Capítulo 19: Ọkan ǹā Enkh

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Continente Africano, Terra

A carruagem que carregava Phillip, Sabrina, e Nathanael surgiu no meio do nada. Era uma savana, beirando o Sahel, região de fronteira entre o Saara e a savana africana. Em algum lugar ali havia um ser escondido há muito, muito tempo. Nem todos os anjos sabiam que ele estava ali, Nathanael sabia de sua localização apenas por que, séculos antes, cruzaram seus caminhos por acidente.

Usando um feitiço localizador celestial, ele procurou pela entrada, que era um buraco magicamente escondido, assim nenhum animal ou pessoa desavisada cairia ali.

– Onde estamos? – Phillip perguntou. – Por que não vamos atrás da Elena?

– Como eu disse antes, ela possui esse estranho poder que está sugando a energia do mundo e levando a ela, mas ela, como mortal, não seria capaz de manter tanto poder ao mesmo tempo, por isso acredito que ela é uma ponte... Um elo entre o nosso mundo e, bem, uma entidade ancestral. Precisamos de uma forma de quebrar esse link.

– E você acha que Novaselik tem a resposta que você quer? – Sabrina perguntou, para surpresa de eu esposo e do anjo.

– Você o conhece? – Nathanael estranhou.

– Sim. Conheci-o algumas décadas atrás quando perseguia um demônio nessa região. – Ela contou; Nathanael às vezes se enganava com a aparência de Sabrina.

Nathanael fez um sinal de que compreendera e respondeu a primeira pergunta da garota: – Não sei se ele saberá de algo, mas sei que ele detém os registros mais antigos do mundo. Soube que ele, pessoalmente, salvou dezenas de milhares de livros e manuscritos da biblioteca de Alexandria antes da inundação. E lá estavam os livros mais antigos do mundo.

– Incrível! – Phillip disse. – A quantidade de conhecimento que posso adquirir... – Falou para si mesmo.

– Encontrei! – O anjo anunciou, interrompendo o pensamento alto de Phillip.

Ele acrescentou uma palavra na Língua de Prata, revelando um buraco perfeitamente redondo. Os três saltaram para dentro e suavizaram suas quedas com magia, ou asas, no caso de Nathanael. A entrada fechou-se logo em seguida.

Encontraram o velho sábio cozinhando. Pelo cheiro, Sabrina deduziu que era um guisado de coelho, um dos pratos mais gostosos que ela já tinha provado; de fato, fora Novaselik que apresentou-o para ela quando se conheceram. Aparentemente ele não tinha notado a presença deles, ou então, não deu sinais de que tinha. De qualquer forma, Nathanael pigarreou.

– Eu não esperava visita esta noite. – Ele disse sem parar de mexer no guisado ou olhar para as pessoas em sua porta. – Principalmente de um servo do Criador.

– Sinto muito perturbá-lo em uma hora dessas, sábio. – Sabrina adiantou-se. – Mas precisamos desesperadamente de sua ajuda.

– Sim, eu sei. – Ele provou um pouco do gizado. – Vocês procuram uma forma de parar Aquela que Busca a Felicidade, não?

– Você a conhece? – Nathanael perguntou, confuso.

– Sim. Ela esteve aqui umas semanas atrás... Ou dias... Não sei. Aqui em baixo perco a noção do tempo. – O velho sorria jovialmente. – Eu dei a ela o Livro dos Mundos.

– Isso explica muita coisa. – Nathanael afirmou. – Eu não tinha a menor ideia de como ela havia conseguido aquilo. Isso não é mais importante por enquanto. Eu acredito que o Mal está usando-a para canalizar a energia dos magos da Terra e se libertar.

– Não é isso que está acontecendo. – O velho havia terminado de cozinhar e servia-se numa tigela de madeira lixada, mas em cor natural. – Ela não é, como você diz, uma ponte entre aqui e o Mal. Ela é o Mal. Ela é Ọkan ǹā Enkh.

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