-Perdão. –Peço ao entrar na sala. –Não estou me sentindo bem. Vou me deitar.
Eles assentem.
-Vou com você! –Rosa diz.
Ela notou algo diferente em mim, que ninguém mais notou. Subimos até o quarto e eu desabo em lágrimas. Ela volta até a cozinha e traz sorvete para nós. Eu agradeço.
-Eles já se foram. –Rosa diz. –Josh. Ben... Romeu.
Choro mais ainda ao ouvir seu nome e ela já entendeu tudo, ou quase.
-Tá. –Ela diz. –Que merda que aconteceu? Você saiu normal, ele foi logo atrás e você volta desse jeito?
-Brigamos! –Digo.
Ela muda sua expressão.
-Ah, priminha. Toda briga deveria acabar em...
-Não diga! –Eu a interrompo. –Não quero nem pensar nisso. Estou magoada. Estou com ódio. Estou triste. Não quero nem pensar nisso, por que sonhei por muitos anos, e com uma pessoa. E no momento essa pessoa me feriu duramente. Ah, Rosa. Como está doendo.
Ela me abraça.
-Eu sei, prima. Imagino como deve ser a sensação. Não fique chorando, por favor.
Ela beija meu cabelo e eu aceito seu conforto, sua onda de carinho de irmãs. Ele jamais tirará isso de mim! Tenho Rosa, posso ficar bem. Mas não tenho ele! –Lembro-me e choro com mais intensidade.
*
Passa das onze quando Rosa sai, e eu já sequei através das lágrimas, mas ainda não dormi! Olho pro meu teto escuro e velho! Em outra ocasião eu estaria o admirando deslumbrada, mas não estou com saco para isso!
Me reviro na cama e sei que não vou conseguir dormir agora. Então fecho os olhos e deixo tudo voltar na minha mente. Romeu... Oh, Romeu! Por que tens de ser tu, Romeu?
Ouço o barulho das minhas janelas se abrirem. Abro os olhos e vejo a silhueta alto e forte adentrando meu quarto. Sento na cama por instinto. Sei que minha aparência está um caco então tento desviar o olhar.
Ele senta na borda da cama e eu ainda mantenho meu olhar em outra direção, com as sobrancelhas franzidas. Não direi nada!
-Ju! –Ele chama. Quase me derreto, mas mantenho minha postura inabalável. –Amor, olha pra mim.
Não olho. Na verdade, me deito e cubro-me.
-Julieta, por favor. Precisamos conversar. –Ele toca meu braço.
-Não temos nada para conversar. –Esbravejo. Me viro em direção a ele. –Na verdade fiquei pensando: fizemos uma grande merda!
Sua surpresa carrega dor.
-Do-do que está falando? –Ele gagueja.
-Somos muito estúpidos! Ou só eu! Muito ingênua. Muito idiota!
-Não, Ju. Não fala isso. Pelo amor de Deus! –Ele suplica dolorosamente, o que me causa dor também.
Respiro fundo.
-Sai. –Peço calmamente. –Estou sem forças para discutir ou conversar. Estou cansada disso.
-Não. –Ele diz.
Me levanto, assim como ele também.
-Qual é o seu problema, Romeu? –Pergunto irritada. –Você tem noção do quando suas palavras me magoaram? Caramba, eu sei que não tenho muita experiência em relação aos relacionamentos matrimonias, conjugais e afins, mas eu sei que eu tenho que ser fiel. E foi o que eu fiz! Mas você me acha tão patética a ponto de achar que eu me insinuei para John!
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Os novos Romeu e Julieta
عاطفيةAcerca de quinhentos anos atrás, houve a romântica história de uma moça e um rapaz. Por seu amor, ambos se entregaram a morte, e ainda reza a lenda, que foi culpa da sorte. Há quase quinhentos anos Romeu Montecchio e Julieta Capuleto, morreram por...