Capítulo 43: Festa

741 70 22
                                    

Yarrin, Godheim

O teto de madeira que vi sobre minha cabeça quando abri os olhos era totalmente desconhecido. Eu estava deitado em algo confortável; pelo menos, não estava me afogando, como imaginei que estaria depois de pular por cima de um lago com uma espada mágica pronta para tentar perfurar uma árvore mágica. Tentei levantar, mas senti muita dor nas costelas. Esperava que não estivessem quebradas; pegar um corpo emprestado e devolver quebrado deve ser algo muito antiético.

– Nós consertamos a maioria dos seus ossos, mas ainda vai levar um tempo para recuperar-se totalmente. – Ouvi uma voz familiar; levantei, tentando não desmaiar pela dor, e vi Týr observando-me, sentada em uma cadeira em frente à cama.

– Dorian não vai gostar nada disso. – Eu informei. – Onde estamos? O que aconteceu?

– Seu plano falhou. – Ela disse. – A espada ricocheteou na árvore, você foi jogado contra uma parede. Aerilon pegou a espada, e disse que nos deixaria em paz.

As palavras de Týr pegaram-me de surpresa. Senti-me mal por ter feito todo aquele drama, apenas para no fim perdermos a batalha. Senti o peito doendo; as lágrimas começaram a escorrer. Ia começar a pedir desculpas, mas Týr começou a rir. Eu olhei para ela e finalmente me toquei. Se as fadas tinham concertado meus ossos, significa que tinham magia. Ou seja, eu estava certo.

– Você... – Ela tentou falar entre os ataques de riso. – Devia ter... Visto... Sua cara.

– Cala a boca, palhaça. – Retruquei.

Ela acrescentou algumas palavras na Feyazyk, a Língua das Fadas; as dores em meu corpo passaram imediatamente. Levantei da cama, e Týr me apoiou, dizendo que tinha umas pessoas querendo me ver. Com meus braços em volta do ombro dela, saímos pela porta.

Estávamos em um corredor que havia uma janela para a praça central, onde a Árvore de Grobler emitia um brilho azulado. Seus galhos estavam repletos de folhas, mas era não eram verdes, como o resto dos matos que havia por aí, mas sim eram azuis, no mesmo tom exato da espada Marenvikun. Dezenas de fadas voavam de um lado para o outro, batendo suas asinhas de libélula rapidamente; tão rápido, que era impossível enxergar. Eu nunca me senti tão orgulhoso.

– Assim que você enfiou a espada na árvore. – Týr contou, enquanto descíamos pela cidade para chegar até o centro. – A magia voltou; está diferente de antes, mas ainda assim, voltou. Nós expulsamos Aerilon e seus homens daqui como se fossem moscas.

Assim que chegamos ao portal que dava para o centro, as fadas assumiram seus tamanhos humanos. Talvez fosse loucura da minha cabeça, que ainda estava um tanto confusa, mas eu podia jurar que elas estavam brilhando como luzes de natal, uma de cada cor. No fim desse corredor, diante da árvore, a Rainha Iridessa e o Rei Barbávore nos esperavam.

As fadas começaram a aplaudir, e eu sabia dentro de mim que não eram apenas para mim, mas sim para Týr também. Durante tanto tempo ela fora condenada a responsável por ter destruído a magia das fadas; se algo diferente tivesse acontecido durante aquela última batalha, ela levaria a mesma culpa. Assim que estávamos perto o bastante da Rainha, as fadas cessaram as palmas.

– Os humanos nunca foram bem vistos por nós, assim como nós nunca fomos bem vistas por ele. Toda vez que ceifávamos a alma de um homem, podíamos sentir a maldade que havia nelas. – A Rainha começou o discurso, alto o bastante para que todos na cidade pudessem ouvir. – E todas as vezes que uma de nós era vista, éramos consideradas pressagio de morte. Incontáveis de nós foram presas, torturadas e estudadas por eles. E assim que chegou aqui, sabíamos que você traria problemas.

Afterlife: MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora