Julieta

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Seu sorriso branco parece que é um raio de sol a me iluminar. Continuo caminhando até sua direção, esquecendo de Rosa que me acompanha.

-Que surpresa! –Ele diz.

-Digo o mesmo. –Sorrio.

Fico o encarando por um tempo.

-Veio conversar com o padre? –Ele pergunta.

-Sim. –Digo.

-Que bom. –Ele sorri aliviado. –Eu já estava de saída. Preciso enviar alguns certos convites. Chegará muito tarde em casa?

-Não, acho que não demorarei aqui. Só vim para conversar mesmo.

-Ótimo! –Ele diz.

Ele se aproxima, me beija e se afasta.

-Até mais, esposa.

-Até mais, marido. –digo.

Ben segue Romeu, que se vai pela porta da igreja. Rosa vislumbra junto comigo a vista deles. Eles são perfeitos. Em todos os ângulos. Frente. Lado. Costas. Enfim.

-Marido? Esposa? Eca! –Ela resmunga.

-Não me irrite! –Brinco.

Me viro e o padre Lourenço surge da sacristia, ajeitando sua manta.

-Boa tarde. –Digo ao vê-lo.

-Julieta. Rosa. Que prazer em vê-las. Vieram se confessar? –Ele diz, se aproximando.

-Na verdade, vim rezar mesmo! –Rosa diz. –Pedir um favorzinho ao Senhor.

O padre assente e com um gesto, pede para que ela vá até o altar da imagem de Jesus e reze. Ela obedece e vai até lá.

Padre Lourenço volta seu olhar para mim.

-E você, Julieta? –Ele dá um sorriso amarelo. –Veio pedir também?

-Na verdade, gostaria de conversar com um velho amigo! –Respondo.

-Bom, sendo esse o caso, vamos até o jardim.

Ele estende o braço, como um lorde faria, e de fato sempre o considerei muito cavalheiro. Nos dirigimos até o jardim para conversarmos.

-Romeu e eu estamos nos estabilizando. As coisas em casa estão mais calmas, e creio que em breve tudo poderá ser mais fácil. –Digo.

-Ele tem me visitado bastante. E fala de você. Na verdade você é o único assunto que ele conhece!

Coro ao ouvir isso.

-Sobre com quê exatamente? –Questiono.

-Como está feliz com você, como vai ser feliz com você, como ele poderá ser mais feliz com você. Enfim. Isso às vezes é cansativo. Ah, minha filha, mas me dá um gosto de ver vocês dois. E pensar que passaram tantos anos sem se conhecer.

Sorrio.

-Talvez as coisas tenham que ser desse jeito mesmo. Poderíamos ter nos tornado inimigos antes. Enfim, não importa o passado.

-Ah, importa! –Ele interrompe. –O passado rodeia vocês dois. Você sabe, Julieta. Sabe que vocês vivem por culpa do passado. Por culpa daqueles dois.

Me arrepio.

-Não queria dizer, mas creio que até mesmo você sabe sobre a maldição que paira sobre suas cabeças.

Continuo a encara-lo.

-Romeu e Julieta. A maldição dos amantes desafortunados.

-Como o senhor sabe? –Questiono.

Os novos Romeu e JulietaOnde histórias criam vida. Descubra agora