Capítulo 37: Selva

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Outro lado da Montanha Solitária, Godheim

A Selva, como é conhecida a floresta do outro lado do grande rio Vaddon, é feita de árvores gigante – a maior árvore da Terra tem 25,9 metros de diâmetro; e essa não chega nem perto da menor árvore da Selva – e muito próximas umas das outras, ou seja, apenas o verde da luz do sol chegava ao chão. Havia árvores estranhamente curvilíneas, cujos troncos tocavam o chão e subiam novamente; metros depois, essa mesma árvore fazia novamente o movimento; era como uma árvore em ondas.

Os animais ali também eram absurdamente grandes; devia ser exatamente assim que uma formiga se sentia ao ver um ser humano. Felizmente, devido ao nosso tamanho diminuto, não chamávamos a atenção de predadores. Eu vi um pássaro como aquele que Lorde Kamil voava quando atacou Hwen. Encontramos a margem de cá do grande rio Vaddon; para chegar à Yarrin, tínhamos apenas que seguir o rio.

Enquanto caminhávamos, lembrei-me de como as árvores na Floresta Boann se regeneravam. Se o Ragnarök tinha destruído a Magia em Godheim, por que os Ents ainda tinham um monte dela para regenerar tantas florestas? Ainda mais, aquelas que estavam do lado de lá do mundo. Expressei meus pensamentos em voz alta, e Týr respondeu-me com seu mau humor corriqueiro:

– Eu disse que a magia das fadas foi quase toda destruída, não a magia de Godheim. – Ela não olhou para mim; tinha que prestar atenção no caminho.

À beira do rio, havia um urso gigante, que tinha duas caldas imensas e peludas, além de um terceiro olho, que estava à espera dos peixes com asas. Cada vez que um grupo pulava para fora d'água, o urso o pegava com a boca e o devorava ali mesmo, sem cerimônias. Quando isso aconteceu, depois de algumas horas de silêncio após o mau humor de Týr, eu comentei:

– Mas será que os Ents não têm como ajudar as fadas a recuperar a magia? – Eu estava perdendo muitos pensamentos nesse assunto, o que sem dúvida não agradaria a fada.

– Não. São tipos diferentes. Totalmente diferentes.

– Será que realmente não tem uma forma de aju...

Ela parou do nada, fazendo com que eu esbarrasse nela. Recuei; já ela não tirava seus olhos verdes brilhantes e sem praticamente pupila de mim. Týr estava com raiva, mais do que o natural.

– Você é surdo? – Ela vociferou; estava com tão irada que eu achei que ela iria me matar. – Ou idiota? Não, só pode ser retardado. O que eu falei? Se houvesse uma maneira de recuperar a magia, elas não teriam gastado tempo e, bem, magia para ir até o Paraíso para me buscar. E, não sei se reparou, mas eu praticamente não usei magia para trazer a gente até aqui! Se estivéssemos no Paraíso com o suporte da Morte, eu teria magia ilimitada, mas não, estamos em Godheim, onde a magia das fadas está acabando! Agora, volte a andar e cale a boca. – Ela deu as costas para mim; pude ouvi-la dizer para si mesma: é um animal mesmo.

Não precisei de mais nada para saber que ela estava me escondendo algo. Havia um detalhe de seu passado; um erro que ela havia cometido que não estava me contando.

– Primeiro você mente para mim, agora está escondendo coisas. Desde que chegamos a Godheim eu venho percebendo você muito mandona e apressada. O que está acontecendo?

– Minha família e raça estão a beira da extinção. Tem um ditador maligno se dirigindo para minha cidade! – Ela gritou, andando a alguns metros a minha frente. – É isso que está acontecendo! E o que você está falando? Quando eu menti pra você?

– Marenvikun. A espada. Você tinha dito que as fadas forjaram a espada para matar Aeon Suds Enure, mas... – Interrompi-me; talvez não fosse uma boa ideia contar para ela quem havia revelado tal informação. – Alguém me disse que foi você quem descolou a espada. Ou seja, você mentiu.

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