Capítulo 26: Dorian

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Klauaszavi, Godheim

A cidade humana de Klauaszavi ficava na Península Árida, que fica no sudeste de Godheim. Governada pelo Lorde Saïx, ela é uma das poucas cidades que consegue sobreviver no meio do deserto, graças a um oásis que jorra com água de um aquífero.

Dorian era filho desse Lorde, o mais velho, e portanto, aquele que herdaria a cidade. Havia um pequeno problema: o tamanho de seus músculos. Ele era um cara franzino, com não mais de 1,65 de altura e os braços finos como bambus. No entanto, seu cérebro era muito bem desenvolvido, mais do que a maioria das pessoas da cidade; sua criatividade ia muito além do que domar e cavalgar Ṣ̄asnies, ou observar as estrelas; ia, além, até mesmo, da magia. Dorian era um inventor.

Ele criava todos os tipos de acessórios que sua cabeça podia imaginar, e ele tinha uma criatividade muito, muito grande. Atualmente, tinha acabado de começar a desenvolver um projeto que ajudaria a ver muito além do que os olhos nus de qualquer criatura em Godheim. Com esse aparelho, ele ajudaria na batalha contra Aerilon, o Mestiço, que tentava conquistar todas as cidades do mundo conhecido.

Naquele dia ele faria o primeiro grande teste de sua máquina de aumento. Todas as lentes, armações e argila roubada estavam preparadas em seus respectivos lugares: as lentes em uma caixa feitas especialmente para guardá-las e a argila no saco de pano.

Uma explosão de luz interrompeu-o. Sentiu uma súbita dor nos olhos, que demoraram de recuperar a visão normal. Assim que o fez, seu coração parou ao ver a visitante. A criaturinha com asas de libélula voava a alguns centímetros de seu rosto. Ele, melhor do que ninguém, conhecia a lenda: qualquer um, humano ou não, ao ver uma fada sabia que a morte estava próxima de si ou de algum querido. Para o azar de Dorian, a fada que estava lhe fazendo uma visita era a mesma que conhecera três anos antes.

– Pelos deuses de Asgard – foi logo dizendo – quem vai morrer desta vez, Týr?

– Ninguém. – Ela disse com urgência. – Sou eu quem dessa vez precisa de sua ajuda.

– Meu irmão está vivo por sua causa, eu te devo uma. O que quer?

– Seu corpo.

Enquanto ele guardava seus apetrechos, trancava seu estúdio, que ficava na torre leste do palácio de pedra, e ia para seu quarto, Týr explicava apressadamente onde estivera e o que fizera nos últimos meses; contou que precisava que um rapaz chamado Leonard Ross precisava chegar a Godheim, mas precisava de um corpo para habitar enquanto estava ali. Dorian precisou concordar, pois Týr fora a fada que avisara da morte do irmão, mesmo que por consequência, Dorian tinha perdido uma das pernas do joelho para baixo.

Ele teria que dormir, para que sua mente acessasse o Reino dos Sonhos e permitisse que a mente de Leonard dominasse seu corpo. Uma vez que tinham atravessado o castelo, com Týr escondida em seu bolso, e chegaram ao quarto, Dorian deitou em seu colchão feito de penas de falcões do deserto – seres alados que vivem do deserto; eles são muito grandes, tem quatro asas e duas patas, sendo que elas ficam na parte da frente do corpo; quando pousavam, um par de asas fazia a vez de pata traseira; eles se alimentavam de cobras cinzentas, que também moravam no deserto, pois comiam areia e não precisavam tomar água.

Enquanto passeava pela sua enciclopédia mental, Dorian acabou dormindo. Quando deu por si, estava diante de uma porta muito alta que, pensava ele, estava no beiral do mundo. A porta era prateada e dourada; desenhada nela havia uma árvore belíssima. Nesta árvore, em meio às folhas, ao tronco e a raiz, havia círculos; e dentro desses círculos havia palavras em Runas Nórdicas. Reconheceu aquele que dizia Argard e aquele que dizia Midgard, mas fora isso, não teve tempo de ver mais nada. Týr estava ao lado dele.

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