Romeu

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Tomei café na companhia de meus tios e meus primos, Ben e Marco. Logo após, nós três fomos para a cidade.

Ben é o mais magro de nós três, e tem a minha idade: vinte e três anos. Mas não se preocupa tanto em se apegar a alguém. Marco é um ano mais velho que nós, e é bem mais musculoso. Nós três possuímos as cabeleiras castanho-mel e os olhos azuis, que seguem a genética da minha família por gerações, desde Romeu-original.

Mesmo sendo o sonho de qualquer mulher, Rosa não me quer, e meus primos querem me levar hoje para comparar a beleza de Rosa com as outras mulheres.

Estacionamos no centro da cidade e tivemos de sair:

-Rápido. –Chamava Ben. –Os ingressos irão acabar se não chegarmos rápido!

Olhei para Marco e fomos o mais rápido possível, como Ben pedia. As ruas do centro estavam lotadas e tive de prestar bastante atenção em meus primos para não me perder.

Tive de parar em uma barraca, quando vi uma rosa. Uma rosa para outra Rosa –pensei.

Pago pela rosa e olho para trás. Dois artistas de rua estavam encenando uma cena de Romeu e Julieta, aparentemente era a parte em que eles morrem.

Romeu acabara de beber o veneno e Julieta abria seus olhos. Ela viu que ele já estava tonto, e Romeu levou um susto, mas já era tarde demais, ele havia bebido o veneno. Então ele cai ao seu lado. Julieta começa a se desesperar e enfia uma faca em seu estômago. Noto que meus primos voltaram e estavam ao meu lado agora. Continuo a prestar a atenção. Julieta cai por cima de Romeu, e Frei desespera em seu choro. O narrador toma a frente:

-E o sol tristemente não apareceu, se juntou a todos no luto por quem morreu. Porque nunca ouve uma historia que mais comoveu, como esta de Julieta e de seu Romeu.

E os atores se levantam e o público começa a bater palmas.

Jogo a flor para eles, e outras pessoas também copiam o ato. Meus primos conseguem umas e jogam também.

É uma história épica, e mesmo tendo sei lá quantos anos, ainda vive aqui!

-Venha, Romeu! –Puxa-me Marco. –Iremos perder os ingressos!

Assinto.

-Vamos, amigos! –Chamo Ben, que não está tão preocupado quanto antes.

Cortamos e costuramos caminhos no meio da multidão, e a parte difícil foi sair do aglomerado que cercava os atores.

-Não entendo por que parou lá. –Disse Marco. –Já assistiu a peça zilhões de vezes.

-Ah, nunca é demais. Principalmente se tratando dessa história. –Dou de ombros.

-Aposto que seu pensamento era mantido em Rosa. –Brinca Ben.

-E há outra mulher a ocupar meus pensamentos? –Pergunto brincando com eles. –Rosa é dona dos meus sonhos e de meus pensamentos. Mesmo ela não sabendo, claro!

Eles riem.

-Ah, Romeu. Sempre tão romântico! –Comenta Marco.

-Claro. O amor não pode deixar de existir. Pessoas como eu devem amar para que o mundo não pareça tão frio. Para que ganhe cor e ainda seja alegre e feliz. –Respondo imediatamente.

-Não era bem isso que Marco quis dizer. –Ben intervem.

-Ah, o que foi? Vamos! Vamos logo comprar os ingressos! –Digo.

Os novos Romeu e JulietaOnde histórias criam vida. Descubra agora