Silêncio

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           - Quer que eu passe aí? - perguntou Dylan depois que contei a ele que eu estava no hospital por causa de Richard.

          - Não precisa Dylan, aqui está tudo bem. Ele está sendo cuidado da melhor forma possível. - disse no telefone enquanto observava Richard pelo vidro de fora do quarto, algumas enfermeiras faziam testes com ele para ver se seus sentidos respondiam.

          - Ele ainda está inconsciente?

          - Mais ou menos. Ele já acordou mas não entende nada do que a mãe dele fala, o doutor disse que é por causa dos remédios.

          - Olha, sei que não precisa mas eu vou aí. Estou indo por causa de você, e não por causa do seu ex-namorado, até porque nem conheço ele - disse Dylan parecendo decido.

         - Hum... Okay então, vou ter que desligar agora, te espero - não sabia mais o que dizer - tchau.

         Desliguei o telefone um pouco confusa, então me virei e dei de cara com Harry segurando meu irmãozinho no colo. Harry estava com uma jaqueta marrom, calças jeans e usava um boné.

         - Oi Harry - falei e ele colocou Dylan no chão e me abraçou forte.

         - Como você está? - ele me perguntou enquanto ainda estávamos abraçados - Fiquei sabendo do que aconteceu com Richard.

         - Eu não sei - algumas lágrimas desceram dos meus olhos - ainda bem que você está aqui Harry.

         - Sua mãe que me ligou, - ele disse sério -você deveria ter me falado. Somos amigos, não somos?

          - Desculpa Harry, tantas coisas estão passando pela minha cabeça que eu nem lembrei de te contar.

          - Tudo bem - ele passou a mão no meu cabelo - Vamos sentar.

         Depois de nos sentarmos numas cadeiras que ficavam à frente do quarto de Richard, Harry colocou meu irmãozinho no colo e continuamos a conversar. Harry que antes parecia uma ameaça para o meu namoro com Richard, se tornou a única coisa boa que tinha saído daquela história. Ele não tinha sido um dos motivos do término do meu namoro e mesmo que eu nunca tenha dado chances a ele, Harry continuou ao meu lado e se revelou um ótimo amigo. Sabia que com ele eu poderia contar.

         Dylan chegou, e como sempre, estava usando terno. Ele parecia ter vindo com pressa, pois estava com o cabelo um tanto bagunçando e carregava uma pasta molhada. É claro que isso não o impediu de me abraçar.

        - Evelyn como você está? - ele disse após me abraçar - Está aqui desde quando?

        - Estou bem, meu amigo Harry e minha mãe e meu irmão estão aqui comigo. Fora a família de Richard, claro.

        Harry se levantou, deixou meu irmão na cadeira e veio até nós.

        - Oi, eu sou o Harry - ele levantou a mão para um aperto -, sou um grande amigo da Evelyn.

        - Oi Harry, eu sou Dylan, um... - ele parou para pensar um instante - um amigo da Evelyn.

        Olhei para os dois por alguns segundos em silêncio, então ri baixo. Pareciam querer disputar o nível de amizade comigo.

        - Agora que já se conhecem me dêem um minuto, vou falar com a minha mãe - falei pegando meu irmão no colo - Já volto.

         Fui até a lanchonete que era onde minha mãe estava. Ela comia alguns pães de queijo e tomava café, enquanto assistia ao noticiário, com um semblante um pouco preocupado.

         - Oi mãe - me sentei numa das cadeiras livres da mesa onde ela estava - como você está? E papai, trabalhando?

        - Oi filha - ela sorriu para mim e Dylan que estava em meu colo -, estou bem e sim, seu pai está no trabalho, mas disse que vem assim que der. Mas e você? Seu olhar parece tão triste... Não fique assim filha, vai dar tudo certo.

         - Vou melhorar, mas antes preciso saber se Richard também vai... Sei que nós terminamos mas ele é muito importante para mim mãe...

       - Sei que você o ama Evelyn e é por isso que eu não consigo acreditar que vocês tenham terminado. Era tão lindo ver os dois juntos. Sinto saudade de me preocupar com você estar namorando pela primeira vez. - ela riu um pouco - A felicidade sumiu do seu rosto desde que você acordou do côma. Eu só quero que você seja feliz...

        Ficamos em silêncio por um tempo. Observei minha mãe deixar algumas lágrimas escaparem e acho que ela também observou o mesmo em mim. Nossos corações não se mantinham na primavera como eu esperava. Sentia que nossas almas permaneciam no mais frio inverno e que nossos sentimentos estavam tão confusos quanto uma tempestade. Gritávamos no silêncio de nossa existência.

 Gritávamos no silêncio de nossa existência

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