Não consegui me deter. Meus primos foram no carro e eu vim de moto até a casa Capuleto. Precisava confirmar. Ver minha Julieta.
Ando pelo Jardim e a vejo na sacada.
-Tão mais bela que qualquer estrela ou qualquer rosa. –Falo baixinho ao admira-la.
Ela apoia o rosto na mão.
-E veja como ela está apoiando a cabeça nas mãos, olhando a lua. A lua deve ser muito sortuda para ser admirada pela coisa mais bela da Terra.
Ela está falando algo. Me aproximo para ouvir melhor.
-Para que serve um nome? Dividir os animais? Servo. Corsa. Ambos são da mesma espécie. Será que uma rosa, deixa de ser rosa sobre uma outra designação? Claro que não! Montecchio. Capuleto. Romeu. Julieta. –Ela suspira. –Ah, Romeu, se não fosse por teu nome, já seria meu. Abdique de seu nome para ser meu, ou diga que me ama e eu deixarei o meu.
-Aceito seu pedido! –Falo. Alto o suficiente para assusta-la.
-Quem está aí? –Ela questiona. –Apareça, agora e se identifique.
-Bom, moça, não sei mais qual meu nome, pois abdiquei dele.
Ela nota quem é e sorri. A luz da lua lhe dá uma áurea nova.
-Acho que não conversamos por quinze minutos, mas já reconheço sua voz. Romeu Montecchio?
-Não mais, já que não quer. Apenas Romeu. De Julieta.
Ela sorri e começo a escalar as trepadeiras.
-O que está fazendo, seu maluco! Se meu primo ou meu avô virem você nem sei o que pode te acontecer! –Ela diz. Ignoro seu comentário e continuo minha escalada.
-Esforços, às vezes, valem a pena. –Digo.
Estou quase em cima e ela me ajuda a passar para o lado de dentro. Ela me abraça fortemente e eu demoro dois segundos para retribuir. Que sensação gostosa de segura-la.
-Você é louco de ter vindo aqui! –Ela diz.
-Estava esperando outra coisa em vez de um sermão. –Digo fazendo charme.
Ela se afasta e cruza os braços.
-Não sei o quê tinha em mente, mas não irá conseguir nada de mim. –Ela fala sério e tenho medo de que me expulse.
-O abraço, já não foi algo?
-Deixando isso de lado, por que não me disse que era um Montecchio? –Ela franze o cenho.
Dou de ombros.
-Não achei que se importasse com os nomes. Pelo menos foi isso que entendi há alguns segundos atrás. –Digo.
-Em parte significa, sim! Principalmente por culpa das nossas famílias.
-Não me importo com essa maldita briga entre nossas famílias, tudo o que me interessa é esse sentimento devastador que surgiu quando eu te vi!
-Não me importo com a briga das famílias também, mas é tão ruim. E além do mais, mal nos conhecemos! –Ela me olha e seus olhos parecem grandes e ela parece indefesa.
Eu a abraço.
-Claro que me conhece! –Digo. –Sou seu Romeu! E você é minha Julieta!
Ela sorri para mim.
-Então já sabe meu nome?
-Sim, Julieta Capuleto. E você sabe o meu, presumo?
-Sei! –Ela responde. Ela muda de feição rapidamente e sinto a dor se instalar.
-O que foi? –Questiono.
-Será que vai ser como Romeu e Julieta de quinhentos anos atrás? Nós iremos morrer?
-Você me ama? –Pergunto.
Ela balança a cabeça positivamente.
-Não me importa mais nada. O futuro ou o passado, apenas o presente. O que foi, já se foi, e o que virá, irá de vir. Mas quero aproveitar o momento aqui, e agora. –Digo.
-Como?
-Não mereço um beijo?
Ela se afasta levemente e alguém bate a sua porta.
-Julieta? –Reconheço a voz de Ama a chama-la.
-Meu Deus! –Julieta exclama baixinho. –Se Ama ver você aqui ela vai surtar e vai ser o maior escândalo!
Ela começa a ir em direção a porta.
-Nem um beijo? –Questiono. –Não sabe o quanto foi torturante tê-la soltado hoje.
-Torturante foi ficar longe do seu toque.
-Então troque, comigo, suas juras de amor. Dê-me seu coração, pois você é total dona do meu.
-Mas eu já dei a você. Meus votos, minhas juras, minhas palavras, são suas. –Ela diz.
-Então jurarei a você, para que não haja dúvidas quanto ao meu amor. –Digo. –Juro que é teu meu coração, pela Lua.
-Não jure por essa inconstante, que muda sua face a cada dia, para não dizer que seu amor é de passagem. Não jure por nada, apenas faça e me mostre. E aí irá me provar seu amor!
-Como?
-Casamento? –Ela sugere e fico meio surpreso. –Estou brincando. –Diz logo em seguida, rindo.
Eu acatei a ideia. Casamento? Sim.
-Julieta! Você está aí? –Ama ainda batia na porta.
-É uma ótima ideia. –Falo. –Quero propor casamento para você. –Digo.
-Certo, seu maluco, agora vá! –Ela diz rindo.
-Nem mesmo irá consolar meus lábios com os seus?
-Para depois os meus chorarem pelos seus? –Ela perguntou.
Ela pensa um instante e me beija.
-Viu? –Ela pergunta. –Agora os meus anseiam mais pelos seus, e chorarão sua partida.
-Eu vou. –Beijo-a novamente. –Mas prometo voltar.
-É perigoso. Não volte! –Ela pede. –Daremos um jeito de nos ver. Agora vá!
E desço as trepadeiras e sigo pelo jardim escuro e malmente iluminado pela penumbra.
*SE GOSTAREM DA HISTÓRIA COMENTEM! ADORO LER A OPINIÃO DE VOCÊs! E NÃO ESQUEÇAM DE CURTIR PARA DAR AQUELA FORCINHA!
BEIJINHOS, LEITORES DO MEU CORAÇÃO*
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Os novos Romeu e Julieta
عاطفيةAcerca de quinhentos anos atrás, houve a romântica história de uma moça e um rapaz. Por seu amor, ambos se entregaram a morte, e ainda reza a lenda, que foi culpa da sorte. Há quase quinhentos anos Romeu Montecchio e Julieta Capuleto, morreram por...