Parede de vidro

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          Não sabia ao certo que horas eram, ou onde eu estava. Tudo que me lembro era que o chão estava frio e tudo parecia escuro. Minha cabeça girava e minha visão estava embaçada. Ao levantar senti-me tão fraca que acabei caindo de novo. “Que droga!”,pensei. Olhei para frente buscando saber onde eu estava, parecia ser uma floresta, mas não exatamente onde eu estava e sim o que vinha em seguida. Quando consegui ficar de pé sem cair, fui em direção à floresta, mas algo me impediu. Havia uma parede de vidro enorme que me impedia de seguir em frente, eu estava presa, e essa foi uma das piores sensações que já senti. 

          - É impossível sair - disse uma garotinha ruiva que aparentava ter uns 6 anos. Ela usava um vestido vermelho aveludado, um sapatinho preto e uma coroa de plástico dourada - nunca vamos nos conhecer.

         E de repente aquele pareceu ser meu maior desejo no mundo. Precisava abraçar aquela garotinha. Então comecei a bater muito forte no vidro, desesperadamente. Lembro-me de estar chorando e eram lágrimas de sangue. Até que tudo ficou escuro novamente e a garotinha desapareceu, assim como eu.

          Acordei com gritos de desespero e minha visão estava embaçada novamente. Presa a uma maca, pessoas corriam comigo no corredor de um hospital, foi quando soube que provavelmente estava morrendo.

          Acredito que eu havia sido sedada, porque apaguei outra vez, onde eu dormia tranquilamente, e aquilo não poderia ser normal. De repente eu estava em pé, caminhando pelo hospital, eu sabia o que estava acontecendo: ou estava morta, ou quase isso. Corri até onde deveria ser meu quarto e encontrei Richard segurando forte a minha mão. Meu corpo estava pálido e um tanto gelado, mas eu ainda estava viva.

          - Eu já quase te perdi tantas vezes… E em todos esses momentos eu morro com você. Evelyn como tudo vai ser se você se for? Preciso que continue aqui. Amo você de uma forma que nunca amei ninguém… E quantas vezes ainda vou ter que te ver morrer? E de quantas maneiras vou ter que implorar que você fique? - Richard dizia chorando ao meu lado.

         Estava à um fio de desaparecer para sempre. O que eu faria? Não poderia morrer, eu me casaria com Richard, agora tinha certeza de que queria isso. Mas a morte consumida minha existência toda vez que conseguia sentir a vida. Aquele era o destino inesperado de todos, porém eu sempre soube que logo aconteceria. A morte me acompanhava como uma sombra, onde eu fosse. E talvez o amor fosse algo que eu tivesse que abandonar durante o caminho.

 E talvez o amor fosse algo que eu tivesse que abandonar durante o caminho

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Só Mais Um Dia - Parte II Onde histórias criam vida. Descubra agora