Capítulo 31: Aldith

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Hwen, Godheim

Olhei para cima, como Týr havia gentilmente dito; minha boca abriu em um "O". Hwen era uma cidade que ficava no topo das árvores. Um emaranhado de casas e comércios sobre árvores unidas por taboas imensas, cumpridas e grossas; eram firmes e, apesar de não haver beirais de segurança, ninguém jamais caía. Os habitantes da cidade estavam acostumados. Até mesmo as crianças corriam por elas sem medo ou sem levar bronca dos pais; era como se eles tivessem um senso de equilíbrio mais avançado que o nosso.

– Como chegamos até lá? – Perguntei.

– Escalando aquela árvore. – Týr explicou, apontando para uma árvore que tinha taboas pregadas na horizontal, formando uma escada rústica.

Ergui minha sobrancelha e fitei Týr. Algo me dizia que aquilo não estava certo, mas ignorei o sentimento. Fui até a árvore indicada; respirei fundo e esfreguei as mãos, preparando-me para a subida. Testei o primeiro degrau com o pé e um acima da minha cabeça com a mão. Parecia tudo certo; comecei a escalada. Subi com cuidado, sempre testando os degraus antes de apoiar todo meu peso neles.

Na metade do caminho, eu já estava ofegante e suado; senti minhas costas colando na blusa. A todo momento evitei olhar para baixo. Lugares altos não eram os meus favoritos.

Assim que cheguei à plataforma, caí de costas no chão, ofegando feito um cachorro – mas sem colocar a língua para fora – e tentando recuperar minhas forças. Týr e Aldith já estavam ali; não estavam cansadas ou suadas, pelo contrário, estavam sentadas em uma mesa de madeira diante de uma espécie de bar e bebendo suco. Apenas então me dei conta de que não haviam subido pelo mesmo lugar que eu.

– Demorou, Dorian. – Týr ironizou.

– Como? – Vociferei, levantando e indo até elas. – Magia?

– Não. Usamos o elevador. – A fada apontou para um elevador de madeira primitivo, que funcionava com sistema de contra pesos de pedra, que estava do outro lado da plataforma. – Muito melhor, não? De fato, foi você que o inventou. – Ela deu uma gargalhada alta, adorava o sofrimento alheio; todos os cidadãos de Hwen deviam tê-la ouvido.

Apesar da vontade que senti de jogar Týr da plataforma, eu me contive. Aldith ria da brincadeira como uma criança; também senti vontade de jogá-la.

– Quanto tempo pretender ficar na cidade? – Ela perguntou.

– Não muito. De fato, pretendemos partir amanhã cedo. – Týr informou. – Vamos ficar hoje para dar um descanso extra às montarias. Depois de hoje, só vamos descansar depois de passar de Munfarft e entrarmos na segurança da Selva.

– Segurança? – Aldith disse, estranhando; eu, porém, não tinha ideia do que havia de errando nessa tal de Selva; apenas comecei a tomar meu suco, o qual o atendente havia acabado de trazer.

– Os animais do lado de lá podem ser grandes, mas eles são aliados das fadas. – Ela falou mais baixo, praticamente sussurrando.

Depois de terminar meu terceiro copo de suco de uma fruta que eu não conhecia, e que só existia em Godheim, Aldith nos mostrou a cidade. Indicou os melhores lugares para comer, os melhores ferreiros, uma escola de esgrima e muitas outras coisas que a cidade incrivelmente possuía a dezenas de metros do chão. Ela nos ofereceu hospedagem em sua casa. Aceitamos de bom grado.

A casa dela ficava ainda mais alta que o nível da cidade em que estávamos antes. Sua casa era, sem dúvida, a maior da cidade, pois precisava de seis árvores para sustentá-la. Além de Aldith, outras pessoas também moravam ali; era como se fosse um grande albergue, onde as pessoas que se mudavam para Hwen viviam antes de se estabelecer.

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