Me Abrace

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          - Não é algo difícil de se viver - disse Violet rindo - quando casar vai entender que é algo que melhora muito a relação.

          - Melhora como? - perguntei curiosa.

          - Digamos que... apimenta as coisas, e você vai desejá-lo de uma forma diferente. Vai passar a ter uma paixão maior, e não só esse amor puro que você sente, entende?

          - Mas… sou muito covarde. Tenho medo de, não sei, entrar em pânico.

          - Evelyn, calma. É tudo novo, mas vai ser bom conhecer tudo isso com ele, afinal, é com alguém que você ama. Não fiz essa mesma escolha e me arrependo.

          - Eu sei - comecei a rir - isso é tão estranho, até de conversar. Obrigada por ser essa amiga, próxima o suficiente para termos essa conversa.

          - É mais normal do que parece, acredite em mim. Daqui uns meses vai ser super normal falar sobre isso - ela disse sorrindo.

          - Tomara - sorri.

          Continuamos a caminhada em silêncio apenas sentindo a brisa bater em nossas faces. O dia fazia sol, e eu gostava da sensação dele em minha pele, de alguma forma fazia-me sentir viva, como se eu jamais fosse desaparecer. Não estava completamente certa de que casar com Richard fosse a melhor decisão. Quero muito casar com ele, mas será que ver uma esposa morrer não seria pior do que ver apenas uma namorada partir? Não suporto a ideia de que ele poderia passar anos tentando superar a minha morte, e ser viúvo tão jovem. Seria capaz de fazer qualquer coisa para impedi-lo de sofrer, mas não seria eu a primeira a causar toda essa dor? Esses pensamentos me torturavam todos os dias e conviver com eles era a coisa mais difícil que fazia.

          Voltei para casa meio atordoada, sem saber como lidar com as coisas. Mais difícil do que esperar pela morte era ter que lidar com o fato de que eu jamais poderia mudar as consequências dela, e isso me matava aos poucos. Talvez se eu tivesse uma data, ou uma previsão as coisas seriam mais fáceis. Minha maior dor era a que o incerto causava, era o que mais me adoecia. Talvez eu existisse para isso, apenas para provar para as pessoas o quanto é difícil a incerteza, porque mesmo que o câncer me mate, a real causa da minha morte será não saber. Viver não me parecia tão feliz, não mais.

          Peguei uma mochila com algumas roupas, preparei um lanche na cozinha, guardei e então saí novamente. Fiquei andando atordoada sem saber o que fazer e sem saber para onde ir. Então coloquei meus fones e a música no volume mais alto, e sem saber o porquê comecei a chorar. Já tinha escurecido, então não me preocupei em alguém me ver assim, então esbarrei com Dylan.

          - Desculpa - falei e então continuei andando.

          - Espera. - ele disse segurando meu braço - Você está chorando.

          - Não importa - falei rude - tenho que ir.

          - Evelyn, calma. Sei que não somos mais tão amigos, mas me deixe pagar um café para você, está precisando.

          - Okay - respirei fundo - Não vou recusar um café.

          Continuei olhando para Dylan, em silêncio. Então ele me abraçou e eu tornei a chorar em seus braços.

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Só Mais Um Dia - Parte II Onde histórias criam vida. Descubra agora