Julieta

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Rosa sabe muito bem onde fica a loja de vestidos e estaciona o carro em frente. Quando olho para o prédio sinto um frio no estômago. Céus, Rosa irá demorar uma eternidade aqui.

Pego minha bolsa e saio do carro. Bato a porta e entro no enorme ateliê.

-Bom dia, posso ajuda-las? –A vendedora loira nos pergunta.

-Ah, sim! –Diz Rosa. –Gostaria de um vestido de festa. Pra ser exata: é um para o baile. Você tem ainda?

-Ah, sim! Uma grande variedade! Acompanhem-me.

Rosa sorri animada e eu sorrio, respirando fundo.

A vendedora nos leva até uma série de araras, todas com vestidos pendurados. Vários vestidos de várias cores. Sinto um enjoo repentino.

-Que cor a senhora deseja seu vestido? –Pergunta a vendedora.

-Quero um vermelho. Vermelho é bem chamativo! –Diz Rosa.

Sorrio pelo motivo dela ter escolhido a cor, e vou me sentar em um sofá próximo à janela de vidro. Olho para baixo e meus olhos percorrem a multidão do centro. Do nada foco meus olhos em três rapazes. Provavelmente não tem mais idade que eu.

De repente, o rapaz do meio me olha. A essa distância não sei se ele consegue ver meu rosto nitidamente, pois eu não vejo o seu com clareza. Fico tentando distinguir seus traços, mas não consigo.

-Ju. –Chama Rosa. –Vem aqui, por favor!

-Claro. –Agradeço mentalmente por Rosa ter me tirado daquele horrível transe. Aproximo-me dela.

-O que acha desse vestido? –Ela pergunta se olhando no espelho.

-Lindo?

-Acha que combina comigo?

-Qualquer roupa combina com você. –Asseguro-a.

-Hum. Eu não sei. –Ela avalia.

-Se não gostou veja outro. –Digo me largando na poltrona.

-Tem razão. –Ela concorda. –Gostaria de ver outro. –Ela fala pra vendedora, que assente e sai atrás de outro.

Rosa volta seu olhar para mim e franze o cenho.

-Não vai escolher nenhum?

Dou de ombros:

-Não estou planejando ir a festa. Ainda estou cansada da viajem e você me arrastou até aqui. Preciso de um tempo para reestabelecer as forças.

-Tolice. Vá escolher um vestido!

-Não.

-Vá! –Ela insistiu.

-Não quero!

-Ok. Então eu vou escolher pra você.

-Nem pense nisso. –Falei.

-Então escolha um, agora! E deixe de ser ranzinza. Ainda sou a mais velha.

Olhei furiosa pra ela e me levantei para procurar um vestido. Ela continuou a se admirar em frente ao espelho. Caminhei até uma distância dela e comecei a passar os dedos pelos panos macios dos vestidos. A maioria era de seda, o que fazia com que o vestido fosse mais reluzente e chamativo.

Procurei o tal vestido. E então vi o vestido perfeito.

Longo. Começando da parte de cima é um tom mais escuro, mas clareando, até chegar aos pés com um branco. Com um cinto, feito do mesmo pano, preso abaixo do busto. Um outro pano que branco e mais transparente contornava a parte debaixo deixando a mostra apenas a frente. A alça do vestido era mais reta e delicada do que os demais vestidos, e ao redor do decote era todo enfeitado. Era o vestido perfeito. Todo brilhoso e modesto.

Os novos Romeu e JulietaOnde histórias criam vida. Descubra agora