Inconveniente

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         - Que má sorte Evelyn, - disse Violet rindo um pouco - você consegue achar uma assombração em cada canto que vai. Como consegue ter tantos ex-namorados?

          - Eu não tenho muitos ex-namorados, só um e um garoto que gostou de mim. Mas sobre a má sorte... Você tem razão. Talvez a vida não goste tanto de mim assim. Dylan tem que vir ao Green Park justo quando eu resolvo aparecer aqui? - coloquei as mãos no rosto e revirei os olhos.

          - Espero que sua mãe não ligue para ele atrás de você - ela murmurou.

          - Ela mataria o Richard, ele iria ficar especulando um monte de coisas, espero que ela não faça isso, eu morreria também...

          - Eu também levaria um susto se sua mãe me ligasse - Disse Dylan aparecendo de repente atrás de nós, o que quase me fez ter um infarto - Não se preocupe, eu não te entregaria.

          - O que faz aqui garoto? - Violet perguntou ríspida.

         - Até onde eu sei é um parque público, muitas pessoas vem aqui, e minha casa fica perto daqui, aliás - Ele respondeu olhando para mim - E vocês, o que as trazem aqui?

         - Bom, coisas de sempre sabe, minha morte foi marcada para amanhã e vim pedir para que sepultem meu corpo aqui. Talvez o parque passe a se chamar "Green Benetti Park" - falei tentando ser irônica.

          - Não se preocupe, você não vai morrer tão rápido, só as coisas boas se vão rápido. Você ainda vai enrolar muito aquele teu namorado, como é mesmo o nome dele? Ah é, o babaca se chama Richard - ele falou com um rosto malicioso.

          - Ele não é babaca só porque preferi ele a você. E se quer saber, acho muito difícil que alguém te ame de verdade algum dia. Você é mais repugnante do que bonito, e eu sinto muita pena de pessoas como você.

          Depois de dizer isso vi o quanto isso deixou Dylan ferido. Provavelmente ele dizia aquelas coisas por raiva da nossa história mal resolvida e talvez lá no fundo ele ainda gostasse de mim.

          - Desculpa Evelyn, de verdade - agora ele parecia falar mais sério -, a verdade é que eu não consigo entender o porquê tudo aconteceu dessa forma. Queria voltar no tempo e ter aproveitado tudo o que tivemos. E nem por um segundo eu desejo que piore de saúde ou algo assim. Mesmo depois de tudo, quero seu bem...

          - Tudo bem Dylan... Só quero que saiba que mesmo depois de tudo também quero seu bem.

          Ele concordou e saiu andando depressa. Era muito difícil superar as coisas que aconteceram na minha vida, as pessoas que eu feri. Me culpava por tudo que poderia ter sido diferente. Eu queria ter amado Dylan, mas talvez tudo que eu senti por ele fosse só uma maneira de me livrar do sentia por Richard. E isso é a pior coisa que pode se fazer a uma pessoa em um relacionamento, enganá-la e enganar-se.

          - Ele ainda gosta de você - Violet disse depois de um breve momento de silêncio - Mas te odeia por ter o deixado pelo Richard. Sabe disso, não sabe?

          - Infelizmente, sei sim. Parece que eu não me canso de ferir as pessoas.

          - Evelyn, você não fere as pessoas, fez o que era certo. Não podia ficar enrolando o cara com um sentimento que não existia, isso seria cruel.

          - Mas odeio essa situação, o mal estar, a forma como ele me olhou...

          - Ele é muito gato, uma hora alguém fisga ele, relaxa.

          Comecei a rir, Violet tornava todos os meus dramas em piada, o que de certa forma aliviava minha dor. Continuamos andando por um tempo, e o assunto sobre Dylan foi se dispersando de uma forma que nem lembrávamos muito do que havia acontecido. Quando se passaram mais meia hora depois daquilo, resolvemos ir embora. Caminhamos até a saída em passos rápidos e fomos até o carro.

          O caminho até o hospital foi silencioso, e passei todo o tempo observando a movimentação da cidade. Quando chegamos, estranhamente ninguém havia notado o meu sumiço. Violet me ajudou a voltar até o quarto e eu devolvi sua touca e ela me ajudou a tirar a maquiagem.

          - Não precisam fingir que não saíram, eu vi quando chegaram - disse um enfermeiro entrando no quarto. Fiquei apavorada, mas então quando ele tirou a máscara o reconheci, era Harry.

          - Harry?- falei ficando mais aliviada- O que faz aqui? Você não era cozinheiro?

         - Violet me emprestou essa fantasia ridícula para que eu pudesse fazer uma surpresa. De acordo com ela, você precisa de "rever bons amigos antes que fique louca com essa doença estúpida" - Ele disse entre sorrisos.

          - Bem típico dela - falei o abraçando -, e como você está? O que tem feito?

          - Está tudo bem, continuo trabalhando no restaurante, agora estou namorando e...

         - O que? - Eu o interrompi quase num grito - Namorando com quem?

          Harry e Violet se olharam por um tempo e então começaram a rir. Então ele me olhou e disse:

         - Estou namorando a Violet e tem uns dois meses.

          - A Violet? E ninguém se dá o trabalho de me contar há tipo... Uns DOIS meses atrás? - disse um pouco indignada.

          - Não queria encher sua cabeça de besteiras Evelyn. Você estava cheia de preocupações com o tratamento e tudo mais, contar sobre Harry seria... Seria estupidez. Eu nem sei como você reagiria... Querendo ou não vocês tiveram algo - Violet explicou.

          - Aquilo é passado, nunca reagiria mal quanto a isso. Vocês merecem ser felizes. Acho que ficam bem juntos - falei sorrindo.

          Ela e Harry riram um pouco e depois deram um selinho, o que foi extremamente fofo, mesmo vindo de Violet. Ficamos conversando um pouco, até que Harry e Violet precisaram ir, e acabei ficando sozinha. Deitei na cama do Hospital e fiquei pensando em tudo que havia acontecido e como havia sido bom sair um pouco. Às vezes o que eu precisava era me afastar de tudo e esquecer dos problemas que existiam.

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