Ben veio comigo, trabalhar. As obras na nova loja estão ao fim. Estamos dentro do prédio, e falamos com o mestre de obras do local:
-Quando estará pronto? -Questiono.
-Em duas semanas já poderá funcionar! -Diz o mestre. -Estamos indo muito depressa. Falta terminar os acabamentos dos outros andares. Coisa de poucos dias, mas o salão estará pronto antes.
-Acho que se terminarem os depósitos poderemos montar a adega antes! -Diz Ben.
-Está correto! -Diz o mestre. -Do jeito que está indo, entregaremos bem antes do prazo. Podem planejar a inauguração senhores!
-Obrigada, mestre. Deixaremos que volte ao trabalho! -Digo.
-Claro, com sua licença.
Assentimos e ele volta para sua supervisão. Saímos do prédio. E caminhamos até o carro.
-Do jeito que está indo, antes mesmo de Alicia chegar está tudo pronto! -Digo.
-Um ponto a mais pros meninos!
-Não faça disso uma disputa. E seria injusto, pois ela está em desvantagem! -Digo. -Ela é nossa prima, não vamos criar confusão. E ela sempre foi muito legal com a gente!
Ligo e saímos da vaga de estacionamentos seguindo para outro local, onde faremos outro contrato.
-Marco acha que ela irá nos passar.
-Marco, claro! -Resmungo. -Você já conversou com ele?
-Já, aparentemente ele está remoendo um ódio insaciável por Theo! -Diz Ben.
-O quê?
-Isso mesmo! Ele vai querer revanche. Marco não leva desaforo pra casa!
-Mas ambos ficaram com fraturas. -Digo.
-Ele não briga pra empatar! -Diz Ben.
-Conversaremos com ele. -Digo. -E tiraremos essa ideia absurda da cabeça dele!
-Claro, primo! -Diz Ben. -Mas você deve saber por que o acompanho.
-Sei.
-Então, sei que não é Rosa. Com certeza é Julieta! -Diz ele. -Era ela a garota da festa naquele dia. Então deve ser ela mexendo com você agora! Acertei?
-Acertou!
-Caramba! Até o nome! Meu Deus! Julieta! Tinha de ser esse nome?
-Tecnicamente é Julia. Assim como eu sou Rômulo! -Digo. -Mas talvez seja destino. Ou simplesmente os nossos pais.
-É a história as repetindo. -Diz Ben. -Sabe, Romeu, eu acredito na história. Acredito de verdade nela, que ela irá se repetir e eu rezo para que não tenha o mesmo fim. Que nós possamos mudar isso.
-A começar com Theo e Marco. Ninguém morreu, será que isso não os satisfaz? -Questiono.
-De fato, primo. Como no duelo há séculos atrás. -Ben para e fica pensativo. -Tenho uma teoria. Bom, basicamente uma simples hipótese. Que toda a história seria recontada e, nós, basicamente, iríamos ser renascença do que já fomos no passado.
-Muitas pessoas estão com essa teoria. Talvez esteja certo. -Digo.
Foco meu olhar no caminho. Passamos em frente a vinícola Capuleto, já inaugurada. A frente de vidro mostrava por dentro. Vi Julia Julieta e Rosa conversando. Por Rosa não senti nada, apenas uma vaga lembrança. Quanto a Julieta, meu coração pulou do peito e correu ao seu encontro.
Estacionei o carro. Ben olha para mim:
-Você vai lá? -Ele questiona.
-Você não quer uma garrafa de vinho? -Questiono sorrindo.
Tiro o cinto e saio do carro, assim como Ben também. Olho para os dois lados antes de atravessar. Me dirijo até a porta e a empurro. Ambas ficam paradas. Sempre causamos esse efeito, já que somos Montecchios. Mas creio que esse espanto é justamente por sermos Montecchios. Não nossa aparência, o que preocupa muitas mulheres, mas nossos nomes! Somos Montecchios em um local Capuleto.
Julia toma a frente:
-Eu poderia ajudar? -Questiona ela.
Sorrio. E ela sorri, ainda envergonhada.
-Gostaria de algo forte. -Digo.
Tão forte quanto nosso amor!
-Temos uma grande diversidade de vinhos. -Ela diz rapidamente.
-Não sei se são fortes o suficientes. -A provoco.
-Acredite, são! -Ela olha firme, mas ainda sorri. Fico a encarando, enquanto ela me olha firmemente, sem desviar o olhar um segundo. Como se fosse inabalável e inatingível!
-Bom, Ben! -Diz Rosa. -Você gostaria de ver nossos novos carregamentos?
-Se não se importar! -Diz Ben.
Ben estende o braço para Rosa, que parece sorrir ao ver o gesto. Ele a acompanha pelo grande salão, em direção a muitas das prateleiras e somem rapidamente.
-Está louco? -Julia pergunta contornando a bancada. -Se o virem aqui vai dar muito problema. Tem sorte que Theo está de cama e o vovô proibiu ele de vir...
Seguro seus lábios nos meus que movimentam-se rapidamente a medida que as palavras saiam. Tão macios como me lembro, reagindo vagarosamente com os meus, pegos de surpresa.
Mordisco o seu lábio de baixo, levemente. Ela continua nosso beijo lento e explosivo...
*ESTÃO GOSTANDO? ESPERO QUE SIM!*
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Os novos Romeu e Julieta
RomanceAcerca de quinhentos anos atrás, houve a romântica história de uma moça e um rapaz. Por seu amor, ambos se entregaram a morte, e ainda reza a lenda, que foi culpa da sorte. Há quase quinhentos anos Romeu Montecchio e Julieta Capuleto, morreram por...