Londres, Inglaterra
Paraíso
A noite estava fria e sem vida. Felizmente, não estava nevando. Nenhuma alma andava pela cidade de Londres, nem mesmo os Filhos do Abismo. Thais, Týr, que estava em meu ombro, Patrick, o soldado que fazia parte do time de Solomon, e eu seguíamos por uma rua de paralelepípedo. Não era uma das avenidas principais, e sim uma rua residencial estreita. Fui à frente, pois, com a magia de Týr, podia evitar mais facilmente qualquer inimigo no caminho. Thais estava no meio e Patrick atrás, protegendo a retaguarda.
Caminhamos em silêncio até chegarmos à entrada da estação King Cross, que estava sendo guardada por dois Filhos do Abismo, que, andando de um lado para o outro, conversavam sobre algo que eu não conseguia ouvir. Olhei para os meus companheiros e todos concordaram em uma coisa: não podíamos atacar os guardas, pois os outros imediatamente saberiam o que está acontecendo.
– Precisamos de uma distração. – Afirmei aos outros; estávamos abaixados e escondidos num ponto cego.
– Eu vou. – Patrick afirmou tirando uma flecha da aljava e preparando o arco.
– Tem certeza?
– Sim. Vou atraí-los para longe, o que vai alertar os outros lá dentro. Se der certo, vou levar o combate para longe da estação, então vocês podem invadir.
– Não acho uma boa ideia. – Afirmei. – Não sabemos quantos irão atrás de você. E se apenas aqueles dois forem? Digo, ainda assim dentro estarão todos os outros. Mas, se todos forem atrás de você, você estará em perigo.
– Não se o feitiço que ela fez der certo. – Retrucou. – Não se preocupe comigo.
Patrick andou até outro lugar ainda no ponto cego deles. Assim, ele saindo do esconderijo não levantaria a possibilidade de haver mais pessoas. Ainda trocando olhares, o soldado gesticulou com a mão: três... dois... um... E levantou gritando. Os Filhos imediatamente encararam o humano, sorriram e correram para capturá-lo. Sabiamente, ele não olhou para nós, para não dar qualquer sinal de que estávamos ali. Fiquei me perguntando o que Patrick fora em vida e se isso estaria afetando seu comportamento pós-morte. Thais e eu avançamos em silêncio para a porta.
– Týr. Você consegue sentir quantas almas há lá dentro? – Perguntei assim que cruzamos a porta e paramos na sombra de uma pilastra.
Isso era algo que não havia me ocorrido antes. E se Týr pudesse detectar as almas das pessoas e, assim, me dizer suas localizações. Seria mais fácil qualquer invasão.
– Eu não sei. Nunca tentei. Calma. – Ela acrescentou algumas palavras em sua língua materna. – Sim, posso sentir. De fato, posso até diferenciar as almas não possuídas dos Filhos. – Sorri. – Há quinze humanos e cinco Filhos. Mais sete estão se movimentando dentro de uma sala afastada. Melhor nos escondermos, alguns deles estão vindo nessa direção.
– Roger. – Confirmei.
Nós fomos mais para dentro da estação. Passamos as catracas e seguimos em direção as plataformas. Havia alguns trens parados ali, alguns estavam estacionados como se tivessem sido desligados em uma parada, enquanto outros tinham dois ou três vagões apenas alinhados ao concreto. Alguns Filhos, de acordo com Týr, passaram por nós sem nos perceber; estavam indo ajudar os dois que lutavam contra Patrick.
– As almas estão no último vagão deste trem. – Ela apontou para um que estava com apenas a locomotiva acessível da plataforma. – Há doze vagões. Quatro Filhos estão junto com eles no vagão e o quinto está no vagão antecessor.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Afterlife: Mundos
FantasyLeonard encontra-se pela segunda vez com a Morte e descobre que seus planos vão mais além do que imaginava. A Morte não revela apenas que ele não é seu único escolhido, mas que outros cinco estão espalhados pelo Paraíso apenas esperando que o herói...