Julieta

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Tomo café, na companhia da minha família. Rosa está mais radiante que nunca. Theo me olha, mas evito um contato visual, franzindo o cenho. Ainda estou bem chateada!

-Julieta! –Meu avô, chama-me.

-Sim? –Respondo.

-Poderia esperar cinco minutinhos para uma conversa? –Ele pede.

-Claro. –Digo.

Meu avô se levanta rapidamente indo em direção ao seu escritório. Olho institivamente para Rosa, que dá de ombros.

Penso que pode ser qualquer coisa. Ele pode estar me chamando para dizer algo sobre a vinícola, ou então pode ser sobre Romeu, mesmo!

Afasto essa dúvida dos meus pensamentos, esta preocupação é irrelevante. Não preciso me corroer por isso.

Me dirijo até seu escritório.

-Vovô? –Pergunto antes de entrar.

-Entre! –Ele diz.

Ando em direção a cadeira e me sento. Sei que a conversa será longa.

-O senhor quer conversar comigo? –Falo.

-Sim. –Ele responde. –Sabe que sempre almejei o bem estar de vocês três, não sabe?

-Sei. –Digo.

-Bom, Julieta, sempre cuidei e prezei pelo seu bem estar e de seus primos. Desde que perderão seus pais eu procurei assumir tanto meu papel de avô quanto o de pai, e você sabe que sempre tive um carinho a mais por você. Você chegou aqui muito menininha, e era a caçula dos três. Seus primos chegaram anos depois, já um pouco maiores, mas sempre protegi os três e zelei pelo seu conforto, então seja honesta comigo, por que você está tão diferente? –Ele questiona.

-Como assim, vovô?

-Você não conversa mais comigo, ou sua avó. E soube que nem com seu primo.

Entendi o motivo da conversa.

-Foi por isso que me chamou aqui? –Questiono, o que mais parece uma acusação. –Theo foi se lamentar dizendo que não estou mais falando com ele?

-Theo não precisou dizer nada! Estou vendo, Julieta! Você não olha nem na cara do seu primo! –Ele exclama.

-O que ele fez foi algo vergonhoso, vovô. Pensei que me apoiaria! –Falei.

-Julieta, sei que o que seu primo fez foi algo deveras imprudente, e o gesso já é, por si, um castigo para ele, já que o afastou das suas atividades. Mas eu tenho para mim, que não foi só pela simples briga que ele se meteu, o motivo de sua chateação com ele. –Vovô insinua. –Sabe que pode se abrir comigo, querida.

Respiro fundo.

-Vovô, o que o senhor acha que é? –Questiono.

-Bom, acho que foi por... –Ele hesita. –Romeu.

-Romeu? –Questiono.

-O sobrinho do Montecchio. –Vovô completa. –Senão por Marco.

Balanço a cabeça.

-Por que acha que foi por um deles, vovô? Por que não posso achar a atitude dele ruim o suficiente para sentir raiva? –Questiono.

-Você jamais ficou com raiva de Theo, deste jeito. Sempre foi tão amiga dele. Vocês três, aliás! Jamais ficaram sem se falar por algo bobo.

-Não foi algo bobo, vovô. –Digo.

Ele assente.

-Tem razão. –Ele diz. –Bom, não foi só por isso que chamei você aqui. Sua prima está vindo. Em cinco dias ela já estará aqui.

Espero o que vem mais.

-Seja agradável com ela. E peça para que Rosa seja também simpática.

-Posso ser bem receptiva com ela, mas não prometo nada por Rosa. Elas nunca se deram muito bem! –Digo.

-Eu sei. e você sempre foi a paz do grupo. Pacifique dessa vez, por favor.

Sorri.

-Farei, já que lhe agrada, vovô. –Digo.

Me retiro depois e sigo correndo na direção da cozinha. Rosa iria me esperar lá. Ela conversa sobre como anda as coisas na vinícola, com Ama. Mas interrompe a conversa quando me vê.

-E então o que ele queria? –Ela questiona.

-Perguntou sobre o por quê estou com raiva de Theo. –Digo.

-Perguntou sobre Romeu? –Ela continua a perguntar.

Ama arregala os olhos, surpresa.

-Ela sabe sobre Romeu? –Questiona Ama.

Sorrio, assim como Rosa.

-Bom, Ama, permita lhe atualizar sobre as novidades. Sim, Rosa sabe sobre Romeu e aparentemente eu e Romeu não somos os únicos apaixonados no momento. –Digo.

Ama cobre a boca surpresa.

-Não me diga que a senhorita e o senhor Ben...? –Ama pergunta.

Rimos. Rosa balança a cabeça afirmativamente.

-Minha cara Ama, é bem provável que sejam dois, em vez de um casal!

Rosa emiti um gritinho, mas procura não chamar atenção. O resto dos empregados, ainda que sejam discretos não são tão confiantes. Uma vez uma cozinheira disse exatamente como consegui um corte no joelho, ao meu avô. Fiquei chateada, então fui mais zelosa. Por tanto, a única que foi minha confidente em todos os anos, desde que eu era muito nova, foi Ama!

-Bom, precisamos conversar mais cuidadosamente sobre esse assunto. –Ama diz, animada. –Ah, minhas meninas, que eles sejam de boa índole!

-São! –Digo. –Acredite, minha cara Ama, eles são!

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Os novos Romeu e JulietaOnde histórias criam vida. Descubra agora