Capítulo 40: Feiticeiro

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*este capítulo não foi revisado por motivos de atraso e feriado; assim que eu tiver um minuto disponível, irei revisar repostar*

Godheim

Senti a mão de Týr em meu ombro ficando cada vez mais gelada. Ela estava com medo, e eu não precisava ser seu Druga Dushi para saber disso. Sabia também que as memórias do que fizera durante a Guerra de Enure estavam vívidas, como se ela tivesse feito o acordo ontem. Entreguei a espada em sua mão, afastei-a da cela do Feiticeiro e fui ter uma conversa come ele. Ele estava bem no fundo, escondido nas sombras; a única parte visível de seu corpo era o braço, que estava preso em uma corrente que emitia um brilho esbranquiçado. Provavelmente era ela que o impedia de fugir.

Eu não precisei começar a conversa, pois fazia tanto tempo que o Feiticeiro estava ali sozinho, que ele não se importava com quem, contando que ele falasse com alguém além de si mesmo.

– A princesa não virá falar comigo? Fiz algo de errado? – Eu percebi o sarcasmo em sua voz; era tão evidente quando o sol no amanhecer; soltou sua risadinha aguda, que era um tanto irritante para minha pessoa.

– Pode parar com a ladainha. Eu não tenho medo de você, pois você pode ser o Feiticeiro da Morte, mas eu trabalho para a Morte. – Retruquei; eu não sabia se precisaria explicar o conceito que era trabalhar para Morte ou o que era ser seu espião no Paraíso. – Não há nada que você pode fazer contra mim.

– Será? Se eu quiser, posso apagar tua existência. Será como se nunca tivesse nascido. Posso, também, acabar com a vida de sua amiguinha ali. Sim, eu posso. Você é um homem que se preocupa com as pessoas, Leonard Ross, por isso possuí fraquezas. Já eu, bem, eu não posso deixar de existir. Se isso acontecer, levarei Godheim comigo. Um mundo sem equilíbrio não pode existir. – Ele sabia meu nome verdadeiro; apesar de ficar muito surpreso com esse fato, procurei não demonstrar; surpresa seria um sinal de fraqueza, que era algo que eu precisava evitar naquele momento crítico.

– Então, quer dizer que há um jeito de te destruir. – Retruquei. – E Godheim existiu antes de você, não é? É possível que ela continue existindo sem você. Então, me diga mais uma vez, quem é que tem fraquezas? – Eu não sabia de onde as palavras estavam vindo, mas era bom que estavam ali e que saíssem confiantes o bastante para que o maldito soubesse que eu não estava de brincadeira. – Como eu disse, vamos cortar a ladainha. Onde está a magia das fadas? Eu sei que está neste castelo, ou a espada não nos traria até aqui.

– Bem aqui.

Percebi movimentação de sua mão livre; ele puxou do pescoço e colocou à luz uma pedra pequena e preta, tanto quanto a noite; notei que sua mão era puro osso, sem pele ou músculo, apenas um pedaço de esqueleto de laboratório; o pensamento me deu ainda mais coragem para continuar.

– O que quer em troca? – Como aprendi com o meu primeiro acordo com a Morte, eu sabia que sempre que quisermos algo, teremos de dar algo em troca.

– Liberdade, é claro. Livre-me desta maldita prisão, e eu devolverei a magia delas. – Ele falou de forma tão simples, como se eu mesmo tivesse a chave para tal.

– Infelizmente, não faço a menor ideia do como te tirar daqui. Sinto muito. – Respondi, sendo um pouco sarcástico, apesar de dizer a verdade.

– Então não há acordo entre nós. – A mão e a pedra voltaram para as sombras. – Mas acho que sua amiga poderá ajudar. Afinal, ela estava bem aqui quando fui preso. – Olhei para Týr, mas depois voltei meus olhos para sombra em que o Feiticeiro se escondia; se a fada sabia como libertar o prisioneiro, jamais o faria.

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