Julieta

1.3K 110 7
                                    


-Ama? –Chamo-a. –Quem é aquele rapaz? Você o conhece da cidade?

Aponto para Rômulo que está junto a mais dois rapazes. Lembro deles, parecem com os que atropelei ontem.

-Ah, ele é um amiguinho dos Montecchio, eu acho. –Responde Ama.

-Mas amigo não significa ser necessariamente um Montecchio, não é? –Questiono o avaliando, ele está saindo da festa.

-Eles, prima, -Rosa se aproxima. –São Montecchios. O mais magro é Ben, o mais bombadinho é Marco e o médio, que eu até acho que é o mais bonito, é Romeu.

Paro ao ouvir o nome. Ele mentiu para mim, então.

-Seu nome não é Rômulo? –Questiono.

-Sim. O primeiro. –Rosa respondeu. –Rômulo Romeu Rodrigues Montecchio.

-Um Montecchio? –Fico surpresa.

-"O" Montecchio, na minha opinião. –Rosa diz e se volta para a conversa dos meus avós, deixando apenas eu e Ama.

-Ah, Ama. –Digo. –Acho que meu coração bobeou, dessa vez.

-Do que está falando? Como assim?

-Nada Ama. Vamos voltar a festa.

Subimos a escadaria e o meu avô começa o seu pronunciamento:

-Aqui, eu apresento meus sucessores. São os novos donos da Vinícola Capuleto. –Ele ergue a taça. –Um brinde aos Capuletos.

As pessoas começam a brindar e eu brindo com Ama. Romeu já não está mais lá.

Ele disse que me ama, e eu senti a verdade em suas palavras, mas por que diabos ele não me disse que era um Montecchio?

Pensando bem eu também não disse que eu era Capuleto. Inimiga dele.

Por que penso em inimizade? Não preciso ser inimiga dele, não é? Ele pode ser passivo, como eu? Estar a favor da paz, e fora da rivalidade.

Não quero ser inimiga dele e não quero que ele seja meu inimigo. Meu coração bateu mais forte, como nunca bateu para nenhum outro, então se não for ele não será ninguém. Literalmente Romeu é o meu Romeu.

*

Voltamos para casa. Theo ainda disse que viu os Montecchios de penetra na festa, e meu avô pediu calma.

Subi e me dirigi ao meu quarto com Ama atrás de mim.

-Tem certeza que não precisa de nada? –Ela perguntou, notou que eu estava diferente.

-Um chá, talvez. –Pedi.

-Certo, irei me banhar e fazer um chá bem rapidinho pra você!

-Tudo bem.

E ela saiu.

Retirei o vestido que já não estava me deixando tão bela quanto pensei. Fui para debaixo de chuveiro.

Os pensamentos ainda não sumiram da minha cabeça.

Essa está parecendo a história de Romeu e Julieta. Mas sinto tanta dor ao pensar que se me apaixonar e me entregar a esse amor, terei o mesmo fim trágico de Julieta.

Por outro lado penso que talvez não seja amor, talvez ele já soubesse que eu sou Capuleto e esteja tentando se vingar ou me fazer algum mal por culpa do meu nome.

A água cai e desliza sobre minha pele. Jogo óleo para perfuma-la e deixo o cabelo seco.

Me enrolo na toalha e visto uma camisola.

Sigo para a sacada.

-Para quê ódio por um nome? É apenas um nome, não é? Mas se não fosse pelo nome, Romeu já seria meu.

Os novos Romeu e JulietaOnde histórias criam vida. Descubra agora