Evelyn retoma sua vida depois do coma de uma forma diferente, volta a estudar e finalmente começa a trabalhar, o que a faz sentir que sua vida entrou no eixo. O que não esperava é que sua história com Richard talvez ainda não tenha tido um ponto fin...
Fui até a casa de Dylan com fogo nos olhos. Apesar de Violet nunca ter sido santa, eu não deixaria que ele fizesse isso com minha melhor amiga, porque querendo ou não ela não tinha absolutamente nada a ver com o que tinha acontecido entre mim e ele. Ela não tinha que ser a pessoa que serviria de consolo para uma pessoa que eu decidi largar. Não mesmo.
- Você está achando que as coisas funcionam assim? - gritei depois que Dylan abriu a porta.
- O que não funciona? - ele me olhou com raiva - Nós já terminamos, ou melhor, você me trocou por um doente. Quer dizer...Doente mental e pior, um doente todo quebrado por ter batido o carro por conta de você. Será que você não percebe que você machuca as pessoas, Evelyn Benetti?
- Não machuco as pessoas. Me apaixonei por você por um tempo, mas nunca te amei. Porque eu sempre amei Richard - algumas lágrimas desceram dos meus olhos.
- Eu sei, mas eu tentei fazer você seguir em frente, então espero que você também me deixe seguir. Eu quero Violet, você nunca vai entender de que jeito porque você é pura. E eu também confesso que nunca te amei de verdade, mas também me apaixonei. Só espero que você e Richard sejam felizes, mas não interfira mais na minha vida. Você já fez o suficiente garota.
- Não é com você que eu me preocupo. Violet merece alguém que a ame além do que você quer. Ela não é um objeto, ela é uma mulher. E é a MINHA MELHOR AMIGA. Você não é ninguém importante então não machuque a minha amiga se não eu nunca mais vou te deixar em paz. Pare de se achar o pobre coitado ferido, pois como você mesmo disse, VOCÊ que é o HOMEM. Eu tenho câncer e sou menos fresca em relação a vida. Dylan, o mais doente aqui é você.
- Okay - ele disse fechando a porta.
Saí com algumas lágrimas nos olhos, eu não esperava ouvir aquilo. Mas eu não queria que ninguém sofresse por conta dos meus erros, muito menos Violet. Eu já não tinha mais 15 anos, e mesmo que fosse difícil para mim amadurecer, eu seria assombrada pelo meu passado enquanto ainda vivesse, pois ainda tenho câncer. Isso nunca foi um motivo para me superar, eu só tinha que aprender a lidar. E pior que o fato de se esperar a morte, era caminhar ao lado dela sem medo. Eu teria que aprender a andar ao seu lado sem temer, e mesmo que eu morresse hoje, gostaria de morrer sabendo que fiz mais que ontem.
"Onde você estava??", foi a primeira frase que li quando liguei o celular logo depois de ter chegado em casa, era mensagem de Richard. O que eu diria a ele? "Estava xingando o meu ex porque ele é um tarado e quis coisa de mais com a minha melhor amiga". Resolvi ignorar a mensagem. Dylan, meu irmãozinho, apareceu ao meu lado com um exemplar do Harry Potter e pediu para que eu lesse para ele.
- Harry Potter e o Cálice de Fogo? - perguntei enquanto ria dele tentando ficar em pé com o livro em mãos.
- Ele lança p-poder da varinha, o Uislei tem medo das arranhas.
- Ele tem medo das o quê? - Comecei a rir - Antes você tem que ler o primeiro, que é "Harry Potter e a Pedra Filosofal". É bacana também, acredite.
- Cansei do Voldimortes - ele disse convicto de que era esse o nome do vilão.
- Cansado de quem? - perguntei novamente.
- Você- Sabe- Quem.
- Garoto esperto - falei entre risos.
Peguei meu irmão no colo e lhe dei um beijo na bochecha. Ele ainda era a única pessoa no mundo que me entendia. Ou melhor, que me demonstrava o que era amar.
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