Capítulo 32: Imitadora

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Emirados Árabes, Terra

Elena e Anúbis chegaram a Abu Dhabi a noite. Ela usou de magia para conseguirem um quarto num dos melhores hotéis da cidade. Não havia necessidade de discrição; se ela tinha o poder para se hospedar no melhor hotel da cidade de graça, por que não o fazer? Conjurou algumas roupas, que vinham de lojas que ela tinha visto na rua a caminho dali. Então, ordenou que Anúbis fosse até o lugar do qual o Criador tirou a terra para fazer o homem.

Ela tomou um banho na imensa banheira. Ficou tanto tempo ali, que não apenas seus dedos, como toda a palma de sua mão ficou enrugada. Lavou o cabelo com muito cuidado usando um shampoo que o hotel disponibilizava; depois, passou condicionador e deixou ali para amaciar, alisar e deixar o cabelo muito bonito. Pensou em cortar, mas mudou de ideia, pois Leonard gostava de cabelos cumpridos. Enxaguou com um chuveiro adjacente a banheira.

Pegou um telefone que havia ali, e pediu para o rapaz enfeitiçado da recepção para mandar subir uma bela refeição italiana com pelo menos três tipos de massa diferente, todas eram as favoritas de Leonard. Ela estava estupefata no quanto ele a influenciava, mesmo depois de morto; olha onde ela tinha chegado para tê-lo de volta.

Saiu da banheira sem se importar com a água que deixava ir ao chão. Pegou a fofíssima toalha de puro algodão e secou-se lentamente, sentindo a suavidade do pano na pele. Era como secar-se usando nuvens. Voltou ao quarto com uma toalha amarrada ao corpo e outra a cabeça. Não viu Anúbis, que deveria ter saído para algum lugar; bem, não importava. Quando precisasse dele, o chamaria.

A roupa escolhida serviria para continuar sua missão. Calças jeans pretas, camiseta regata branca e um casaco de couro preto que ia apenas até a altura das costelas. O ego e a confiança borbulhavam nela, logo ao lado do ódio que vinha alimentando; quando se olhou no espelho, via todos esses sentimentos em seus olhos. Para completar, pensou, falta apenas um óculos escuros, e ela os conjurou com um simples sussurrar de palavras mágicas.

Então foi a vez do cabelo. Foi até o banheiro, onde tinha, por coincidência, secador, escova, chapinha e muitas outras coisas para mulheres usarem em seus cabelos. Usou o que tinha ali para deixar seu cabelo ondulado, mas apenas nas pontas. Se ela fosse parte de um filme brega e clichê, sem dúvida estaria vestida para matar. Apesar de ser exatamente o oposto ao que pretendia fazer.

Encontrou Anúbis parado na porta de seu quarto, ele tinha a terra na mão. Ele tinha um olhar reprovador, ao qual ela ignorou sem muitos problemas. Ela levantou a mão apontando para a televisão; os arredores tornaram-se lilás e toda a pele de seu corpo, com exceção do rosto, ganhou palavras mágicas em várias língus. Algumas dessas palavras brilharam; um mapa surgiu na tela, com quatro pontos vermelhos. Elena sinalizou para que ele se aproximasse; mostrou o mapa.

– Há quatro Alans em Abu Dahbi, o que eu não esperava. – Ela falou, autoritária. – Vá até eles, e descubra quem é o que estamos procurando.

– E como vou saber?

– Eu não sei. Descubra. – Ela estava preocupada com outras coisas naquele momento, uma delas era a comida que estava chegando.

O deus virou um chacal, porém menor do que aquele que ela cavalgava. Ele correu pelo corredor; e saiu do hotel, fazendo o que lhe fora ordenado. Minutos depois, o serviço de quarto chegou. Não deu gorjeta, apenas bateu a porta depois de ela mesma ter puxado o carrinho.

Anúbis retornou uma hora depois; estava ofegante e trazia um rapaz consigo. Elena reconheceu-o imediatamente, pois o vira meses atrás, durante o velório de Leonard. Alan Rockbell fizera parte de sua turma nos anos que estudaram no Colégio Andersen.

Afterlife: MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora