Sala do Trono
Melanie Craymer olhava para os lados. Via paredes brancas nas quais era possível ver o desenho dos tijolos largos em prata. Havia também uma cama de madeira clara belíssima, da qual o guarda-roupa também era feito; os detalhes de ambos os móveis eram em dourado. Ao lado da cama, sobre um criado mudo da mesma cor, havia um buque de flores amarelas e brancas. O lugar era maravilhosamente agradável aos olhos.
– Quem é você? – Ela perguntou ao homem que estava sentado ao lado, olhando-a, enquanto ela estava deitada; seus ouvidos não podiam acreditar no que tinha acabado de ouvir.
– Eu sou o Criador. Sou aquele que deu o sopro da vida para vocês, humanos, minha obra prima. – Melanie sentiu que iria desmaiar.
– Eu não estou no Paraíso? – Perguntou, ainda mais confusa do que antes.
– Não. Você está no lugar conhecido como Sala do Trono, que também é minha morada. Eu te trouxe aqui quando atravessou aquele portal. Eu preciso falar contigo.
Tentou-se se levantar, e o Criador a auxiliou. Sentou na beirada da cama, ao mesmo tempo em que o Criador se levantou, ficando de pé.
– Importa-se se eu sentar ao teu lado?
– Claro que não! – Ela disse, um tanto rápido demais, estava nervosa por estar diante do Ser mais poderoso de todos os mundos e universos.
– Mel... Posso te chamar assim? – Ela movimentou a cabeça afirmadamente. – Mel, há algumas coisas que você precisa saber antes de continuar com sua jornada em busca dos Escritos restantes. Você já tem três dos Escritos. – O Criador entregou-lhe um pergaminho de páginas muito bem conservadas que surgiu do nada. – Este é o que você veio buscar no Paraíso.
– Eu... – Assim que ela tocou-o, o pergaminho desapareceu; estava junto com os outros. – Agradeço.
– Antes que você parta para o Duat, conseguir o próximo, eu tenho um presente para você. Venha comigo.
Ele se levantou; Melanie fez o mesmo e o seguiu. Saíram pela porta, que dava para um corredor imenso e largo, com milhares de milhares de portas. Ela ficou se perguntando se aqueles não eram quartos para todas as pessoas que o Criador chamou ou seus servos, os que fazem seu serviço na Terra. Ou, quem sabe, não eram quartos para os mártires de sua causa. Era impossível saber sem perguntar; e Melanie não perguntaria. Ele também não fez nenhum comentário a respeito.
Chegaram a uma sala com paredes de pedra, mas que ao contrário do quarto, eram brutas e cinzentas. Em uma das paredes, havia duas chaves penduradas. Eram imensas, tão grandes quanto espadas; não era como as chaves que Mel estava acostumada, mas sim uma daquelas antigas conhecidas como Chave Gorge. Uma era prateada e com a base dourada; outra era preta e com a base prateada. Ela tinha ouvido histórias sobre elas; contos antigos, que apenas algumas poucas pessoas que muito estudaram conhecem.
– Acredito que saiba o que são essas chaves. – O Criador disse, com um sorriso.
– As chaves dos Reinos dos Vivos e dos Mortos.
– Sim. Antes, eu apenas detinha a do Reino dos Vivos, mas também precisei daquela do Reino dos Mortos. Elas, é claro, tem o poder de abrir portas para qualquer um dos mundos. – O Criador esticou as mãos; as chaves desapareceram da parede e surgiram em suas mãos com um flash de luz; Melanie achou o gesto muito parecido com o feitiço que Aaron usava para guardar suas armas; Ele estendeu-as na direção dela. – Toque-as.
Melanie obedeceu. Não sentiu dor alguma quando os símbolos surgiram em seus pulsos. Era o desenho de duas pequenas chaves: uma prateada e outra preta; uma em cada mão. As chaves desapareceram, voltando a parede, mas suas marcas estavam para sempre gravadas nos pulsos da Artista.
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Afterlife: Mundos
FantasyLeonard encontra-se pela segunda vez com a Morte e descobre que seus planos vão mais além do que imaginava. A Morte não revela apenas que ele não é seu único escolhido, mas que outros cinco estão espalhados pelo Paraíso apenas esperando que o herói...