Yarrin, Godheim
Senti a inconfundível sensação de pisar sobre areia nos meus pés. Coloquei a mão no bolso e retirei de lá a segunda folha azul que a Rainha havia me dado; desprendi do cinto a adaga, tirei-a da bainha e recoloquei com a pena dentro; ficou um pouco apertado, mas coube. Reprendi a adaga e iniciei a caminhada de volta à cidade. Assim que uma fada me viu do muro, ela entrou e, provavelmente, avisou alguém.
Týr esperava-me no portão. Assim que viu meu rosto triste, ela me abraçou. Não perguntou nada, talvez não quisesse saber, o que achei bom, porque não queria falar. Passamos ainda mais um dia em Yarrin, para nos recuperarmos totalmente antes de voltarmos para nossa missão original: encontrar os quatro escolhidos da Morte restantes.
A viagem de volta a Klauaszavi foi muito mais rápida, já que as fadas uniram-se para nos mandar até lá via magia. Seria muito melhor se Dorian acordasse em sua cidade, evitaria algumas situações desagradáveis. Nós surgimos em seu quarto. Desprendi a espada do cinto e coloquei-a sobre a mesa; entreguei a adaga para Týr, para que ela pudesse levá-la ao Paraíso, como um suvenir de nossa aventura em Godheim. Deitei na cama e, como tinha de ser feito, dormi.
Eu estava diante do portão que saía para o Céu Entre Mundos. Atravessei-o; Dorian estava deitado nas escadas, devia estar completamente entediado de ficar tantos dias naquele lugar sem nada para fazer. Rapidamente expliquei sobre o problema de visão que ele tinha e que, no quarto dele, encontraria um dispositivo capaz de fazê-lo enxergar melhor; tal dispositivo chamava-se óculos. Ele sorriu e agradeceu; então entrou de volta a seu próprio corpo e alma.
Týr apareceu, vinda do nada. Ela me carregou até meu próprio portão, que me levaria de volta ao Paraíso. Passei pela porta de luz prateada e dourada ao mesmo tempo.
A primeira coisa que vi quando abri os olhos, foi o teto do quarto da casa em que Thais, Desmond, Týr e eu escolhemos para ficar durante nossa estadia em Nova York. Era noite do lado de fora; virei o rosto com certa dificuldade, provavelmente devido aos dias em que ficara sem movimento. Thais estava ali, deitada ao meu lado, dormindo como um anjo. Estiquei minha mão esquerda para poder mexer em seu cabelo; assim que a toquei, ela acordou no susto. Viu que eu estava acordado pela primeira vez em mais de uma semana e me abraçou, senti meu corpo todo dolorido.
Týr surgiu em uma explosão de luz, fazendo com que Thais me largasse, provavelmente de vergonha. Thais ajudou-me a levantar e ir até o banheiro, onde tomei banho lutando para não escorregar. A água quente relaxou meus músculos imediatamente, o que tornou meus movimentos melhores, apesar de saber que levaria alguns dias para voltar a estar cem por cento. Enquanto eu aproveitava a água corrente, algo que não havia em Godheim, Thais foi até a cozinha preparar algo para comer, pois meu corpo aqui não comia nada sólido há dias.
Toda a movimentação na casa no meio da noite não acordou Desmond, que tinha o sono muito profundo e nem se quer se mexeu na cama. Enquanto devorava a deliciosa macarronada, ia contanto para Thais toda a nossa aventura em Godheim, desde que saímos de Klauaszavi, passando pelas cidades subterrâneas, quase sendo pisoteado por uma cidade, Hwen, Marcella, Munfarft, a Selva, Yarrin, enfim, tudo que tínhamos passado lá. Thais pareceu triste por ter perdido uma aventura como aquela.
Levou três dias para meu corpo voltar ao normal. Durante estes, Desmond mal conversava com qualquer um de nós. Saía cedo e voltava tarde; quando perguntei para Thais, ela falou que ele vinha fazendo isso todos os dias, mas que nos últimos dias ele estava encontrando-se com uma garota chamada Ally, alguém por quem ele se apaixonara quando vivo.
Na noite do terceiro dia, assim que Desmond voltou, nos reunimos na cozinha para discutir estratégias de como procurar Jared Blackwood em uma cidade tão grande quanto Nova York. Pelo menos, com as muralhas em volta, ele não poderia sair.
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Afterlife: Mundos
FantasyLeonard encontra-se pela segunda vez com a Morte e descobre que seus planos vão mais além do que imaginava. A Morte não revela apenas que ele não é seu único escolhido, mas que outros cinco estão espalhados pelo Paraíso apenas esperando que o herói...