Capítulo 22: Pirulito de Cereja

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Londres, Inglaterra

Paraíso

Eu encarava Hayley, o Filho do Abismo que resolvera bater um papo comigo, e que por coincidência era o quarto Senhor da Guerra. Ela me explicara muitos detalhes sobre a Guerra Celestial que se desenvolvia. E, pelo que eu havia entendido, tudo não passava apenas de uma distração, enquanto era eu quem estava fazendo o verdadeiro trabalho da Morte. Todavia, havia apenas uma pergunta que eu não tinha feito:

– O que você quer? Qual é o seu propósito?

– Eu quero sua ajuda. Eu sou o quarto Senhor da Guerra. E meu exército tem apenas cinco pessoas, contando comigo. Nós somos os cinco que não queremos guerrear, queremos sair do Paraíso. – Ela olhou para os lados diversas vezes; ela estava sendo perseguida. – Queremos ir para Terra.

Eu senti a raiva esquentar novamente em mim.

– O que vocês querem lá? – Pensava em meus amigos e família que ainda estavam vivos; o estrago feito por eles no Paraíso era imenso, imagina se eles fossem para Terra, onde não há anjos.

– Viver. Ao contrário dos outros Filhos do Abismo, nós cinco liberamos todas as lembranças das almas que possuímos. Até mesmo memórias de antes da morte; memórias que estavam adormecidas.

– Eu pensava que essas lembranças eram apagadas.

– Mesmo que não se lembre de algo, não significa que a memória se foi. Toda lembrança é eterna. – Hayley pareceu triste ao dizer isso, como se essa fosse a fala de outra pessoa. – Nós cinco queremos ir, mas há um obstáculo: Kane. Ele raptou dois de nós. Preciso de sua ajuda para resgatá-los.

– E por que acha que eu irei te ajudar? Por que deveria?

– Por que você é o herói, não é? – Ela disse; sua voz parecia esperançosa e sonhadora, como a de uma criança. – E os heróis ajudam àqueles que precisam, não é?

– Eu não sei quem te falou, mas eu não sou um herói. Não sou ninguém; sou apenas um cara que está sofrendo as consequências de salvar a pessoa que ama. Nada mais. Sinto muito. – Eu respondi, levantando. – Eu não posso te ajudar.

Hayley sumiu nas sombras de repente. Talvez eu a tenha ofendido com minha resposta, ou então simplesmente não gostou de ter seu pedido negado. Ouvi passos vindos de algum lugar. Londres estava vazia, por isso era fácil perceber a aproximação de qualquer um. Quando me virei, vi Chris, o primeiro imediato de Solomon, descendo a rua em minha direção.

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Poole, Inglaterra

Terra, Julho de 1986

Desmond Chepken andou cautelosamente até o alçapão com a corrente jogada por cima, mas de cadeado aberto. Com uma das mãos apenas, tirou-a de cima da porta, sempre preparado para um ataque surpresa. Abriu-a e deixou-a cair pesadamente do outro lado, revelando um lance de escadas de ferro que descia. Procurou dar uma olhada antes de entrar. Ao ver que estava tudo limpo, entrou.

A escada terminava em um longo corredor estreito, com paredes também de ferro. Havia algumas portas nas laterais, mas a única que estava aberta estava no fim do corredor. Pôde ver alguém se movimentando pela fresta aberta. Ele estava ali. Caleb Galswyck estava ali. Pensou em dar voz de prisão dali mesmo, mas o bandido era esperto; estava preparando algo que Desmond desconhecia, portanto, seria desvantajoso revelar sua presença.

Afterlife: MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora