias criam vida. Descubra agora