Os novos Romeu e Julieta

Romeu

-Isso é impossível! Você está louco? –Meu tio esbraveja.

Acabei de dizer o que fiz: falei a Josh Paris que nós convidamos os Capuleto para a nossa inauguração.

-Mas tio. Paris está contando com isso. –Opino.

-Está louco, Romeu! –Ele se levanta da sua mesa e circula a sala. –Convidar nossos inimigos para nossa festa? Eles não nos convidaram para a sua! Isso está fora de questão, ahn, ahn, fim de papo. E eu sempre achei que você fosse o mais ajuizado dos três!

-Mas, tio, me ouça. Vocês dizem estar em época de paz, mas não demonstram. Ambos. E como nós temos como convidados, o prefeito e o seu filho, bom, seria ótimo demonstrar como estamos bem em relação a eles.

-Romeu... –Ele começa, mas eu o interrompo.

-Espera! Espera! Nós não vamos ter de dar atenção a eles. Não causará nada de mal a nós. Seria ótimo para a reconciliação de Theo e Marco. Nós queremos paz, então temos de planta-la, cultiva-la para colhermos! –Digo.

Ele hesita em negar, começa a refletir. E solta o ar contrariado.

-Você tem razão. –Ele diz por fim. –Bom, seria ótimo mesmo que nós demonstrássemos estar em paz com eles. Nossas rivalidades já dizem ter fim a anos. Mostraremos que somos superiores. –Meu tio pega o telefone e começa a digitar. –Vou ligar para ele, agora mesmo!

Fico ansioso só de pensar que ele está ligando para a cassa dos Capuleto. Para a casa de Julieta! Me contenho para não chamar sua atenção.

-Boa noite, senhor Capuleto. Gostaria de tratar de alguns assuntos. –Titio começa. –Bom, se bem sabe nossa inauguração está prevista para daqui a uma semana e meia... sim. Gostaríamos de convida-los... estamos há muitos anos mantendo uma fachada, acho que precisamos oficializar a paz... hum, eu pediria ao meu sobrinho... hoje? Eu não sei se ele poderia...

-Poderia! –Digo.

-Ahn... ele pode sim. Hoje? Está certo então. O jantar, claro! Ele irá! –Meu tio bate o telefone no gancho. –Então vá até a toca dos leões, entregue o convite e volte vivo!

Sorrio.

-Levarei Ben comigo, por precaução! –Digo.

Me levanto e saio. Corro até o quarto de bem, que já está deitado mexendo no computador.

-Se arruma. Te dou quinze minutos! –Digo.

-O quê? Pra onde?

-Vamos até a casa dos Capuleto, jantar com eles! –Digo.

Ben salta da cama em um pulo.

-Como assim? –Ele pergunta surpreso.

-Titio os convidou para a inauguração, nós levaremos os convites e jantaremos com eles!

-Certo. Quinze minutos. Acho que desço em dez!

-Estou te esperando!

Saio do quarto dele e corro pro meu. Entro e começo a tirar a roupa. Vou para debaixo do chuveiro, me lavo rapidamente. Falta cinco minutos!

Demoro dois escolhendo a roupa. Talvez três! Escovo os dentes. Penteio o cabelo e abro a porta. Ben já está vindo:

-Peguei a chave do carro!

-Peguei o documento! –Respondo.

Descemos as escadas:

-Tchau, tio! Tchau tia!

Corremos até a garagem. Ligamos o carro e saímos o mais depressa que podemos.

Jantar com Julieta. Quem diria?!