Segredos Perversos - A disputa (livro 3)

Capítulo 10

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Beijo grande ^_^

Rafaela

A Dany regressou a Nova Iorque chateada comigo por ter contado a verdade ao Lucas, mas se não o fizesse estaria a apoiar uma mentira que só o fez sofrer, e eu sei que ele nunca me esconderia algo deste calibre, algo que me fizesse sofrer tanto, e por isso não podia permitir-me fazer-lhe tal coisa. Desde então, o seu nome tornou-se quase num tabu nas minhas conversas com o Dinis, não quero continuar neste clima tão áspero no que toca ao assunto: Jonas + Dany. O único que sei é que ela fez o que fez para o proteger, mas o Dinis evita falar no assunto. Estamos bem de novo mas ao mesmo tempo há uma linha que separa certos assuntos, tal como existia quando estávamos juntos, em que ele assumia o papel de protetor e ocultava todas as informações sobre os perigos que nos rodeavam.

Mas prometi a mim mesma dar-lhe uma oportunidade. E tentarei lutar por nós... porque o amo.

Ele passa grande parte do tempo cá em casa, vários foram os pedidos para que me mudasse para sua casa, porém, ainda é demasiado cedo. Mudar-me para aquela casa significa estar pronta para enfrentar as recordações que ela traz, sei que há momentos maravilhosos mas também há fantasmas que prefiro mantê-los enterrados. Adoro aquela casa, fui muito feliz nela mas primeiro preciso de me sentir preparada para a enfrentar de novo.

- O que vai ser o jantar? – Pergunto, abraçando o Dinis por trás. Ele está em frente ao fogão a cozinhar e enverga um avental. É tão hilariante vê-lo de avental!

- A tua filha exigiu que fosse massa no forno com queijo.

- Ah! Isso também eu sei fazer.

- Isso é uma boca?! – Pergunta fingindo-se ofendido enquanto me abraça e me beija.

- Pai...- Uma voz baixa faz-se soar atrás de nós.

- Sim?

É nestes momentos que vemos como mudou a nossa vida, os momentos a sós, a liberdade total para namorar pela casa toda desaparece quando nascem os filhos. Como se diz: é preciso andar com um olho no burro e com outro no cigano. Temos de ter cuidado com as nossas brincadeiras mais íntimas e dedicar mais tempo àqueles que dependem tanto de nós.

- Ajuda-me com os trabalhos de casa.

- Eu ajudo, está bem? O pai está acabar o jantar.

São estes pequenos pedidos ou pequenos gestos, como pôr a mesa juntos, que nos fazem parecer uma família "normal". Sempre sonhei em constituir família com o Dinis mas quando pensei que isso fosse, finalmente, acontecer tudo mudou. Parece que Deus deu uns quantos abanões na Terra e tudo se deslocou. Vivemos sete anos juntos e vivemos mais sete separados. Precisámos de catorze anos para nos tornar uma família.

-O jantar já está pronto. – Avisa uns 20 minutos depois.

A Carol faz uma birra por não a deixarmos ver os desenhos animados até ao fim, mas cala-se e vai para a mesa assim que se apercebe que o seu ataque de choro não lhe dará acesso, de novo, á televisão.

- Pai, amanhã antes de nos levares á escola podes passar pela pastelaria ao pé do parque da cidade? Para irmos comprar aqueles bombos de chocolate que nos deste anteontem?

- Amanhã é impossível filho, não vou ter tempo nem de vos levar a escola, vai ter que ser a mãe a levar-vos. Eu tenho uma reunião cedo e ainda é longe daqui.